Escolhi você

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~Hanna ON~
Meus olhos não sabiam mais como se abrir. Parecia que acordar era uma coisa que eu não fazia a muito tempo. Com muito esforço, abro meus olhos cansados. Então vejo eles. Todos eles estavam lá por mim. Inclusive o amor da minha vida.
- August! - eu grito.
Ele empurra todo mundo e vem até mim. Seus olhos cheios de lágrimas, me fazem sorrir. Seus lábios sorriem junto comigo. Ele não acreditava que eu estava falando com ele e eu não acreditava que ele era real.
- Eu te amo. - eu digo. Tenho que deixar claro que eu o amo. Não posso deixar ele partir de novo sem deixar claro o que sinto.
- Eu também, Hanna. - ele disse, chorando. - Eu também. - ele me abraça. Um abraço de urso, bem apertado. Estava com saudades disso.
- Parece que ela está melhor. - o médico disse, sorridente.
Todos vem até mim. Alguns choravam não acreditando que eu acordei, outros apenas me observavam, sorridentes. O médico sai do quarto para dar um tempo para nós.
- O que aconteceu? - eu perguntei.
Todos ficaram em silêncio. Então Elena se aproximou de mim e segurou minha mão.
- Eu estava dirigindo para a praia e você estava sem cinto. Você começou a gritar e... - ela começou a chorar. Abri meus braços e ela veio até mim. Eu a abracei e ela chorou mais.
- Está tudo bem agora, Elena. Eu estou aqui.
Então definitivamente foi tudo um sonho. Nada foi real. Nada.

