Ladrão Toru - parte 6

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Ladrão Toru – parte 6

          Final.

          Um final desastroso.

          Ruim.

          Chato.

          Sem graça alguma.

          Uma verdadeira decepção.

          Algo que nem um cão de rua gostaria de mastigar, mesmo após comer lixo.

          Esse é o sabor que ficou em minha boca.

          Algo azedo, porém, amargo; quente, porém, frio; seco, porém, cozido; preto, porém, branco; quadrado, porém, redondo; triste, porém, engraçado; grande, porém, pequeno.

          Realmente, algo ruim.

          Entretanto.

          Não é um final.

          Longe disso, um final encerra todos os fatos, um final cumpre seu papel de fechar cada lacuna e então proporcionar a sensação de conclusão para o leitor.

          Isso é um final.

          Mas isto não é um final.

          É um desfecho temporário. Um gancho solto nas últimas páginas.

          Pode-se dizer que é até um tipo de tortura, caso usassem esse método para interrogar prisioneiros de guerra, seria um método eficaz, realmente uma arma mortal.

          Forçar alguém a ler um conto, acompanhá-lo e terminar com o gosto de incompleto é terrível, realmente um ato digno de ódio, algo que nem mesmo um ser de pura maldade em seu coração faria.

          Realmente, um ato maligno.

          Realmente, um plano maligno.

          Kirishima me atraiu até aqui de volta, tentou me matar duas vezes, tentou matar Koa e, no final, apenas se foi, deixando um pedido pertinente.

          — Ridículo.

          Não havia sentido, não havia lógica, não havia nada.

          Ele apenas me trouxe aqui, fez toda essa bagunça, deixou um pedido estranho e foi embora; alguém normal não faz isso, alguém com um pingo de consciência não faz nada disso.

          É apenas uma desculpa.

          Como se ele tivesse que arrumar um cenário antes de realmente fazer o que queria.

          Contar-me sobre Evanla, essa garota que eu sequer consigo imaginar um rosto, era o objetivo de Kirishima. Portanto, ele me contou esse outro nome.

          — Kumishira Juhan.

          Jamais ouvi esse nome em minha vida, mas, eu até ontem, também não tinha ouvido o de "Evanla".

          É como se fosse uma piada de mau gosto, onde eu não sei de nada e devo entender às pressas, de um modo ou de outro. Isso me irrita.

          Pude retirar o caminhão que entrou na minha sala com a ajuda dos bombeiros — eu não podia me transformar e mover ele sozinho, era arriscado demais. A companhia de seguro irá cobrir os estragos feitos por dentro e por fora, onde o caminhão foi confirmado como "um acidente de trabalho" e acabou parando ali.

Zokugatari: ExodusOnde as histórias ganham vida. Descobre agora