Somos tão crianças

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~Hanna ON~
Estava dormindo tranquilamente na minha cama quando o telefone toca. Dou um grunhido. Tiro a coberta de cima de mim e me levanto com muita dificuldade. Vou me arrastando pelo chão até chegar no telefone.
- Alô? - eu disse com uma voz sonolenta. Dou um susto quando vejo que são 9 horas da manhã.
- Hanna?
- É ela. Quem fala?
- É o August.
- Oi. Aconteceu alguma coisa? - eu perguntei, esfregando meu olho. August raramente me ligava de manhã.
- Não, eu só queria ouvir sua voz.
- Te amo. - eu disse.
- Eu também te amo. - fez-se um breve silêncio
A campainha toca.
- Já volto. Tem alguém na porta. - eu digo.
O que está acontecendo hoje? Ligações cedo e visitas na minha casa às 9 horas da manhã! Saio do meu quarto, desço as escadas e vou até a porta. Daisy aparece atrás de mim, abanando seu rabo e me olhando com sua carinha fofa. Dou ração para ela e volto para a porta. Abro-a.
- August? - eu falo, espantada.
- Quem mais poderia ser? - ele diz, com um sorriso.
Ele estava com uma calça jeans preta e uma camiseta branca. Estava usando o óculos que raramente usava. Ele estava cheirando a hospital e não aparentava estar cansado. Estava tão vidrada em seu corpo que nem percebi como eu estava. Estava com uma pantufa de patas de dinossauros e um pijama com várias ovelhas. Sem contar que minha cara estava péssima. Eu nem tinha escovado meus dentes ainda!
- Você acabou de acordar? - ele perguntou.
- Está tão nítido assim? - eu perguntei.
- Não, é que você está linda. Amo sua carinha de sono.
Sorri.
- Quer entrar? - eu perguntei.
- Não, eu já estou de saída.
Estranho. Para aonde ele vai?
- Fiquei sabendo que Joe e Elena foram rei e rainha do baile de ontem. - ele disse, interrompendo meus pensamentos.
- É. Ela estava linda. - eu disse. Na verdade ela não estava linda, ela estava maravilhosa. Estava usando um vestido vermelho e seu cabelo, como sempre, estava solto. Eu senti um pouco de inveja... - Me desculpe não ter acordado do seu lado hoje. Tive que voltar para casa porque Kriss estava me ligando. Ela tinha marcado de jantarmos em algum lugar. Mas no fim não fomos a lugar algum. Estava tudo fechado.
- Tudo bem. - ele disse. Ele parecia estar com a cabeça em outro lugar. - Hanna?
- Fala.
- Você me ama?
- Amo! Eu te amo muito! - eu disse.
- Então, me prova.
- O que você quer que eu faça?
- Fica três dias sem me ver. Nada de contato visual, mensagens ou ligações. - ele disse, sério.
- Três dias?! - eu perguntei, triste. - Mas por quê?
- É uma forma de eu saber se você me ama de verdade.
Olhei para ele com os olhos semicerrados. August está muito estranho. Ele nunca pediu uma coisa dessas para mim. Nunca.
- Tudo bem. Eu faço isso...
Antes de eu terminar a frase por completo, August me beija. Isso é estranho mas esse beijo soava como se fosse o último. Soava como um adeus.
Deixei essa sensação de lado e continuei a beija-lo.
- Querida, eu te amo. - ele disse, depois que nossos lábios se separaram. - Promete que nunca vai se esquecer disso.
- Eu prometo. - eu disse sem pensar duas vezes.
August me olha com um sorriso triste, e em seguida, se afasta de mim, andando até seu carro. Do meu ponto de vista, ele estava muito magro. Mais magro do que o normal. O que está acontecendo comigo?! Eu só posso estar delirando. Deve ser o sono.
Fecho a porta, subo as escadas, coloco o telefone no gancho e volto a dormir.
~Elena ON~
Dou comida para o Nemo, meu peixinho dourado, e em seguida dou para Mufin, minha gata.
- Mãe! Pai! Já estou de saída! - eu disse, andando até a porta.
- Mais já? - minha mãe disse.
- Você vai para onde mesmo? - meu pai disse.
Fui andando até eles e expliquei tudo de novo, com paciência.
- Eu vou fazer uma viagem. Lembra que vocês me prometeram que depois que eu me formasse, eu podia viajar com minhas amigas? - eu disse entusiasmada.
- Ah, sim. - minha mãe disse. Ela não estava focando muito a atenção em mim. Estava focando atenção na minha nova irmã. Ela é adotada, tem 3 anos de idade e se chama Paola.
