Sentimentos

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~Hanna ON~
Me peguei escrevendo em um caderno. Basicamente só estava escrito que eu estava com saudades da Kriss. É incrível como é fácil colocar nossos sentimentos em um pedaço de papel. Estava em meu quarto quando ouço alguém bater na porta. Ignorei. Seja quem for, deve ir embora daqui a pouco. Infelizmente a pessoa foi entrando. Não me virei para trás para ver quem era.
- Eu disse que eu queria ficar sozinha. - eu disse, grossa.
- Você precisa comer. - Elena diz.
- Não estou com fome.
- Hanna, você não come a 3!
- Não vou morrer por causa disso. - pensei em Kriss. - Mas talvez ela morra... - eu disse em um sussurro. Meus olhos se encheram de água quase que imediatamente. Esfreguei minha blusa contra eles e tentei ignorar o choro.
- Hanna, você tem que se cuidar. Pense na Kriss por um instante. Quando ela voltar ela vai querer ver a Hanna, não essa pessoa deprimente que você está sendo.
Empurrei a cadeira para trás, me levantei, coloquei um belo de um sorriso falso no rosto e virei-me para Elena.
- Bem melhor. Agora venha.
Então era isso que a sociedade queria que eu fizesse? Fingir que eu estou feliz mas na verdade eu estou morrendo por dentro?
Desço as escadas e me deparo com a mesa, com o meu café da manhã favorito: salada de fruta. August estava colocando o leite condensado quando eu cheguei. Ao lado tinha um vaso com margaridas, que também era minha flor favorita.
- O que é tudo isso? - eu perguntei.
- É só o melhor café da manhã que você vai ter. Pelo ou menos durante esse mês. - disse August.
- Ãn... Obrigada? - eu disse duvidosa.
Sentei-me na cadeira que estava a minha espera. Aquela mistura de frutas era fantástica. As frutas foram cortadas com precisão. A salada de fruta estava maravilhosa.
- Obrigada mas se me permitem, eu preciso tomar um ar. - eu disse.
- Claro. - disse Elena.
Fui andando até a porta. Quando cheguei lá, eu saí correndo. Minha vontade era fugir de todos aqueles problemas. Sentei-me na guia da calçada. Fiquei olhando o céu. O sol estava fervente e não tinha nenhuma nuvem sequer. Fiquei lá por aproximadamente dez minutos quando vejo alguém se aproximar.
- Hanna?
Olho para o lado mais rápido do que pretendia.
- Will?
Ele estava usando óculos. Seus olhos e cabelos continuavam sendo sombrios como na noite que eu o conheci. A quanto tempo eu não via ele?
- O que você quer? - eu disse seca, olhando para outra direção.
- Quero te pedir desculpas.
- Desculpas aceitas. Pode ir.
- Você não quer saber o motivo?
- Não, agora pode ir.
Odiava ser fria. Queria falar com uma pessoa diferente. Ter ideias diferentes e desculpas diferentes. Se eu sentia saudade de Will? Eu sinceramente não sei. Em vês de ele ir embora, ele se senta do meu lado. Bufei. Fui um pouco mais para o lado, afastando-me.
- Sei como se sente.
- Na verdade você não sabe...
- Sei sim. - ele me interrompeu. - Você nunca se perguntou por que eu falei que minha irmã mais nova tinha morrido?
- Não...
- Ela vai morrer. Pensei que você nunca conheceria ela. Se você conhecesse ela, iria se apegar facilmente. E vai ser muito difícil deixá-la morrer tão jovem. Então falei aquilo para evitar explicações.
- Ela vai morrer? - eu disse assustada.
- Tuberculose.
- Meu Deus. - eu disse levando a mão na boca.
Percebi que ele estava se esforçando ao máximo para não chorar.
- Tome. - ele disse mudando de assunto e me entregando um dente de leão. - Dizem que quando você faz um pedido e assopra, ele se realiza.
Peguei-o. Não acreditava muito naquilo mas vale a pena tentar. Pedi para que Kriss voltasse. Que ela estivesse bem nesse exato momento. Assoprei. Vários pedacinhos da planta saíram voando por aí. Sem rumo e direção.
- Obrigada.
- Eu que agradeço.
- Pelo o que?
- Por me dar um tempo com você. - ele disse e se aproximou de mim.
August. August. August. Estou namorando o August. Era só isso que eu conseguia pensar no momento.
- Tchau, Will. - eu disse, me levantando.
- Tchau.
Fui andando para casa, me perguntando se alguém tinha visto aquela cena.
- Hanna?
Olhei para baixo e era Max. Aparentemente ele tinha acabado de acordar.
- Oi, Max.
- Onde está a Kriss?
Gelei. "Onde está Kriss?" ninguém sabe! Essa é a questão. August e Elena estavam atrás dele.
- Ela foi viajar. - menti.
- Viajar?
- Sim.
- Por que ela não chamou a gente?
- Porque ela precisava de um tempo só para ela. - eu disse com um sorriso falso no rosto.
Deixei eles lá e fui até meu quarto. Joguei-me na cama e chorei. Chorei muito. Me senti sozinha. Extremamente sozinha. Me lembrei de uma época que eu e Kriss estávamos brigadas. Mas agora? Eu a amo muito! E por amar demais eu estou sofrendo. Eu estou sozinha.

Kriss não gostaria de ver você assim.

Eu sei, subconsciente. Mas eu sinto falta dela.

Então, apenas não sinta.

Como?

Me levantei da cama e peguei todas as coisas que me lembravam a Kriss e coloquei em uma caixa. Livros, roupas, maquiagens foram colocados na caixa. Peguei a caixa e deixei no quarto dela. Logo, voltei para o meu quarto. Não adiantou muita coisa. Sentei-me na cama e fiquei olhando as pulseiras que eu tinha. Uma era que Kriss tinha me dado. Ela tinha 11 anos quando me deu. Peguei a pulseira e joguei em uma gaveta que tinha no meu quarto. Novamente voltei para minha cama e me deitei. Eu posso pegar todas as coisas que lembram ela e queimar, mas ainda assim, eu não vou esquecer dela. Das nossas brigas e lutinhas. De conversas sobre namorados e destinos. E o principal: como era bom ter uma irmã.
Acabei dormindo.
Quando eu abri os olhos eu estava no hospital e meu "outro eu" estava deitado inconsciente em uma maca. Estavam tentando me ressuscitar. Eu vi Elena, August, Will, e meus pais. Todos estavam chorando. Procurei Kriss na sala mas não achei ela. Sai de lá e fui procurar o meu prontuário. Estava escrito que eu estava em coma.
Então eu acordei.
De todos os sonhos e devaneios que eu tive, esse foi o mais assustador. Parecia tão real. As coisas estavam muito confusas na minha vida.
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Sonho ou realidade? 🌚🌚 Não sei... Obrigada pelos mais de 890 vistos!!

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