XII Capítulo

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Ofélia Santos
Termino de ler a carta que a dona Rosângela deixou e fico em um total estado de choque. Nenhum beijo, nenhum eu te amo, nada. Eu estou começando a acreditar e o problema dela não é ser fria, é não amar mesmo. Como largar os filhos? Nunca vou conseguir perdoar isso, nunca! Penso em tudo que eu seria capaz de fazer pelo o Ben, e até mesmo pelos meus irmãos, daria a vida por eles, e a Rosângela foge para dar uma vida melhor para o bebê qie está na sua barriga, e os filhos que colocou no mundo foda-se, né?! Como se eu precisasse de mais um problema, puta que pariu. Que dia Senhor! Ao menos essa promoção no trabalho veio em boa hora, vou ganhar uma nota sendo presidente da Lusitano, fome a gente não vai passar.

-Nem consigo acreditar que cheguei tão longe - comento com Claiton que sorri.
-Isso é resultado de você ser tão esforçada Lia.
-Agora vamos começar a viver melhor meu amor - falo com o Ben que estava no meu colo - chega de sofrimento.
-Você vai ter que dar a notícia sobre a mãe para o Naldo e a Somálian.
-Não chama aquela criatura de mãe perto de mim Claiton - digo irritada.
-Tá, calma - ele sorri - você faz mais o estilo da minha mãe.
-E pode isso produção? Eu novinha do jeito que sou com dois filhos? - brinco fazendo carinho no cabelo do Claiton.
-Dois não né, quatro, pois o Naldo e a Má também contam. Você é a mais velha da casa agora Lia.

Sinto peso das responsabilidades que caíram em minhas costas, e isso me incômoda bastante. Dinheiro não vai ser a única solução tendo uma criança de dois anos, três adosleceste, Claiton de treze, Reinaldo de dezesseis, e Somálian de dezoito. Falo como se fosse muito velha, mas tenho apenas vinte anos! E pensar que tem pessoas da minha idade que só sabe curtir a vida, pego como exemplo o imprestável do Noah, até o Naldo é mais maduro do que ele.
Dou banho no Ben, dou comida para ele e peço para o Claiton olhar ele para eu fazer janta. Somálian chega primeiro, toda animada dizendo que vendeu bastante na praia hoje, e depois chega o Naldo da escola. Jantamos todos juntos enquanto Ben assistia televisão na sala.

-Tão bom família reunida, só faltou a mãe - comenta Naldo e eu engulo em seco.
-É que ela trabalha muito para ajudar aqui em casa - comenta Má entre uma garfada e outra. Não resisto em rir friamente.
-Aquela lá só pensa nela.

Eu não sou de pegar raiva de ninguém, eu até me considero meio idiota por perdoar as pessoas rápido demais. Mas Deus que me perdoe, a Rosângela eu não vou consegui perdoar nunca.
-Como assim Lia? O que deu em você para falar da nossa mãe assim? - Naldo questiona indignado.
-Mostra a carta para eles - peço ao Claiton.

Eles lêem a carta a fazem a mesma cara de indignação que eu e o Claiton fizemos na nossa vez.

-Não consigo acreditar - Naldo comenta.
-Você não viu a cena que ela e a Lia fizeram aqui no portão - Claiton conta tudo ao Naldo.
-Que maldita! - esbraveja Naldo.
-Fiquem tranquilos, vamos sobreviver bem melhor sem ela - tento lhes garantir uma coisa que nem eu mesma tenho certeza.
-Mas o salário dela vai fazer falta - Má comenta baixinho.
-Eu posso largar a escola e trabalhar em dois trabalhos para compensar - Naldo sugere.
-Nada disso, você vai terminar seu ensino médio e ainda fazer faculdade. Dinheiro não será mais o problema - ele me olha sem entender - eu fui promovida a presidente da Lusitano.

E então uma noite que era para ser de tristeza e lamentações, tornou-se uma noite de comemorações. Depois de tantos anos conseguimos finalmente enxergar uma luz no fim do túnel.

(...)

Acordei pela manhã do dia seguinte bem mais cedo do que o normal. Cozinho feijão, faço arroz, e uma carne de panela com legumes. Dou banho no Benjamin, acordo Claiton e em contrapartida acordo Reinaldo e Somálian também.

-Vamos cambada, hora de levantar - abro a janela do quarto que dormia eu, a Somálian, o Ben e minha mãe, enquanto o Claiton e o Naldo dormiam na sala. Só que nessa noite dormimos todos juntos aqui no quarto.

Filhinho de papaiKde žijí příběhy. Začni objevovat