XXX Capítulo - parte 1

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Ofélia Santos
-Des-Desculpe - gaguejo entregando-lhe seu celular.
-A que ponto chegamos, você mexendo nas minhas coisas - Noah diz emburrado.
-Me desculpe. Eu pensei que... Que... Sei lá. Você foi dormir super tarde mexendo nesse troço.
-Tá, e por isso você achou que eu estava falando com alguma mulher? Te traindo?
-Eu não disse isso. Só fiquei curiosa... - tento em vão me justificar.
-Ofélia - ele balbucia o meu nome de forma ameaçadora.
-Sim?
-Estou cansado... - ele olha para os próprios pés e o semblante cansado toma conta do seu rosto.
-Eu li sua conversa toda com o Henry, me desculpe - nossos olhos se encontram - eu só quero que você saiba que quando tiver um problema, é comigo que você tem que conversar. Eu não te obriguei à entrar nesse barco Noah, mas agora não tem mais volta, estamos velejando juntos. Se você decidir parar de remar, eu não sei o que eu faço - meus olhos se enchem de lágrimas mas eu engulo o choro.
-Eu sei Lia - ele caminha em minha direção e abre os braços.

Era tudo que eu precisava. Me jogo em seus braços que me recebem com todo o amor do mundo, e deixo as lágrimas lavarem minha alma. Me lembro de quando eu sonhava em ser adulta, se eu soubesse que seria assim eu não iria sonhar nunca com isso.

-Me perdoa - sussurro com uma vozinha de choro.
-Eu que peço perdão meu amor... - ele me aperta forte em seus braços - nós vamos passar por isso juntos. Eu estarei sempre, ouviu bem? SEM-PRE contigo.

Então todas as minhas dúvidas foram dissipadas, e a paz reinou sobre o meu subconsciente. Não importa o que fosse, não deixaria a dúvida se apossar da minha mente nunca mais.

-Eu te amo Noah. Eu te escolhi, e te escolheria outras mil vezes.

Nós beijamos com muito amor e carinho, foi uma mistura de sentimentos e emoções vindas profundamente do coração. E após tantos anos, me senti finalmente segura, com a certeza de ter sempre alguém para estar ao meu lado.

-Te amo - ele me deu um selinho - te amo - outro selinho - e te amo - mais um selinho.

Sorrio apaixonada olhando seus olhos claros. Eita homem bonito que eu arrumei!

-Escuto chorinho de bebê - Noah diz - vou ver meu filho.
-Vou arrumar a cama e me trocar.
-Ah amor? - viro-me para olhar em seus olhos - pode pegar meu celular sempre que quiser. Não devemos ter segredos.
-Benjamin.
-O quê? - ele pergunta confuso.
-Benjamin. A senha do meu celular.

Ele sorri e me dá uma piscadela ao sair do quarto. Eu respiro aliviada. Meu Noah é um orgulho, ainda bem que o achei à tempo. Sorte no amor, eu diria. Arrumo nossa cama, pois apesar de termos duas empregadas, eu me sinto uma imprestável por não fazer nada. Depois tomo um banho rápido, só para tirar a preguiça matinal, e faço minha higiene. Visto uma calça preta de elástano bem confortável, e um camisão de manga comprida e de malha. Hoje o dia não estava tão quente, um verdadeiro milagre aqui no Rio de Janeiro. Faço um rabo de cavalo, e tiro todas as jóias que estavam em mim, exceto a minha aliança. Desço para sala e encontro todos por lá.

-Bom dia família - digo sorrindo e sentando no colo do Claiton.
-Ai Lia, tu é pesada - ele reclama.
-Bom dia meu bebê - dou um beijo um sua bochecha - bom dia meu neném - beijo o Naldo - bom dia Mázinha - mando um beijo para Somálian.
-Meu Deus, como essa mulher tá carinhosa hoje - Naldo diz rindo.
-A noite deve ter sido ótima! - Somálian ri.
-Antes fosse - Noah reclama e lhe lanço um olhar furioso.
-Eu mamãe! - Ben pede minha atenção no colo do Noah.
-Oi meu amor - saio do colo do Claiton e pego o meu filho - a mamãe não esqueceu de você não.
-Mamã o Ben quer chocolate! - ele pede todo animado.
-Nada disso! Vamos tomar café da manhã primeiro, e depois o doce.
-Ah nem - ele reclama fazendo manhã.
-Então vamos tomar café filhotes - chamo todos eles para a sala de jantar.

Tomamos o nosso café tranquilamente, e tudo estava bem tranquilo. Noah recebeu uma entrega bem estranha. Primeiro por se tratar de um domingo, e carteiro nenhum trabalha aos domindos, e segundo porque não tinha absolutamente nada dentro da caixa. Além de uns papéis picado sem nada escrito. Fiquei mais paranóica com isso do que o Noah que achou que foi algum engano, já eu eu acho que tem agulha nesse palheiro.

-Amor, você está procurando algo que não existe. Essa caixa foi um erro, e pronto - Noah diz tranquilo.

Estavamos deitados na rede da varanda, com duas cobertas, e eu estava sobre ele. Apesar da varanda ser toda fechada com vidro, aqui tá um friozinho- gostoso.

-Tá bom, vou tentar esquecer isso. Mas que tem coisa aí, tem!
-Relaxa a cabeça ao menos no final de semana. Amanhã já teremos muito com o que se preocupar.
-Tá bom. Vamos aproveitar pelo menos agora.

(...)

A segunda chegou, e com ela, o turbilhão de problemas. Sr. Sousa apareceu lá na Lusitano provocando três desmaios, e duas quedas de pressão de pessoas que, como nós, imaginavam que ele estaria morte. Seria cômico, se não fosse trágico. Sr. Sousa veio apenas ver como as coisas estavam, e tentou ser o mais discreto possível, pois a sua segurança estava em risco. Hoje a Lusitano estava um caos, as ações subiram bruscamente, mais de 100% em um único dia, e os CEO estavam loucos para conseguir ao menos um pouquinho da nossa empresa. Deu três e meia da tarde e eu ainda não tinha conseguido almoçar. Noah me trouxe um frapuccino do Starbucks, mas não foi o suficiente para matar minha fome, mas no momento não conseguiria sair para almoçar. Enquanto estou perdida em meus papéis, escuto meu celular apitar. Abro a mensagem de um número desconhecido.

"Vocês ainda não entenderam que não estamos de brincadeira? Queremos a Lusitano".

Era só o que me faltava! Ameaças pelo celular, já não basta tudo que o Sr. Sousa passou. Deixo minha irritação de lado para poder terminar meu trabalho e passar em uma delegacia antes de ir para casa. Para mim já deu. Eu cansei desse joguinho, eu quero paz.

Quando dou conta do meu trabalho vou atrás do Noah, que encontro acabando de sair de uma aula de equitação. Explico para ele o que aconteceu, e ele concorda em levar o caso para polícia. Fechamos a empresa, já que eram quase sete horas da noite, e fomos rumo ao DP Rio de Janeiro.

Hoje eu vejo como o dinheiro move o mundo. Não me sinto bem fazendo isso, mas se não usamos nossas armas ao nosso favor, nunca conseguiríamos iniciar à investigação. O Delegado Diorgelles agilizou o caso, encaminhou o meu celular e o do Noah para perícia, e já convou um monte de gente para depor. Não vejo a hora desse pesadelo finalmente acabar. Paz. É a única coisa que eu quero.

Filhinho de papaiWhere stories live. Discover now