Dias contados

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~Hanna ON~
- Acordem, sonolentas! - Joe gritou batendo uma panela na outra, causando um som ensurdecedor.
Dei um grunhido, não quero acordar e fazer outra caminhada diária. De novo não.
- Vamos logo! Estamos de partida.
- Mais já? Vamos ficar mais! Por favorzinho. - Elena disse, com uma voz de bebê e com uma cara de dó.
- Outro dia a gente volta para cá, o Central Park não vai sair daqui. - ele disse, dando um selinho na Elena.
Coloquei a coberta em cima do meu rosto, tentando fingir que eu ainda estava dormindo. Infelizmente, Elena tirou a coberta de mim pouco tempo depois.
- Ei! - eu reclamei.
- Estamos de partida, pega suas coisas. - ela disse, dobrando a coberta.
- Okay.
Peguei minhas coisas, querendo sair logo daqui. Não gosto de acampar e nunca vou acampar por vontade própria, isso eu tenho certeza. Como eu não tinha trago muita coisa, eu fiquei pronta em poucos minutos.
Elena e Joe entrelaçaram seus dedos e foram andando até o carro. Joe foi para o seu e eu fui com a Elena no carro dela.
- Te vejo em casa. - Elena disse para Joe.
- Até. - ele disse.
Quando entramos no carro, Elena foi no lugar do motorista e eu fiquei do lado dela, como passageira.
- Ainda não entendi como Joe veio parar aqui.
- Nem tente entender. - ela disse, ligando o carro.
O sol do amanhecer batia em meu rosto. Meu corpo estava dolorido e cansado. Eu só quero chegar em casa e descansar na minha cama confortável e macia. Talvez eu vá ver August mais tarde, afinal, já se passaram os três dias. Elena estava animada como sempre, ouvindo uma música que eu não conhecia. A estrada estava livre o que me deixou feliz. Até eu me lembrar que temos horas de viajem pela frente. Como eu ainda estava com sono, acabei dormindo.
                                    *
- Hanna! - Elena me chamou - Acorda! Olha!
Assustada, eu acordei em um pulo. Olhei para direção que o dedo de Elena estava apontando e vi o céu. As nuvens estavam tapando o sol. Não sei como isso é possível, mas o céu e as nuvens estavam com uma coloração roxa e laranja. Aquilo era incrível. Fiquei maravilhada com a cor formada no céu. Olhei para Elena que me deu uma piscadela. Voltei a olhar o céu. Poderia ficar olhando para ele por horas.
- Sai da frente! Sabe dirigir não?! - Elena gritou para o carro, mesmo sabendo que ninguém a ouviria.
- Quanto tempo falta? - eu perguntei.
- Temos exatos 3 horas e 42 minutos de estrada pela frente, de acordo com meu gps.
Dei um grunhido. Se eu estava cansada, imagina Elena que não parou de dirigir em nenhum momento.
- Vamos conversar. Não gosto de dirigir sozinha.
Você não está sozinha, eu estou aqui. Esse é meu primeiro pensamento que eu tenho como resposta mas ela não quis dizer nesse sentido. Ela quer alguém para conversar. Quer uma companhia na estrada.
- Então vamos conversar. - eu disse, me ajeitando no banco.
- Como vai a sua vida? - ela perguntou, realmente interessada em saber.
- Normal. - eu falei - Eu acho... - cochichei para mim.
- Algo em especial que quer falar?
- Só quero deixar claro que nunca mais vou acampar.
- Você não gostou?
- Elena, eu odeio acampar. - seus olhos ficaram sombrios e tristes - Me desculpa mas eu odeio isso.
- Tudo bem.
- Mas eu adorei a gente ter ido para o parque de diversões. - eu disse, dando um tapinha em seu ombro. Ela riu.
- E como vai o August? - ela perguntou, me olhando no canto do olho com um sorriso malicioso.
- Vai bem, eu não vejo ele a três dias.
- Desde a formatura?
- Não, ele foi na minha casa no dia que a gente foi acampar. Ele disse que era pra eu ficar sem ver ele durante três dias.
- Por que? - Elena perguntou.
- Eu não sei.
- Ele foi na minha casa no mesmo dia. Ele disse que ia viajar, também durante três dias. Ele estava estranho.
- Estranho como? - eu perguntei.
- Eu não sei. Ele parecia... - ela pensou bem na palavra antes de dizê-la - Triste?
- Triste?
- Sim, eu não sei dizer. Tinha algo diferente em seu olhar e em seu sorriso. Ele estava escondendo alguma coisa e sua tristeza era muito perceptível.
- Estranho. - eu disse.
Elena ficou quieta e, ao mesmo tempo, pensativa. Ela olhou para mim e seu rosto ficou branco na hora. Ela estava pálida. Muito pálida.
- O que foi? - eu perguntei.
- Acho que está acontecendo alguma coisa com ele. - ela falou, olhando para estrada.
- Que coisa? - eu perguntei, tentando olhar em seus olhos mas ela não os tirou da estrada.
Então ela olhou para mim. Seu rosto estava pálido e ela suava. Seus olhos estavam cansados e tristes. "Está acontecendo alguma coisa com ele". Analisando toda a situação e o olhar de Elena, ela deve achar que August...
- Elena, dirige! - eu disse, olhando para a estrada.
Ela pisou mais o pé no acelerador e o carro foi mais rápido. Ela nem ligou para as multas que poderia tomar. Ela passou faróis vermelhos, ela está à cima do limite de velocidade e estava sem cinto. O nosso destino que normalmente demoraria 3 horas, levou apenas uma hora.
De volta para minha cidade. Sem movimentação ou qualquer coisa que mostre que tinha alguém vivendo ali. Parecia uma cidade deserta. Um vazio tomou conta de mim e dos meus sentimentos. Meu estômago girava cada vez que chegávamos mais perto da casa de August.
Ele está bem, falo para mim mesma.
Todos os nossos momentos passaram-se na minha cabeça. Nossa história de amor. Fiquei enchendo minha cabeça de expectativas e dizendo para mim mesma que iríamos nos casar, ter filhos e morar em uma casinha em Londres.
- Alô? - Elena diz, atendendo seu celular.
- Por que vocês dirigiram tão rápido?
- Me encontra na casa do August.
- Eu estou atrás de vocês.
Olhei para trás e vi Joe em seu carro. Ele estava acenando para nós mas eu o ignorei. Elena fez o mesmo, desligando o seu celular. Viramos a esquina e finalmente chegamos no nosso destino: a casa do August. Não pensei duas vezes e pulei do carro de Elena. Fui correndo para a casa. A porta estava entreaberta e empurrei esta de leve, causando um ruído de porta velha. A mãe de August estava chorando no sofá. Fui andando em sua direção, em duvida se eu deveria perguntar a ela o que aconteceu. Vendo a intrusa que entrara na sua casa chegando perto dela, Margo, a mãe de August; fez um movimento para que eu chegasse mais perto.

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