Apenas viva

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~Hanna ON~
13 dias. A ansiedade estava me matando. Quarta-feira. Decidi ficar em casa. Só acordei para levar Kriss para escola. Ela ainda estava me ignorando. Quando deixei Kriss na escola, vi ela andando com Quinn e Jessie. Acho que elas são melhores amigas, agora.
Voltei para casa e fiquei pensando seriamente sobre meu futuro. Se alguém perguntasse para mim, agora, o que eu quero estar fazendo daqui dez anos, eu responderia: quero estar no Canadá, estudando os astros e quero estar noiva do August. Mas muitas coisas podem acontecer até lá. E até esses "13 dias" passarem, eu não vou estar bem. Porque esses "13 dias" soam como um aviso de morte ou algo do tipo. As aulas acabam e eu ligo para Elena. Preciso conversar com ela. Ligo e ela não atende. Chama mais de 10 vezes e Elena não atende. Quando eu já estava desistindo, eu ligo de volta e ela atende no 4º toque.
- Alô? - ela diz.
- Eu estou te ligando a sei lá quanto tempo! Espero que você esteja fazendo algo importante.
- Sim, Hanna. Eu estava aproveitando meus raros momentos com o meu namorado. - ela disse.
Fiquei sem graça. Atrapalhei Elena e Joe.
- Foi mal. Tchau. - quando eu ia desligar ela berra no telefone:
- Espera! Ele não está mais aqui. Seja o que for que você tem a me dizer... Espero que seja muitíssimo importante. Tipo um caso de vida ou morte.
- Me encontra no Starbucks daqui meia hora.
Encerrei a chamada e fui correndo até meu quarto. Coloquei um macacão e calcei um salto alto preto. Peguei minha bolsa e guardei o bilhete: "Você tem 15 dias. -C". Entrei no meu carro e fui direto para o Starbucks. Eu sabia que eu estava muito adiantada mas eu precisava falar com ela urgentemente. Chegando lá eu pedi um Choco Chip Frappuccino. Sentei em um lugar onde só dava para sentar duas pessoas e ficava perto de uma enorme janela. Gostava de sentar perto da janela porque tinha uma vista linda da cidade. Dava para ver o hospital e o Subway, do outro lado da rua. E tinha uma árvore. Uma velha árvore que sempre estava lá. Ela estava lá desde que eu tinha 5 anos de idade. Me lembro que eu coloquei a inicial do meu nome nela. Foi lá, também, que eu dei meu primeiro beijo. Eu tinha 11 anos. Foi com um garoto chamado Nicholas. Eu costumava chamá-lo de Nick. Me lembro que, no dia, ele tinha me falado que tinha algo muito importante para me dizer. Saímos da escola e fomos andando até a árvore. Ele disse que ia se mudar para a Rússia. Então, no calor do momento, ele me beijou. Eu gostava dele mas nunca mais o vi.
Meu Frappuccino chegou no mesmo momento que Elena entrou no Starbucks. Ela estava usando seu óculos que só usava para ler. Ela disse que nunca usaria ele na rua porque ela achava que ficava feia com ele. Mas a verdade é que ela estava linda. Ela me localizou e se sentou na minha frente.
- Você está linda de óculos. - eu disse.
- O que? - ela colocou a mão sob os óculos e tirou ele bem depressa.
- Você estava linda! Por que tirou? - eu perguntei.
Ela me olhou com cara de tédio e disse:
- Você sabe o porquê.
Ela faz o pedido dela e eu começo a falar.
- Elena, eu estou tendo uns sonhos e devaneios muito estranhos ultimamente.
- Está?
- Sim. Os devaneios são coisas parecida com morte.
Ela arregalou os olhos quando eu disse aquilo.
- Morte?
- Morte. Só que o mais estranho...
- Tem coisa mais estranha do que isso?! - ela disse.
