Surpresas e mais surpresas

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A mulher adulta já havia voltado,mas não falaram mais comigo.
Minhas costas latejavam e tudo me incomodava,principalmente eu não saber se haviam passado minutos ou horas.
"Anne,vai ficar tudo bem."
Escutei como um sussurro, um aspecto de brisa leve no verão. Não sabia quem falou,só que era uma voz feminina,mas aparentemente ninguém se deu conta.
-Garota - o homem fala - Você sabe o motivo de estar aqui?
Fico em silêncio. Eu deveria responder?
-Vamos,essa é uma das perguntas para você ir embora - ele fala de um jeito que me deixa nervosa.
Ajeito meu corpo e afasto o meu cabelo com as mãos.
-Não sei.
-Vou te explicar. -fala a mulher com ar de desapontada - Você está aqui para aprender.
-Aprender? - falo com ironia.
Sinto a palma da mão dela bater contra o meu rosto e este arder.
-Não seja ensolente!
-Você está louca? - me levanto.
O homem segura com força os meus braços.
-Não ouse tentar alguma coisa - ele diz de um jeito desafiador.
-Olha aqui garota,estamos tentando te ensinar a ser forte.
-Forte? Vocês são loucos.
-Anne! - fala a garota mais nova.
-Não pronuncie o nome dela novamente -A mulher ameça a garota.
Sinto um vento forte soprar, devia estar escurecendo.
-Sabe de uma coisa? Eu estou cansada e assim que puder vou fazer vocês pagarem por isso.
-Você acha? - a mulher fala segurando meu rosto - Você não é nada.
-Eu não sou nada? Estou presa e vendada,fui sequestrada,forçada a participar dos seus joguinhos e ainda recebi um tapa. A pior parte é escutar uma mulher que não tem a decência de fazer o seu..não sei o que ele é,me soltar.
-Solte-a.
Ele solta os meus braços, mas é como se eu ainda sentisse suas mãos.
"Não temos certeza do que vai acontecer. Precisamos que ela reaja."
Escuto de novo. Dessa vez era um homem falando.
-Anne,antes..
-Já disse para não falar o nome dela! - a mulher fala para a garota.
-E do que isso importa se ela vai nos ver? - ela respira fundo e continua - Anne,antes de tirar saiba que não gostei nada disso e que só quero seu melhor.
Levanto minhas mãos,na altura dos meus olhos. Esses vozes familiares. Puxo a venda e os encaro.
Eu conhecia essas vozes.Na minha frente estavam em meio a um bosque ou reserva,não sabia bem explicar,minha amada avó, a Sara e o Henrique.
-Feliz? - fala Henrique.
Minha cabeça dói e meu estômago se revira.
-E agora,vai ser mulher o suficiente para brigar com a vovó? -ela abre um sorriso e põe uma mão atrás das costas.
Eu já tinha assistido filmes o suficiente para saber como isso acabaria e eu não queria acabar enterrada nesse lugar.
Então corro.

Uma SantaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora