Mãe.

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Ainda me sentia submersa. Sara me olhou e depois levantou.
-Pra mim chega.
Ester se afastou do Rafa e sorriu.
-Como assim garota?
Sara revira os olhos e começa a andar em direção de seu quarto.
-Vai ser assim? -Ester também se levanta -Henrique..
-Como é? -Sara a interrompe
-Resolveu responder?
Me levanto rápido e me coloco entre as duas.
-Garota,não enche. -digo a Ester
-Rafael,controla elas.
Rafa se levanta e anda até nós.
O que ele pensava que ia fazer?
-Anne..Sah..ela é minha prima.
-Já entendi Rafael -digo e ando até meu quarto.
Fecho a porta mas ainda escuto a conversa. Pude entender que Sara o xingou e depois foi para o seu quarto levando o Rick.
Deito na cama e fecho os olhos. Que droga. Será que..Não..Claro que não,mas não custava tentar. Sento na cama e pego meu celular,disco o número e espero.
Começa a chamar,meu coração acelera. Era o número da minha mãe, eu não falava com ela desde que tinha ido embora e nem acreditava que havia acertado o número.
Atendem.
-Alô? - era uma voz grave de homem
-A..alô. Por favor a Tânia.
Escuto ele gritar o nome e o barulho dos pés.
-Alô? -era uma voz de mulher.Era a voz dela -Alô? Quem fala?
Eu não conseguia responder. Entrei em pânico e a minha voz parecia presa na garganta. As lágrimas saiam involuntariamente ensopando meu rosto.
Deito na cama e ela desliga o telefone.
Por que eu não consegui falar nada? Se o que eu mais queria era falar com ela? E quem era o homem? Então me prometo em meio ao choro não atrapalhar novamente sua nova vida.
A noção de tempo se esvai e o silêncio toma conta da casa. A cama parecia mais confortável e o sono cada vez mais atraente.
Alguém bate na porta.
Fico quieta torcendo para a pessoa ir embora e eu não ter que levantar,mas infelizmente batem de novo.
Me levanto passando a mão no rosto e fazendo um coque no cabelo. Abro com cautela a porta e lá estava o mais patético traidor.. Rafael.
-Posso entrar?
-A casa é sua,acho que não posso te proibir.
-É. - me afasto e ele entra -Anne,desculpa.
Fecho a porta e faço um sinal para ele sentar em alguma das camas.Ele olha em volta e como ensaiado senta ao mesmo tempo que eu,na minha cama.
-Pelo o quê?
-Você sabe.
-Ah,por ter sido um completo idiota?
-Anne,eu não queria ter beijado minha prima.
-Não pareceu - reviro os olhos - Ainda assim o seu maior erro foi ter ficado contra nós.
-Eu sei.
Ele pensa um pouco e quando espero algo incrível ele diz:
-Você estava chorando?
-Fumando maconha.
-Mentirosa -ele sorri - Chorou por mim?
-Claro que não.. Eu acabei ligando para minha mãe.
-Ela brigou com você?
Percebi que ele não fazia ideia da minha história.
-Não brigou não.
Subitamente ele se vira e me abraça.
-Me perdoa. Nunca mais deixarei algo tão idiota acontecer ou ficarei contra você.
Então minha raiva acaba. O quão trouxa eu seria por ele? Mas no momento nem me importo com isso.
Me afasto um pouco e em seguida o beijo. O que me faz lembrar que havia muita saliva envolvida : a minha,a da Sara,a dele e a da Ester. Então paro e começo a rir.
-O que foi,fiz algo errado agora?
-Não fez não -dou um beijo em sua bochecha.
Levanto e apago a luz do quarto,volto com uma certa dificuldade para cama.
-Anne?
-Calma,só vamos conversar.
Ele se deita e eu faço o mesmo me aproximando.
-Você beijou a Sara.
-É.
-E como foi?
-Ruim -minto.
Viro seu rosto e voltamos a nos beijar. Parece um vício,depois que se começa fica mais difícil parar. Então me lembro que realmente devíamos conversar.
Olho para ele e começo a mexer em seu cabelo.
-Quero saber tudo,como seus pais se conheceram, o que faziam,o motivo do seu nome,sua infância.. Cada detalhe.
-Tudo bem Anne.
Eu tinha certeza que essa seria uma das nossas conversas mais importantes.

Uma SantaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora