Ladrão Toru - parte 2

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          Portanto, eu preciso de água.

          O lugar era pequeno, talvez não maior do que uma casa comum, mas não menor do que uma casa comum. A placa de boas-vindas realmente é atraente, e logo adentrei as prateleiras do lugar.

          Curioso como as lojas desse tipo possuem de tudo um pouco, consigo ver desde revistas de mangás até um carrinho de mão para obras. É, acima de tudo, um lugar para se encontrar o que jamais pensou achar.

          Isso é parte da minha teoria de que estes lugares são feitos para você achar o que não quer realmente. Pois, a partir do momento em que acho absorventes ao lado de produtos de limpeza para móveis, certamente é esse tipo de lugar.

          —... Hm... onde está...?

          Andando da esquerda para a direita, para frente, para trás, para os lados, para qualquer outro lugar... não acho... simplesmente não encontro. Sempre tem uma geladeira com um vidro enorme, eles chamam de freezer, mas eu não o vejo, será que aqui não tem? Não, é impossível, é como ir a um restaurante e achar que não terá talheres — ou hashis, no caso.

          Agora eu me desespero um pouco, sinto que estou perdendo meu tempo...

          — UH!

          Aquilo! É aquilo?! É aquilo mesmo?!

          — P...Pu... Pudim...

          Sim! É pudim!

          Nunca consegui ficar tão feliz como agora! Não sei se chegarei a ficar tão satisfeito ou completo em toda minha vida, então... neste momento, eu posso... eu posso ser feliz.

          O que vi nada mais era do que o prometido, o proibido, o procurado pudim. Sequer precisei perguntar se era natural ou não, o fato de estar em uma geladeira, de estar em um prato, aquilo era uma prova irrefutável. Algo industrializado jamais estaria fora do lacre, seria contra a lei, então não cabem dúvidas, é ele!

          Dirigi-me até a geladeira, até alcançá-lo, porém.

          — Hm, parece bom, vou levar.

          ................?!

          Não pode ser.

          Simplesmente não pode ser, parece algum tipo de pegadinha — não é pegadinha, é?

          — E-Estava... estava tão perto... bem ali... eu só...

          Alguém o pegou, alguém o está tirando da geladeira agora, alguém o está cheirando e sorrindo — aquele deveria ser o meu sorriso, deveria ser o meu nariz quase tocando o pudim de tão profundo que seu aroma é.

          Ele, esse homem... eu não sei quem é, não faço ideia de quem seja, mas eu o amaldiçoo-o.

          Pode parecer extremo, mas minha vida pública está em jogo aqui, eu necessitava daquele pudim — posso pular encima dele e roubá-lo e... céus, estou ouvindo o que estou pensando?

          Esse homem... que sequer posso ver o rosto, pois ele se virou para ir pagar o pudim, eu o amaldiçoo-o com todo meu ser, lanço um de meus feitiços especiais de nível catorze para que esse pudim se derreta no momento em que tente comê-lo!

          Como se isso fosse realmente acontecer.

          Ah... que desgraça.

          Uma micro depressão me consome agora. O fato de saber que estava ao meu alcance — se eu não tivesse perdido tempo procurando a geladeira, se apenas soubesse que estava no fim do corredor. Mas tudo isso não importa mais, não é? Eu perdi talvez a única chance de alcançar tal sobremesa hoje, não é?

Zokugatari: ExodusOnde as histórias ganham vida. Descobre agora