Bônus Guto & Mel ❤

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Gustavo Sousa
Acho que a realização de cada homem é construir uma família e ter uma boa condição financeira, além de se dar bem no amor. Tudo isso eu consegui. Eu amo minha mulher tanto, mais tanto, que meu coração chega a inflar de tanto amor. Mesmo anos após o nosso casamento, nossa relação só melhora. Eu tenho a mais pura certeza de que fomos feitos um para outro. Tivemos dois filhos e adotamos dois. Henry, Enzo, Alícia e Noah. Respectivamente do mais velho para o mais novo. Todos tiveram uma adolescência tranquila, Enzo ainda aprontou um pouquinho nas noites, mas o que me dá mais dor de cabeça é o meu caçula, o Noah. Tudo de errado que você possa imaginar ele já se envolveu, exceto o mundo do crime, pelo que eu saiba. Eu e a Mel nos culpamos tanto, sabemos que boa parte disso tudo é por termos mantido ele em uma cúpula de vidro, dando tudo do bom e do melhor e passando a mão na sua cabeça mesmo quando ele aprontava as mais terríveis. Ai deu no que deu. Um marmanjo do tamanho dele, mimado, respondão, irresponsável e levado. Muitos adolescentes se tornam rebeldes por conta dos pais que não dão carinho, mas no caso do Noah amor e carinho nunca lhe faltou. Faltou na verdade um pulso mais firme, uns castigos mas sofridos, para que ele não ficasse do jeito que ficou.

Hoje é o dia que o Thales, meu melhor amigo e sócio vai embora do Brasil. Ele sempre quis morar no Japão, onde seus pais moram até hoje, e depois que nos aposentamos ele decidiu ir embora. Eu estou meio triste, pois era tão bom ter meu amigo perto de mim. Ele, sua esposa e seus filhos eram da família, sempre estávamos juntos, vou sentir muita falta.

-Nem acredito que a Bea vai embora - minha esposa lamenta.

Beatrice é sua grande amiga, elas modelaram juntas por um bom tempo. Bea ficou com meu amigo, engravidou, Thales como homem assumiu o filho e logo eles estavam apaixonados e vivendo juntos. Até parece que foi fácil do jeito que contei, mas só quem viveu perto deles sabe que não foi nada fácil, os dois são tão cabeça dura!

-Também estou triste... - faço carinho em seu cabelo - minha cabeça esta à mil.
-Porquê? - ela desencosta a cabeça do meu ombro e me observa.
-Meu melhor amigo indo embora, Noah aprontando todas, um netinho está por vir, Alícia e Enzo estão noivos, larguei a presidência da Lusitano que era a coisa que eu mais gostava de fazer, e para terminar, uma das maiores parcerias da Lusitano está falindo.
-A Emissora Vida Rural, né?! Eu vi no jornal.
-Pois é, ainda bem que eu tenho você - seguro seu queixo e lhe dou um selinho.
-Eu realmente estou preocupada com a Noah amor, não sei o que fazer.
-Bem, o Noah faz tudo o que faz mas é um bom menino - tento todos os dias me convencer disso.
-Tenho medo do que sua rebeldia posso lhe levar. Será que ele usa drogas? Porque beber ele bebe todas e mais algumas.
-Eu queria te confirmar que não, mas realmente eu não sei - digo triste.
-Eu não sei mais o que esperar do Noah. Depois daquele vídeo dele com aquelas três meninas nada mais me surpreende.

Fico ainda mais triste. É tão difícil você estar em uma situação em que você não sabe o que fazer.

-Então quer dizer que os pombinhos estão depre com a nossa partida? - Beatrice entra em casa toda sorridente.
-Claro que não amiga, só estou meio triste porque minha melhor amiga e a minha companheira no trabalho está indo para o outro lado do mundo - Mel levanta e abraça Bea.

Minha esposa e Beatrice tinham uma loja online de artesanato, e estava nos planos desse ano abrir uma loja física com uma equipe de produção. O sonho ainda está de pé, mas Mel aqui no Brasil e Beatrice lá no Japão.

-E ai? Vai me dizer que também está chorando por mim? - Thales entra na sala e me abraça de lado.
-Você sabe que vou sentir saudades amor - digo brincando e ele ri.
-Eu sei querido, ainda dá tempo da gente largar tudo e furgirmos juntos - ele entra na brincadeira e nossas mulheres pousam os olhos em nós.
-Pode parar com isso vocês dois! - Mel se pronuncia.
-Parecem dois gays - Beatrice ri.
-Sempre fomos - Thales diz fingindo estar sério e recebe um tapa da Bea.
-Eu casei com um homem bem macho pelo que eu me lembre - Bea fala.
-Tudo bem amiga, não queremos detalhes - Mel olha no relógio - se vocês não querem perder o vôo temos que sair agora.