- Mas quem vai? - meu pai pergunta, tomando um gole do seu café.
- A Hanna. - falei rapidamente. A verdade é que eu não tinha falado com ela ainda. Eu ia falar na hora. Sabia que a Hanna ia topar. Afinal, ela não tem nada de melhor para fazer.
- Bom divertimento, linda. - meu pai disse, se levantando e dando um beijo em minha testa.
- Tchau, Lena. - minha mãe disse. Ela sempre me chamava assim.
Dou um beijo na bochecha de Paola e, em seguida, dou meia volta e vou caminhando até a porta, toda sorridente. Não acredito que isso está acontecendo. Me formei, fui rainha do baile e agora vou viajar. Estou muito feliz. Abro a porta e vejo August. Ele ia tocar a campainha. Quando ele ia começar a falar eu o interrompo, levantando minha mão. Fecho a porta e vou andando até a calçada com ele.
- Bom dia, sumido. - eu disse, dando uma cotovelada em seu braço.
- Bom dia, rainha do baile. - ele diz, dando um sorriso forçado.
- O que aconteceu? - eu perguntei.
- Nada. Só vim aqui dar tchau.
- Tchau? Para onde você vai?
- Eu vou fazer uma viajem. Vão durar três dias.
- E para onde você vai? - eu perguntei.
- Não me decidi ainda.
Não se decidiu ainda. Isso está muito estranho...
- Mas para onde você vai? - ele diz, querendo mudar de assunto.
- Vou viajar.
- Sozinha?
- Vou ver se a Hanna quer ir comigo.
- Vão viajar por quanto tempo?
- Interrogatório agora? - eu disse - Tenho 19 anos, sou mais velha que você. Sou eu quem faço as perguntas.
Ele riu.
- Você está bem? - eu perguntei, colocando minha mão sobre seu rosto. Ele estava frio.
- Eu estou bem. - ele disse, dando um sorriso forçado, de novo.
Parece que eu não posso saber. August nunca mentiu tanto em toda a sua vida. Tirei minha mão de seu rosto e fui andando até meu carro, com raiva.
- Elena? - ele disse. - Ei, espera! - ele segurou meu braço. Parei. - O que foi?
- O que eu não posso saber? - perguntei.
- Elena, - ele colocou as duas mãos em minhas bochechas, espremendo-as - eu estou bem. Não se preocupa comigo. Vá viajar. Aproveite a viajem. Te amo. - ele disse me dando um abraço. Estava nervosa mas me deixei levar. O abraço dele era muito bom. Minha raiva tinha sumido tão rapidamente quanto tinha aparecido.
- Também te amo, quatro olhos. - eu disse, quando ele me soltou do abraço.
Ele deu um sorriso triste e eu fui entrando no carro. Não posso força-lo a falar algo que ele não quer. Seja o que for, a verdade vai aparecer em algum momento. Dou um último tchau para August e coloco o pé no acelerador. Vou direto para casa de Hanna. Eram aproximadamente 10 horas da manhã, e o sol estava nascendo. O frio estava indo embora e o calor estava dominando o dia. Minha mochila de viagem estava super lotada. Coloquei minha mochila no banco de trás. Estava muito pesada.
Chego na casa de Hanna em poucos minutos. A casa silenciosa é interrompida por sons de latidos assim que eu buzino. Saio do carro e vou até a casa, sabendo que Hanna não vai acordar. Toco a campainha.
- Oi. - Kriss diz nem um pouco surpresa com a minha chegada.
- A Hanna está? - eu pergunto.
- Ela está dormindo. Se você quiser, você pode entrar para acorda-la.
- Obrigada. - eu disse, entrando na casa.
Kriss vai até a bancada e se senta na cadeira. O sol batia em seus cabelos escuros e em sua cara de sono. Ela estava focada em um pedaço de papel e uma caneta. Estava fazendo movimentos suaves com este, escrevendo no papel. Às vezes, ela fazia curtas pausas para tomar um pouco do líquido que tinha no copo em sua frente. Daisy dormia do lado de sua tigela de comida. Paro de olhar para elas e vou andando até chegar no quarto de Hanna. Abro a porta com tudo e, em seguida, abro as cortinas.
- Bom dia! - eu cantarolo.
Hanna dá um grunhido, colocando a coberta em seu rosto.
- Bom dia! - eu digo.
Nada.
- Bom dia! - eu grito, tirando a coberta de cima dela.
- Qual é o seu problema? - ela resmunga.
- Arruma suas coisas. Vamos viajar! - eu disse, animada.

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