- São uns sonhos que eu estou tendo. Eu durmo e eu sempre acordo no hospital. Eu estou em uma cadeira. No sonho, meu "outro eu" está em coma.
- A quanto tempo, você está em coma?
- 5 meses.
Ela colocou a mão sob o queixo e ficou pensativa.
- Talvez esses sonhos são algum sinal. Algo que querem te avisar aqui na vida real.
- E mais uma coisa. Você pode chamar de coincidência mas tinha um bilhete dentro do meu armário - eu disse passando o bilhete para ela - no meu sonho, disse que eu tinha 15 dias. Porque eles vão "desligar as máquinas"
- C? Quem te mandou essa carta?
- Eu não faço ideia.
- Isso é assustador. Parece que se você morrer na vida real, você vai viver no sonho.
- E quem garante que isso aqui não seja um sonho? E se esses 5 meses que se passaram não passaram de um sonho que minha mente inventou, quando eu estava em coma?
- Mas por que motivo você estaria em coma?
Sinceramente? Eu não sei.
- O que eu estava fazendo a 5 meses atrás? - eu perguntei.
- Você conheceu o Will a 5 meses atrás, não foi? - ela disse.
- Sim.
Foi aí que eu cai na real. Tudo fazia sentido!
- A 5 meses atrás eu e você estávamos indo para casa da praia! Quando eu conheci o Joe.
- Sim... Mas isso não faz sentido algum.
- Claro que faz! Eu tive um devaneio que você bateu o carro e morreu. Talvez a gente tenha realmente batido o carro. Você me disse que íamos para o hospital depois mas nunca fomos. E eu nunca mais tive devaneios... Até agora. - pensei um pouco - Isso explica porque eu estava com arranhões em todo meu rosto.
- Espera aí. - ela disse - Isso é loucura! Não pode ser possível. Então isso aqui - ela girou o dedo indicador em 360° - não é real? Nada aqui é real?!
- Eu não sei. Mas minha teoria é boa...
- É. Até que faz bastante sentido. - ficamos em silêncio. - Você viu mais alguma coisa nesses sonhos?
- Eu vi minha mãe, você, e Marshall.
- Marshall? Mas ele nem te conhecia...
- Eu sei - interrompi. - Ele disse que queria me conhecer e que tinha fé. Ele tocou uma música para mim que August criou.
Ela sorriu. Ela ia fazer a pergunta. Sabia que ia fazer.
- E eu ainda estava... Com... A... Minha perna? - ela disse bem rápido o "minha perna".
- Sim. - eu disse.
Ela sorriu e eu vi seus olhos se encherem de lágrimas.
- Acho que todos nós temos sonhos. Uma vida que realmente queremos ter. Inventamos nosso próprio mundo para se refugiar da vida real.
- Faz sentido. Faz muito sentido. Você tem quantos dias?
- 13.
- Então aproveita. Aproveita bastante. Se isso tudo for um sonho, você tem que acordar e sentir que viveu cada instante. Não perca seu tempo procurando respostas. Apenas viva!
- Obrigada. - eu disse.
Paguei o meu pedido e saí do Starbucks sem ao menos terminar meu Frappuccino. Tomei uma decisão que eu jamais achei que eu tomaria. Pintar meu cabelo. Fui para o cabeleireiro e saí de lá com um bom resultado. Pintei meu cabelo de cinza.
Voltei para casa depois de muito tempo já que eu estava sem pressa. Quando eu cheguei lá fiquei um tanto triste e um tanto feliz. Vi August dormindo na porta de casa, segurando um buquê de flores. Cheguei perto dele e dei-lhe um beijo na boca. Ele acordou meio assustado e me afastou dele.
- Eu tenho namorada. - ele disse, limpando a boca por causa do batom que eu usava.
- Eu também. E ele está bem na minha frente. - eu disse. Ele me olhou e ficou de pé.
- Uau. - foi a única coisa que ele conseguiu dizer antes de me beijar. - Eu tenho a melhor namorada do mundo! - ele disse, feliz.
