O Clube dos Ingleses era um local de classe média, portanto um ambiente onde nos sentíamos à vontade. Passamos então a observar as frequentadoras em busca de algo mais caliente para aquele sabadão. Já há muitos anos, Fredão e eu formávamos uma dupla de boêmios. Desde a adolescência éramos companheiros de paqueras. Tínhamos uma coleção de histórias engraçadas, algumas bem sucedidas, outras nem tanto. Para dizer a verdade algumas foram péssimamente sucedidas e viraram assunto para o resto de nossas vidas.
Nossas regras eram preestabelecidas e conhecidas, pois após inúmeros fracassos e sucessos em se tratando de conquistar uma mulher para uma boa curtição, acabamos por criar ações codificadas para facilitar a missão, mesmo que um de nós fosse para o sacrifício. A musica rolava solta na pista de dança. Uma novidade da época era o telão com a imagem do vídeo clipe. Lá estava, David Lee Roth o vocalista do Van Halen como hit do momento, Jump. Fomos até o bar e pedimos um drinque cada. Já de cara, fitamos duas garotas que estavam juntas por ali. Uma era morena e a outra, loira. Ficamos meio que encarando as duas e troquei umas palavras com o Fredão.
- "Olha Fred. O que você acha?".
Ele respondeu. – "Gostei e elas estão encarando.".
É claro que nossos comentários estavam carregados de surpresa e satisfação, afinal, mal havíamos chegado e já havia uma grande possibilidade de algo interessante acontecer.
Então, eu falei para o Fredão que iria na morena que me encarava, e ele na loira. Ele concordou e apenas reconfirmamos a tática de abordagem, ou seja, ninguém embaça ninguém e se uma das duas ficar fazendo doce, o plano é separá-las e quem der sorte deu. Combinamos de nos encontrar às quatro horas da manhã na Avenida Ana Costa com a praia, pois era um lugar central e de fácil acesso.
Partimos para o "ataque". Feitas as apresentações, convidamos as meninas para dançar e daí pra frente já estávamos enrolados. Uma hora depois convidei a morena, que se chamava Magda, para irmos para a área da piscina. Antes, porém, passamos pelo bar e pedimos algo para beber. A essa altura já havíamos nos beijado na pista de dança. Começamos a bater papo, e então a convidei para sairmos de la. A idéia era dar uma volta de carro pela avenida da praia, programa muito usado na época, pois ali se concentravam os famosos "malhódromos". O convite foi aceito. Magda apenas procurou a amiga para se despedir. Deixamos Fred e Sandra, acho que esse era o nome dela, e fomos para a praia.
Logo encontrei um bom local, entrei com o carro na areia da praia na área do José Menino e ficamos no carro naquela pegação, naquele clima de quero mais, de que está gostoso. Só que transar ali, não era muito indicado e então ficamos só nos amassos mesmo. Quando as coisas estavam quase ficando fora do controle, nos lembrávamos que estávamos em área pública e dávamos uma acalmada. Nesses intervalos, íamos conversando sobre amenidades, cada um falando um pouco de si.
Foi em uma dessas conversas que contei para a Magda sobre os flashes, pois acabara de ver mais um e ela percebeu que mudei de feição. Ela, ao saber que eu não enxergava do olho esquerdo, comentou que a irmã dela era casada com um cara totalmente cego e que ele estava prestes a se formar em Medicina. Conversa vai, conversa vem, acabei lembrando que durante o período em que fiz cursinho no Objetivo da Conselheiro Nébias, sempre via um cara bem alto e que era cego. Esse cara estava sempre acompanhado por outro cara também alto e eles faziam cursinho também, só que na outra unidade que ficava do outro lado da avenida. Magda então, disse que era o próprio cunhado que estudou lá mesmo e que o outro rapaz era o irmão dele.
Comentei com ela que eu iria fazer um exame em São Paulo na terça-feira, pois estava muito preocupado com esse sintoma diferente na visão. Nessa hora a conversa ficou mais séria e todo aquele tesão deu lugar a uma conversa madura e o tempo foi passando, e passando. Já bem dentro da madrugada rolou uma fome basica e resolvemos procurar um lugar para fazermos um lanche. Estávamos o tempo todo nos abraçando, trocando caricias e assim foi passando a noite.
KAMU SEDANG MEMBACA
Fidel com a dele e eu com a minha.
NonfiksiUma Historia Real, passada nos anos 1980. Imagine, perder a visão aos 22 anos e ficar condenado a cegueira eterna. O que você faria? No cenário, as lindas praias de Guarujá e Miami, apimentadas com um pouquinho de Guerra Fria. Um jovem estudante de...
A DESPEDIDA
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