O médico me dá alta poucas horas depois. Vou para casa com todos eles. Eles insistem em comemorar. E quem sou eu para recusar uma boa festa? Chego em casa e acho tudo tão estranho... Espero ver Daisy vir correndo até mim mas me lembro que ela nunca existiu. Meus pais moram comigo agora e tenho que me acostumar que não estou mais nervosa com eles. Subo para meu quarto e ele está intacto, nada mudou. Tomo um banho rápido e coloco um vestido branco. Arrumo meu cabelo, agora molhado. Coloco um salto alto preto e desço as escadas. Todos me encaram e fico corada na hora.
- À vida de Hanna! - meu pai grita.
Todos comemoram fazendo um grito meio estranho. Desço as escadas e sorrio comigo mesma. Quem diria que me matar foi uma espécie de salvação. Aquela vida não era real. Essa é. E nunca vou me matar nessa vida porque essa é a melhor vida que alguém poderia desejar.
Estava tão perdida em meus pensamentos que nem percebi quando Kriss me abraçou. Devolvi o abraço e sorri.
- Me desculpa. - ela cochichou no meu ouvido.
- Pelo o quê? Você é a melhor irmã do mundo, Kriss. Nunca se esqueça disso. - eu devolvi o cochicho.
- Eu senti tanto sua falta. - ela disse, chorando.
- Eu também senti - abracei ela mais forte.
- Voltei. - ouvi uma voz um tanto familiar.
Kriss me soltou e sorriu para mim, limpando suas lágrimas. Depois virou para trás.
- Obrigada, Miles. - Kriss disse pegando a bebida das mãos dele.
- Miles?! - eu exclamei, espantada.
- Bem vinda de volta, Hanna. - Miles ignorou meu espanto.
Kriss me olhou um pouco curiosa em saber porque eu fiquei espantada mas ignorou a curiosidade e foi para festa que estava começando.
Fui pegar alguma besteira para comer e várias pessoas me cercam.
- Bem vinda de volta, Hanna! - eles dizem ao mesmo tempo.
- Obrigada Marshall, Alicia, Jessie, Chloe, Quinn, Adam, Léo e Joe. - eu digo.
Todos ficaram surpresos.
- Como você sabe quem nós somos? - Jessie perguntou.
- Longa história. - eu disse rindo.
Todos saíram de lá e disseram: "seja bem-vinda" ou "espero poder ser sua amiga (o)". Sorri e concordei.
A festa estava começando a ficar mais animada e vi Kriss conversando com Miles, Adam, Quinn, Jessie e um garoto loiro que nunca vi na vida. Meus amigos estavam bebendo mas não tanto ao ponto de perderem o controle.
- Hanna! - um chamamento familiar me faz sorrir.
Viro-me para trás e Max me abraça. Devolvo o abraço e levanto ele, fazendo ele rir.
- Senti sua falta, Hanna. - ele disse.
- Também senti, maninho. - eu disse beijando sua bochecha.
Coloquei ele no chão e vi meus pais me admirarem de longe. Meus olhos se enchem de lágrimas e vou até eles.
- Mãe! Pai! - abraço-os.
- Te amamos, minha pequena. - meu pai disse.
- Eu também. - eu disse. Nunca mais pensei que veria esse momento novamente.
Soltei eles e eles foram para a cozinha. Fiquei parada admirando todos. Amo cada um deles, mesmo que eu não fale ou demonstre com frequência.
- Eu te amo! - Elena disse, correndo até mim. - Me desculpa. - ela se desculpou em meio ao abraço.
- Você não tem o que se desculpar. - eu disse, o que fez ela me abraçar mais forte.
Ela é minha melhor amiga e me fez ficar em coma durante 6 meses. Me fez criar um mundo imaginário onde me apaixonei pelo meu melhor amigo. Mas não estou nervosa. Estou nervosa comigo mesma. Por causa de um maldito devaneio, fiz ela bater o carro. Criei um mundo imaginário para poder sobreviver com os meus problemas na vida real. Mas os meus maiores problemas, na verdade, estavam no meu sonho. O sonho que eu mesma criei. Que irônico.
Ela me soltou e sorriu para mim, em seguida se afastou.
- Todos já deram as boas vindas? - alguém disse, se aproximando de mim - Queria deixar o melhor para o final.
Dei meia volta e vi August. Ele estava diferente do meu sonho. Ele estava mais lindo, mais vivo, e mais real. Coloquei minha mão em seu rosto e me lembrei de quando ele se desfez em pó, bem na minha frente. Fechei meus olhos tentando afastar esse meu pensamento.
- Ei. - ele segurou meu queixo. - Está tudo bem. - ele disse.
- Isso pode parecer meio estranho porque... Fiquei seis meses sem te ver. - falei - Mas durante todos os dias desses meses, eu não passei um dia sequer, sem pensar em você. Eu passei por várias coisas que fizeram duvidar de mim mesma mas a única coisa, o único sentimento concreto que eu tinha, era que eu te amava. Te amei a cada segundo e não me arrependo de estar dizendo, agora, que eu te amo, August.
- Posso te dizer uma coisa? - ele perguntou.
- Claro.
- Nesses últimos seis meses, não passei um dia sequer sem dar uma passada no hospital, só para ver como você estava. Não parei de pensar em você. E não parei de me culpar um segundo sequer, por nunca ter te falado o que eu sentia. E o que eu sinto é que eu amo você, Hanna. E que agora, eu não poderia estar em outro lugar melhor que este, no mundo todo.
Beijei ele. Beijei ele confirmando todas as palavras ditas aqui hoje. Beijei ele porque eu o amo. Porque eu o escolhi. Escolhi o seu beijo, porque ele sempre vai ser o melhor e mais doce que todos os outros. O seu abraço, porque ele é o único que me conforta. Os seus olhos, que me transmitem paz. O seu jeito, ele é único, por isso se torna tão especial. As suas palavras, porque elas são as únicas que eu consigo entender e escutar. Seu cheiro, não sei por qual motivo que eu ainda não descobri, mas eu viciei nele. Escolhi o August, dentre tudo e todos nesse mundo louco. E eu não me arrependo um segundo sequer.


              AGRADECIMENTOS
Essa história foi baseada em fatos reais. Tais que minha irmã, a personagem principal, vive bem hoje em dia. Algumas coisas foram alteradas mas a maioria foi baseada no que aconteceu na vida de Hanna Lewis. E fico feliz em dizer que hoje ela está feliz. Ela tem o universo dentro de si, uma constelação na alma, e você no coração.
¡Muito obrigada!
Kriss Lewis, 2016.

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