Uma Santa

Fim de Jogo

Se eu pudesse definir esse momento com um tipo sensação, com toda certeza seria como  perder a sua mãe no mercado. Um sentimento de não saber onde está e vulnerabilidade.
Eu corri muito. Em um certo momento cheguei a pensar que havia os despistado,mas pude ouvir os passos rápidos amaçando folhas e galhos.
Minhas pernas doíam e a cada passo que eu dava sentia meu corpo pesar mais.
As árvores pareciam todas iguais e por um instante pareceu que eu corria em círculos,mas soube que não ao avistar um rio com uma espécie de caverninha ao lado,tão próxima que era como se estivesse dentro do rio.Já tinha anoitecido e talvez aquela fosse a minha única chance de me salvar.
Ao entrar na caverna senti meu all star preferido afundar na água,mas a essa altura o que era um sapato molhado? Fechei meus olhos e coloquei os braços em volta do meu corpo,talvez diminuísse o frio. Rezei baixinho para que tudo ficasse bem e senti uma lágrima quente escorrer pela minha bochecha.
"Os sinais dela estão melhorando!"
Dessa vez escutei em um tom alto,como se tivesse mais alguém comigo naquela minúscula caverna. Forcei meus olhos contra o escuro,depois diminui o som da minha respiração, mas tudo que consegui escutar foi a água do rio agitada.
Eles estavam ali. Meu coração acelerou e da forma mais racional que pude torci para que fosse só um animal.
-Você é tão previsível - minha avó disse entrando na caverna.
Como aquela senhora conseguiu correr atrás de mim e ainda por cima ter toda a animação para querer me matar?
Henrique entra um pouco depois de cara fechada.
-Você fez a gente andar muito.
Ele se aproxima,fazendo com que eu instintivamente ande para trás. Senti a rocha fria tocar minhas costas.
Minha avó pega uma faca pontuda e se aproxima devagar.
-Minha querida,agora tudo vai ficar bem.
E então tudo se deforma,como se uma imagem fixa tivesse sido puxada em todas as possíveis direções. Meus olhos se fecham e então paro de sentir o mundo ao meu redor.