Capítulo 34 - O segredo da Tumba (parte III)

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- O que quer dizer com "Agora que o encontrou"? - Desmond perguntou em um tom cortante, um olhar duro em direção à Monsieur Pierrot que sorria como uma velha gárgula.

Se estivesse olhando para Zack, teria visto que ele havia ficado lívido.

- Não é meu assunto para contar. - O vampiro respondeu, afastando a cadeira onde estava sentado com um ruído desagradável da madeira sendo arrastada no assoalho. - Mas, você nunca se perguntou que tipo de mágica seu amante fez para me encontrar? - Ele afastou a taça com uma careta de desgosto, abandonando-a sobre a mesa conforme se afastava. - Céus, isso é desprezível. Sinto falta da época em que não precisávamos beber sangue frio, coalhado...

Desmond não respondeu a isso, estreitando os olhos enquanto o via desaparecer pela biblioteca, deixando ele e Zack a sós no mais profundo silêncio.

Tampouco foi necessário perguntar se Zack estava escondendo alguma coisa. Ele não era do tipo de pessoa que evitava olhar a ninguém nos olhos, mesmo diante de uma situação que fizesse corar de puro constrangimento. Pelo contrário. Zack sempre o olhava diretamente, sem máscaras ou escudos capazes de esconder a verdadeira natureza de seus pensamentos.

Naquele momento, viu-o tragar a saliva com dificuldade, enquanto fitava a mesa com intensidade. Não, não exatamente a mesa, mas o mapa onde ele e Monsieur Pierrot haviam estado trabalhando.

- Então, o que será? - Desmond perguntou.

- A verdade, eu acho. - Zack suspirou, recolhendo as mãos sobre o colo. - Eu venho adiando este momento há tanto tempo que nem mesmo pensei no que isso poderia significar para você. Desculpe-me por isso.

A resposta de Desmond foi um murmúrio de impaciência.

- Está bem, apenas... Eu preciso de um minuto. - Zack murmurou, remexendo-se na cadeira em um evidente nervosismo. Depois de longos segundos, ele recolheu os óculos que havia deixado sobre a mesa, devolvendo-o ao rosto antes de se voltar para Desmond.

- Sefic me procurou quando eu voltei a Londres. Quando você foi embora... Ele mandou que um homem... Um vampiro me procurasse e me desse um recado em nome de Mr. Housseau. - Como Desmond não esboçou nenhuma reação, Zack continuou, contando-lhe de seu percurso até o hotel e então seu encontro com o irmão mais velho de Desmond. O choque que sentira ao vê-lo e a revelação de que Sefic poderia estar por trás da prisão de Desmond naquela tumba. Desmond o interrompeu duas vezes: a primeira para lhe dizer que havia sido estupidez ir a um encontro com um vampiro a sós, e a segunda para perguntar:

- Por que ele o deixou ir embora?

Se Zack não conhecesse aquele brilho de irritação, talvez tivesse se deixado levar pelo tom enganosamente calmo. A pergunta havia sido feita em voz baixa e ele estava imóvel na cadeira, mas havia algo de violência na maneira como seus dedos se fechavam com força sobre a taça já vazia.

- Ele disse que eu deveria consertar o meu erro e devolvê-lo a tumba. Ele provavelmente esperava que eu o levasse até você - Zack disse com clareza, as palavras saindo uma a uma com dificuldade. Aquilo doeria em Desmond, e não havia nada que pudesse fazer para poupá-lo. Moveu a mão sobre a mesa, pousando-a sobre a dele com força. - Desmond, eu cometo muitos erros. Mas abrir aquele caixão não foi um deles.

A mão de Desmond estava fria, e não relaxou sobre seu toque, mas tampouco o apartou, deixando-o estar ali.

- Isso não faz sentido. Por que me manter preso? - Os olhos castanhos encararam os de Zack. Se havia algum sofrimento ali, Desmond foi cuidadoso o bastante para esconder - Séculos atrás Sefic não hesitou ao tentar me matar. Isso não faz sentido.

O Príncipe BastardoWhere stories live. Discover now