"Ressaca"

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~Hanna ON~
Acordei com uma ressaca terrível. Decidi não ir na escola. Não conseguia abrir os olhos direito porque sentia muita dor de cabeça. Não queria levantar. Apenas queria ficar na minha cama durante 24 horas completas. Mas percebi que isso não seria possível quando a campainha tocou. Não sabia quem era. Só ouvi minha mãe dizendo: "Ela está lá em cima" e "Ela não está se sentindo bem". Instantes depois, alguém bate na porta do meu quarto e dou um leve grunhido. A pessoa misteriosa entra e senta-se na ponta da minha cama.
- Quem é?!
- August.
- Ah.
Fez-se um breve silêncio.
- Ressaca?
- Ressaca.
Eu estava em um dia péssimo, e já não bastasse August no meu quarto, mais alguém entra.
- Já está melhor, querida? - disse minha mãe.
- Não. - disse entediada.
- Tem remédios no armário lá embaixo. Quer que eu traga?
- Não.
- Vou ir trabalhar e preciso que você cuide de Max.
- O quê?! - falei tão alto que aumentou minha dor de cabeça. - E a escolinha? - sentei-me na cama.
- A professora foi mandada embora - disse Max entrando no quarto.
Dei outro grunhido só de pensar em ter que levantar da cama.
- Posso ficar aqui se quiser. Minha tarde está livre. - disse August.
- Seria muita gentileza sua, August. - sorriu minha mãe que saiu porta à fora gritando um "tchau".
Ficaram os três ali. Eu, August e Max. Sem saber o que fazer. Meus planos eram não sair da minha cama naquele dia. Estava esperando August pensar em alguma ideia brilhante para todos seguirem.
- Tio Auggie, eu to com fome.
- Mas você não acabou de comer?
- Não. - Max deu um pequeno riso.
August ficou pensativo.
- Que tal fazermos Cookies? - August sugeriu.
- Cookies?! - disse eu e Max em coro.
- Cookies!
Max saiu porta à fora gritando um "Eba" bem alto e prolongado.
- O que eu posso fazer por você, querida?
- Não há nada que se possa fazer. Não precisa se preocupar. - falei, colocando minha cabeça debaixo do edredão.
Fez-se um longo silêncio. August bateu nos meus pés e disse:
- Levanta.
- O quê?!
- Levanta!
- Pra quê?!
- Você é a segunda pessoa que eu conheço que gosta mais de cookies do que tudo na vida.
Tirei a cabeça do edredão e olhei para August dando uma risada envergonhada.
- Quem é a primeira?
August sorriu de volta e apontou a cabeça para o lado de fora do quarto. Max estava gritando: "vamos tio Auggie" e "Cookieeeeees". Rimos.
August saiu do quarto e eu me levantei com muito esforço. Coloquei uma calça legue preta e uma camiseta amarela. Escovei os dentes e arrumei meu cabelo deixando ele em um coque. Coloquei um óculos de sol para aliviar a luminosidade que a casa tinha naquela tarde. Fui andando no corredor e vi que o quarto da minha irmã estava aberto. Ela estava estirada na cama ouvindo uma música bem deprimente. Isso que era música pop?
- Sai daqui, Hanna.
Fiquei assustada quando ela disse. Como ela tinha me visto?!
- Está tudo bem?
- Eu que te pergunto.
Para alguém de 16 anos ela parecia ser bem mais velha que eu. Acho que ela sabia que eu não estava com uma simples dor de cabeça... Talvez ela tivesse me ouvido entrar em casa ontem à noite.
- Eu, Max e August vamos fazer Cookies. Quer se juntar a nós? - mudei de assunto.
- Não.
- Tudo bem.
Se ela não queria ajuda eu não poderia ajudá-la. Fechei a porta devagar para não fazer muito barulho. Desci as escadas e fiquei no último degrau. Ambos estavam trabalhando, procurando alguma coisa nos armários. Fiquei observando os dois. Eu amava os dois. Meus dois homens. Meus dois amigos.
- Hanna? - disse August percebendo que eu estava em outro mundo. Ele era o único que sabia de meus devaneios.
- Oi?
- Aqui tem gotas de chocolate?
- Na prateleira de cima.
Desci o último degrau e começamos a trabalhar. Apesar da minha ressaca, August e Max conseguiram me animar.
Fizemos uma bagunça. Farinha jogada no chão, gostas de chocolates espalhadas na mesa... Finalmente terminamos de fazer os tão esperados cookies. Fui colocar no fogão. Quando voltei para a mesa, August e Max começaram uma guerra de comida. Me lembrei da última vez que fiz uma guerra de comida. Foi na casa de August. A mãe dele ficou extremamente nervosa comigo e com ele.
Revidei tacando farinha em August e ele revidou tacando leite. Eu, Max e August em uma guerra. Me perguntei quem tinha começado isso. Com certeza era August. Isso é coisa dele. Fiz um bolo de farinha com leite, amassei e taquei. Percebi que não pegou em August como minha intenção ou muito menos em Max, mas sim em quem tinha acabado de chegar ali. Gelamos por um instante pensando que seria minha mãe que tinha chegado mais cedo. A bola de farinha tinha pegado em cheio a pessoa que entrara em casa. Cheguei perto e olhei para a pessoa intacta na porta. Analisei seu corpo e depois seus cabelos. Elena! Era Elena! Ela deu um grito ensurdecedor e todos voltaram a rir novamente. Outra pessoa que adorava guerra de comida era Elena. Logo, Elena, fez outro bolinho de farinha com leite e tacou em mim. Ri e todos riram também. Ninguém ligou para a bagunça que aquela cozinha iria ficar ou para as roupas limpas que todos tinham. Apenas aproveitamos o momento.
Instantes depois, decidimos limpar a cozinha. Aquilo demorou horas. Mas estava feliz que meus amigos estavam lá presentes.
- Quem teve a ideia? - disse eu rindo.
- Ele! - disse August e Max ao mesmo tempo, um apontando para o outro.
Todos caíram na gargalhada. Finalmente terminamos de arrumar a cozinha, e os Cookies já tinham ficado prontos. Tiramos do forno e colocamos na pia para esfriar. Estava com uma cara boa. Queria devora-los imediatamente, mas sabia que tinha que esperar. Todos sentaram na mesa da cozinha já que estavam todos sujos de farinha e não podíamos sentar no sofá da sala. Analisei cada um daqueles rostos felizes em seus devidos pensamentos. Estava tão feliz com aquele momento que não pude conter o mais alegre sorriso.
- Somos Cookies! - disse eu cortando o silêncio. Todos riram. Já era no fim da tarde quando minha mãe chegou. Ela não surtou como normalmente teria feito porque percebeu que eu estava feliz. Apenas disse:
- Vocês acabaram de cozinhar, né?! - disse dando um sorriso bem engraçado.
- Sim! - disse Max - Foi incrível mamãe. Aprendi a fazer Cookies!
Sorriu ela. Um sorriso alegre e feliz. Devoramos os cookies quase que imediatamente depois que minha mãe chegou. Deixamos apenas um pra Kriss e um para papai, só porque mamãe havia pedido.
- August e Elena, podem tomar banho aqui se quiserem.
- Muito obrigada Sra. Lewis!
- Pode me chamar de Mia, Elena
- Muito obrigada, Mia - disse Elena subindo as escadas o mais rápido que podia. Ela odiava ficar suja daquele jeito perto de adultos ou responsáveis.
- E você, August, pode tomar banho no meu quarto e do meu marido. Daqui 5 minutos levo roupas novas para você.
- Muito obrigado, Mia. - disse August subindo as escadas cautelosamente.
- Querida, você pode emprestar um par de roupas limpas para Elena e pegar um par de roupas do seu pai para emprestar para August?
- Claro. - respondi.
Minha mãe sorriu. Subi as escadas e dei uma olhada para trás. Aquele sorriso não foi sincero. Logo vi que ela sentou na cadeira limpa da cozinha e se debruçou sobre a mesa chorando em um silêncio triste. Chovia dentro dela e ela escondia com um sorriso.

