Perguntas

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Meu corpo tremia. O que estava acontecendo? Por que o Rafa faria isso comigo? E o que ele quis dizer com "sabemos o que estamos fazendo"?
O carro andava em alta velocidade e um homem com a voz familiar começou a falar.
-Responda as perguntas.
-O que está acontecendo? -Eu disse gritando
-Só responda as perguntas.
Acenti com a cabeça. Eu queria gritar,queria chorar e estar em um conto de fadas onde um príncipe me salvaria,mas foi meu próprio príncipe quem me fez estar ali.
-Primeira pergunta. -meu coração acelerou ao ouvir aquilo - Isso é real?
Como? Essa era a pergunta?
-S..Sim,é real -minha voz falhava e minha garganta parecia seca - Me deixa ir embora.
O carro para e escuto as portas se abrirem. Sou puxada para fora e guiada. Eu não conseguia ter noção nenhuma com o capuz em meu rosto.
-Te explicaram as regras? -fala o homem.
-Não.
Escuto um sussurro vindo de uma mulher,mas não entendo as palavras.
-Muito bem,você tem que responder as perguntas. Estas podem ser sobre qualquer assunto,tomara que você tenha sido uma boa aluna -ele dá uma risadinha - Cada erro você se afasta da liberdade,cada acerto se aproxima.
-São quantas perguntas?
-Quantas forem precisas.
Era uma voz de mulher, uma mulher adulta com toda certeza. Esse jogo parecia loucura,eu ficaria com eles o tempo que quisessem.
-Feche os olhos -era novamente o homem.
Os fechei. Tiraram o capuz do meu rosto e antes que eu pudesse ter alguma reação alguém vendou meus olhos com um tecido grosso.
-Pronta pra começarmos? -diz a mulher.
-Por que estão fazendo isso? O que ganham? -eu tinha que tentar.
- Você -responde uma voz feminina mais jovem.
Eu? Como assim?
Bom,não tinha como eu entender,sendo assim teria que ficar atenta aos sinais o que eles estavam realmente tentando me dizer.
Respirei fundo. Eu estava em um gramado provavelmente,não era tão aberto e os sons de carros eram baixos. Uma reserva talvez?
-Pronta para a próxima pergunta?
Tropeço em algo que parece um galho.
-Toma cuidado -Fala a garota mais jovem.
Me empurram para sentar no chão. Ele estava úmido e com folhas. Olho na direção em que a voz do homem tinha vindo.
-Pronta.
-Conhece o movimento racionalista, não é?
-Conheço.
-Então tá. Fala um livro do holandês Erasmo de Roterdam.
Pensei um pouco. Eu conhecia o nome,até já tinha lido alguns livros. Vários títulos vieram a minha cabeça.
-An..Elogio da Loucura.
Ouço uma risada feminina.
-Interessante o nome,né?
Ok,o que eles estavam tentando me dizer?
-No livro,existia uma deusa muito importante,mas não muito amada,quem seria? - a pergunta veio do homem novamente.
-A deusa da Loucura.
Escuto sussurros. Estavam decidindo algo.
-Vocês dois ficam aqui,eu já venho - era a voz da mulher mais velha.
Escuto seus passos se afastarem e alguém chegar perto de mim. Sua mão estava fria,ela toca meu rosto,depois para no meu ombro.
-Ei Anne,eu vou te tirar daqui. -era a garota mais jovem.
Esse jeito de falar,o cheiro doce,eu devia estar louca mais podia jurar que a conhecia.

Uma SantaWhere stories live. Discover now