- Eu quero aproveitar essas duas semanas com você. Cada instante. Não quero perder nenhum segundo.
Ele sorriu e me entregou o buquê.
- São para você.
- Muito obrigada.
- Não há de quê.
Entramos em casa e fomos direto para meu quarto. Chegando lá ele sentou-se na cama junto a mim. Não dissemos nada um ao outro durante um bom tempo. Então ele olhou fixamente em meus olhos e me beijou. No início um beijo doce mas depois começou a virar beijos quentes. Deitamos na cama e ele me beijou mais e mais. Seu beijos passaram para meu pescoço. Meu ponto fraco. Tirei sua camiseta com muito esforço. Quando ele ia voltar a beijar minha boca nós ouvimos alguém entrar em casa.
Kriss.
- Merda. - eu disse, rindo. - Toma - joguei a camiseta para ele - Veste! Rápido.
Ficamos de pé e saímos bem rapidamente do quarto. Vi Kriss na cozinha com Quinn e Jessie.
- Boa noite, meninas. - eu disse, na ponta da escada.
As três olharam para mim e foram direto para o quarto de Kriss. Então as três estavam me ignorando. Ótimo.
- O que foi isso? - August perguntou.
- Kriss está me ignorando porque eu expulsei meus pais de casa. Como Quinn e Jessie são amigas dela... Acho que tem três meninas falando mal de mim nesse exato momento.
- Entendi. - ele disse.
- Amanhã a gente podia sair para algum lugar. - eu disse.
- Amanhã não vai dar.
- Por que?
- A minha prima vem para cá amanhã. Ela mora muito longe. Eu tenho que ficar com ela, pelo menos, um dia.
- Entendo.
- Tchau, querida.
- Tchau. - ele me deu um beijo na testa e saiu porta à fora.
Ele nunca me falou que tinha uma prima. Fiquei desconfiada. Seja o que for que ele vai fazer amanhã, ele não quer que eu fique por perto. Fui para meu quarto e dormi.

Quando eu abri meus olhos, novamente estava na cadeira e meu "outro eu" estava internada. Vi que eu estava segurando um pedaço de papel. "Você tem 13 dias". Já sei!
Quem estava falando comigo era Kriss.
- Você está prestes a morrer... Tanta coisa que não fizemos juntas por causa de uma briga idiota. Eu nem me lembro mais o motivo. - ela estava com olheiras profundas. Parecia mais velha do que é. Me lembrei que não tínhamos ficado próximas. Tecnicamente no meu "sonho" eu nem estava falando com Kriss. - Queria que você me ajudasse a fazer compras ou me desse dicas amorosas... - ela olhou para baixo - O que foi que eu fiz?! - ela começou a chorar - É tudo culpa minha. - me levantei e fiquei de pé no seu lado. Coloquei minha mão em seu ombro. Não sabia se ela podia me sentir ou não mas mesmo assim eu coloquei. - Eu sinto muito.
Ela se levantou e foi correndo fora do quarto. Segui ela. Ela foi até a área de espera e Elena, August, meus pais e Miles estavam lá. Quando Kriss viu Miles ela parou de correr e foi em sua direção. Ele se levantou.
- O que você está fazendo aqui? - ela perguntou.
- Vim ver se você está bem. - ele respondeu. Miles limpou a bochecha de Kriss que estava cheia de lágrimas e deu-lhe um abraço.
Fui ver os outros. Minha mãe dormia nos braços de meu pai que estava tomando café. Ele nunca toma café. Ele diz que só vai tomar café quando realmente precisar ficar acordado. Elena estava com as mãos na cabeça e estava chorando.
- É tudo minha culpa. - ela disse.
- Foi um acidente. Não é sua culpa. - August disse. Ele estava de pé, andando de um lado para o outro.
Eu precisava acordar. De alguma maneira.

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