Escolhi um pijama confortável para Elena, porque sabia que sempre que escolhia um pijama para ela vestir, significava que ela podia dormir ali naquela noite.
- Sua roupa está em cima da cama, Elena! - falei perto do Box do banheiro.
- Okay! Já estou acabando.
Sai do meu quarto. Fui andando pelo corredor e vi que o quarto de Kriss estava trancado. Ela não tinha comido nada hoje. Talvez estivesse dormindo. Continuei andando até chegar no quarto de meus pais. Fui ao guarda-roupa de meu pai e escolhi um pijama para ele também. Meus pais não tinham nenhum problema com August, desde que ele não dormisse no mesmo quarto que eu. Deixei o pijama na cama, e sai porta à fora. Voltei porque tinha esquecido de avisar que o pijama estava lá. Fiquei na ponta da porta porque vi que August já tinha terminado o banho. Ele estava com uma toalha enrolada na cintura, e seu cabelo estava molhado. Observei ele sem que pudesse ser vista. Vi seu corpo definido. Tive vontade de toca-lo. Ele era tão lindo. Parei e comecei a pensar no que estava vendo e no que estava sentindo. Eu e August? Impossível. Estava começando a gostar de Will. Deixei esse pensamento para lá e voltei para o meu quarto, onde Elena me aguardava.
- Por que a demora?
- Fui pegar um pijama para August.
Ela me olhou com um sorriso malicioso nos lábios e dei um tapa no braço dela.
August entra no quarto.
- A roupa do meu pai deu perfeitamente em você.
- É.
Ficamos conversando sobre coisas aleatórias a noite toda até que Elena dorme, então August decide ir. Ele dorme no sofá e eu na cama, e eu fico pensando como seria estranho e ao mesmo tempo bom, ele estar comigo agora.

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