O aeroporto fica à quase três hora de casa, e vamos ter que levá-los com a nossa antiga mini van. Quando nossos filhos eram menores e tínhamos que sair todos juntos, só a mini van para caber todos. Com a família do Thales é um pouco diferente, é ele e a mulher, o Gabriel que é o filho mais novo e está levando a noiva junto, e a Luana, a filha mais nova. Acomodamos todo aquele monte de malas e fomos rumo ao aeroporto.

-Como é desistir de tudo aqui no Brasil para ir atrás de quem você ama? - Mel pergunta para Lorena, a noiva de Gabriel.
-Ah, foi bem difícil no início - diz toda tímida.
-Eu sei bem como é! - Thales se pronuncia - eu larguei tudo para ir atrás dessa doida aí! - ele aponta para Bea.
-E eu tenho certeza de que não se arrependeu - comento.
-Acertou. Foi a loucura mais certa que eu já cometi em minha vida - Thales comenta todo romântico.
-Aiw bebê, me dá um beijinho - Bea rouba um selinho de seu marido.
-Mas me diga, o plano de abrir uma Lusitano lá está de pé? - pergunto prestando atenção na estrada.
-Sim, apesar da Bea não estar gostando muito da ideia - Thales comenta e Bea faz uma careta.
-Claro, agora que aposentou vai trabalhar ainda mais.
-Mas eu gosto do que faço amor - Thales diz calmo, tentando convencê-la.
-Depois conversamos sobre isso. Não quero ter uma DR (discussão de relacionamento) aqui.

Esses dois viu?! Sempre foram assim, tipo gato de rato. Mas no final, eles sempre estão atrelados.

Melissa Sousa
Pois é. A vida é mesmo bela. Apesar de não ser perfeita, ela continua bela. Também que graça teria se a vida fosse perfeita? Não teríamos com que se preocupar, e tudo ficaria monótono e chato. Eu, para minha total alegria, tenho quatro filhos, o que já me trás um problemão, mas o fato principal é que um desses filhos é o Noah. Ele é terrível. Não vejo a hora de ver ele casado, com filhos, vivendo sua vida tranquilamente. Porque atualmente ele só pensa em aprontar, uma atrás da outra ainda por cima. Nem me recuperei da última e ele já aprontava uma nova, muito pior do que a anterior. Além disso tem o meu trabalho, que eu simplesmente amo. Eu já trabalhei com contabilidade, já fui modelo, mas amei mesmo é ser artesã e confeccionista. Comecei em casa, em um quartinho que trasformei em um ateliê, vendia as coisas pelo site mas, depois que os pedidos triplicaram e eu e a Bea não estávamos dando conta do recado, resolvemos montar uma empresinha. Já temos o local, que é bem grande, aos fundos é onde será confeccionado os produtos, e na frente será a loja. Eu estou contratando os funcionários com calma, fazendo tudo no meu tempo para que fique perfeito, mas nao vejo a hora de ver tudo aquilo funcionando. Pena que estarei sozinha nessa, minha sócia vai embora, mas meu sonho continua de pé e vai ser sim realizado.

Vamos o caminho todo até o aeroporto em meio à muitas brincadeiras, mas em todo momento meu coração estava apertado, vai ser tão ruim ficar sem essa parte da nossa família do coração. Infelizmente chegamos ao aeroporto, mas tínhamos uma hora de antecedência. Ficamos juntos, naquela melancolia chata, como sentirei saudade de todos. Em meio à muito choro e saudades antecipada é anunciado que o vôo para Tóquio será atrasado por conta de problemas internos. Eu comemoro internamente, mais algumas horinhas para ficar com eles.

-Em média cinco horas de atraso - Gabriel avisa após ir perguntar para um funcionário.
-Não dá tempo de ir para casa - Guto diz.
-Vamos ter que ficar por aqui - concluo.
-Vai ser cansativo, mais pelo menos posso abusar mais um pouquinho do meu amor antes de embarcar - Thales brinca cutucando Guto.
-Como casamos com isso? - Bea pergunta rindo.
-Quando vejo ele cutucando o nariz, roncando, e fazendo um monte de outras coisas do tipo, eu me pergunto a mesma coisa - gargalho - mas nem em outra vida eu me arrependeria de ter escolhido ele como meu marido.

Sim, mesmo após tantos anos casados eu ainda amo meu marido. Até mais do que o dia em que nos casamos. Guto me cativa todos os dias, e isso só mantem a nossa chama do amor acesa. Sempre tive para mim que o amor é como uma flor. Se é esquecido, menosprezado, ele vai morrendo aos poucos, até não existir mais nada. Agora se é cultivado, regado à cada dia, só tende a crescer.

Filhinho de papaiWhere stories live. Discover now