Anne

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Ficamos um bom tempo dentro do carro e conversamos sobre as notícias na tv,cantores recentes,festas e coisas de escola. Nada muito importante,mas mesmo assim foi divertido.
Henrique parecia entender o que estava acontecendo. Em um dos momentos Sara pediu pra trocar de lugar com ele,que aceitou sem problema.
Ao trocar ela me olhou nervosa e sussurrou em meu ouvido:
-Ele me pediu em namoro.
-Ai meu Deus Sara - sorrio - Que bom,já estava na hora.
Então ela começou a me contar com detalhes tudo o que tinha acontecido, infelizmente com detalhes demais,mas para minha sorte Rafa a interrompeu no meio de seus detalhes sórdidos.
-Anne,é nessa rua. - ele apontou para uma rua cheia de casas bonitas em uma área arborizada.
Sara me encarou.
-Qual será?
Tento lembrar o que minha mãe disse na ligação.
-Humm,acho que é número vinte e quatro ou vinte e oito.
Rafa dirige mais devagar e para no meio da rua.
-Anne,qual das duas você acha que é? - fala Rick soltando o cinto.
-Não sei,preciso ver mais de perto.
Abro a porta do carro e vejo Sara me seguir enquanto Rafa estaciona. Ando e paro na frente da casa vinte e quatro. Era bonita, tinha um portão alto mas que deixava ver bem o gramado com caminhos de pedras.
-Uau,queria eu morar em uma casa assim.
A fito com os olhos.
-Digo o mesmo.
Rick chega correndo e abraça Sara por trás. Eles formavam um casal fofo,mas eu não tinha tempo para isso.
Ando com os olhos presos no asfalto rachado até parar no portão da casa vinte e oito. Meu coração acelera como nunca antes,era essa a casa,por mais que eu nunca tivesse estado lá,podia sentir que estava certa.
Rafa para do meu lado.
-É essa?
-É. - falo tentando esconder meu nervosismo.
Sara e Rick param na minha frente e formamos uma pequena rodinha. Naquele momento mais nada importava:  as lágrimas,as dores,os medos ou a raiva. Todos pareciam sentimentos tolos. Lá no fundo eu ainda estava brava com eles, mas do que adiantava? Eu estava amando estar ali e talvez pelas coisas terem saído do lugar que tudo estava encontrando seu real espaço. Como se uma criança colocasse um triângulo no lugar do círculo e por costume aquilo pareceu certo,mas agora o triângulo foi tirado de lá e encontrou onde realmente deveria estar.
-O que você está esperando? - Rick falou mexendo em meu braço, me despertando dos devaneios.
-Não sei - falo sem graça.
-Então vai - ele sorri.
Olho bem para a casa,era parecida com a outra,a diferença era um canto com flores. Minha mãe amava flores.
-Acho que não consigo. - ando em direção do carro e meu estômago se revira.
-Anne,olha para trás! - grita Sara.
Rafa estava tocando a campainha e minha mãe abriu a porta. Minhas pernas tremeram e eu voltei devagar para a frente da casa. Os olhos dela fixaram nos meus,ela era tão bonita quanto eu lembrava. Após abrir o portão correu até mim.
Meus olhos se fecham. Quando os abro estou com sono e no meu quarto. O tempo passa devagar.
6h10..6h25..6h40..
Eu sabia que tinha que levantar pra ir pra escola,mas eu queria tudo,menos mais um dia normal.
Eu senti que já tinha passado por isso.
Sentei na cama. Ai meu Deus! Foi um sonho? Tudo foi um sonho?
Desço as escadas e vejo os cacos de vidro no chão. Se foi um sonho como eles poderiam estar ali? Meu sonho dizia o que iria acontecer? Significa que hoje Sara apareceria com identidades falsas?
Corro para o meu quarto. Eu não fui sequestrada ainda e nem sofri o acidente. Sinto uma onda de alívio percorrer o meu corpo,mas depois sou tomada pela tristeza. Eu não conheci o meu lindo rockeiro fumante,não fui doida pra mandar o Thiago e a Ester tomarem no cu, não fiz amizade com o perfeitinho do Rick,não roubei,não fumei maconha ou amarrei a diretora no pilar da escola. As lágrimas vieram e não tive controle sobre mim. Eu soluçava loucamente e parecia que algo em mim estava partido. Procurei as melhores lembranças : o carinho com que Berta me tratou, o jeito acolhedor e delicado de Sara enquanto eu estava no hospital, a noite em que eu estava na praia conversando com o Rafa e abri meu coração do jeito que se abre um livro e principalmente o momento em que o olhar da minha mãe se fixou no meu.
Então em um baque as lágrimas pararam, como se eu tivesse secado por dentro. Seria o sonho uma previsão?
Corro para me vestir,passo rapidamente no banheiro,pego a minha bolsa e saio as pressas de casa a caminho de encontrar Sara.
Olho para ela sentada na calçada. O vento estava forte,o que fazia meu cabelo bater em meu rosto.
-Sara!! - o vento bate novamente e meu cabelo entra na minha boca,me fazendo engasgar.
-Anne? -ela caiu na risada- Eu devia ter gravado isso.
Parei na sua frente e debochei da situação. Depois fingi escutar o que ela disse,mas suas palavras não eram absorvidas,pois eu estava me sentido feliz.
E sorri,sorri de verdade pois tudo isso estava no meu sonho,então eu iria evitar algumas coisas e abusar de outras. Não é sempre que temos a chance de saber o que vai acontecer,então eu devia aproveitar a minha vida do melhor jeito possível.
"Aproveite sua vida do melhor jeito possível Anne" falei em minha mente.

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Notas finais:

É isso gente,obrigada mesmo a todos que me acompanharam e espero mesmo que tenham gostado,aliás o fim foi proposto por um dos leitores (obrigada leitor).
Espero começar outra história em breve e espero que leiam.
Valeu gente :3

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