Capítulo 16 - Assuntos Inacabados

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Zack havia feito tantas vezes o percurso até Jagodsvk pelo caminho secreto entre as árvores, criado por ele mesmo para ter acesso ao sítio de escavação sem ter que passar pelo portão de entrada, que entrar pela frente agora parecia errado

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Zack havia feito tantas vezes o percurso até Jagodsvk pelo caminho secreto entre as árvores, criado por ele mesmo para ter acesso ao sítio de escavação sem ter que passar pelo portão de entrada, que entrar pela frente agora parecia errado. A mata densa em volta da casa costumava escondê-la das vistas de curiosos, mas agora podia vê-la de longe entre os raquíticos galhos escurecidos das árvores que haviam perdido completamente a folhagem.

Era uma casa relativamente grande de dois andares, construída sobre uma larga base de pedras para compensar os desníveis do terreno. As paredes estavam ainda mais escurecidas do que quando as vira pela primeira vez e as janelas de cima pareciam permanentemente fechadas, e a madeira do alpendre que ficava na parte da frente da casa estava visivelmente desgastada, completando o cenário de completo abandono.

Teve que descer da caminhonete para abrir as portinholas de madeira que delimitavam a propriedade, um velho lembrete de como o velho gostava de deixar claro o quanto preferia tê-lo do lado de fora, mas se ele tinha alguma informação que pudesse ser de ajuda para Desmond e ele, ficaria feliz em continuar ignorando sua completa falta de educação.

Ao final do trajeto, a neve estava tão acumulada na estrada que foi preciso avançar lentamente, tendo cuidado para não esbarrar em algum acidente do terreno. Tinha menos de três horas de luz do dia, e a ideia de ficar preso com Jagodsvk fez com que sua nuca se apertasse em um comichão. Não se dependesse dele.

Abriu a porta e parou, dando um último olhar ao rifle que a sra. Bichman insistira em enviar com ele antes de sair do carro, deixando-o para trás.

Os degraus de madeira que davam para a varanda rangeram sob seu peso, anunciando sua chegada, caso o ruído do motor não o tivesse feito. Bateu na porta, encarando as nuances de cor escuras e surpreendentemente bem conservadas considerando o estado do resto da casa, e estava se perguntando pela coroa de alho que costumava haver ali quando ela foi aberta pelo Jagodsvk em pessoa.

O homem o olhou de cima abaixo, com uma expressão que não parecia mais amigável do que costumava ser.

— A senhora Bichman me deu seu recado, vim o mais depressa que pude. — Disse, estendendo a mão em direção a ele.

Jagodsvk a ignorou e após um instante de silêncio, deu-lhe as costas, desaparecendo dentro da casa em um passo bastante apressado para alguém que caminhava apoiado em uma bengala. Abandonado no alpendre sem a menor das cerimônias, não viu alternativa senão segui-lo através da sala pequena sem esperar por um convite. Fechou a porta atrás de si e piscou diante da súbita escuridão. Desviou de uma pilha de livros antigos ao lado do sofá da mesma forma que o vira fazer, e seguiu ao longo do curto corredor que dava para o escritório, de onde vinha a única luz em todo o aposento.

Era um cômodo quadrado, tão atulhado entre bugigangas e móveis que parecia ainda menor do que realmente era. Havia uma robusta escrivaninha próxima a uma janela meio aberta, para onde Jagodsvk se dirigiu, ainda sem olhar para ele. Estantes cobriam as paredes e as lombadas dos livros antigos faziam com que seus dedos coçassem para tocá-los, mas o que chamou sua atenção foi a espingarda de pé contra uma cadeira, como se tivesse sido usada recentemente. E de repente pareceu má ideia ignorar os avisos da sra. Bichman.

O Príncipe BastardoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora