XXVIII Capítulo

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Noah Sousa

-Finalmente o filhinho de papai resolveu atender!
-Quem é? - pergunto sem paciência.
-Não que isso seja da sua conta - diz ríspido - quero um milhão de reais na minha conta até o amanhecer.
-Você tá louco? É trote, né? Fala logo quem é e me deixa dormir!
-Até parece que eu ia acordar à essas horas para passar trote! É o seguinte, já que tu não entendeu vou explicar mais uma vez. Eu to com teu pai aqui, e se tu não depositar esse dinheiro é o fim da vida dele.
-Ah vai pra puta que pariu! - desligo o celular irritado e volto para o quarto.

Os olhos claros de Lia estão atentos em mim, ela está sentada na cama e parece exausta.

-Quem era? - pergunta desconfiada.
-Um idiota passando trote. Falou que tava com meu pai, e que queria um milhão de reais para não matar ele. Vê se eu posso com isso?! - deito-me ao seu lado e me embrulho.
-Noah, e se for verdade?
-Verdade o que Ofélia? Meu pai morreu! Vocês tem que colocar isso na cabeça de vocês, mas que droga! - acabo gritando um pouco, e escuto o grito de Benjamin.

Lia levanta da cama decepcionada e sai do quarto dizendo:

-Nossa seu ignorante. Eu não tenho culpa de nada que está acontecendo, ninguém tem culpa!

Quando ela desaparece no corredor minha consciência pesa. Eu não precisava gritar e nem perder a paciência com Lia. Ela não tem culpa de nada. Levanto-me da cama e caminho até o quarto do Benjamin. Encontro os dois dormindo na caminha minúscula do Ben, Lia cantarola baixinho em seu ouvido.

-Você não vai voltar para cama?
-Não, vou ficar por aqui - diz seca.
-Vamos amor, me desculpa por ser sem educação contigo.
-O Benjamin não dormiu ainda.
-Vamos dormir todo mundo junto - pego Lia e Benjamin no colo.

Caminho com os dois no colo e deposito-os com todo cuidado em nossa cama. Benjamin me abraça, e eu abraço os dois.

-Me desculpe, as vezes perco o controle - resmungo baixinho.
-Tá bom Noah.
-Ah, então agora é assim? Vai ficar me chamando de Noah?
-O seu nome é qual mesmo? - ela nem me deixa responder - Ah bom!
-Nossa sua cavalinha, seja mais amorosa. É amor - brinco fazendo cócegas em sua barriga.
-Amor - diz irônica - deixa-nos dormir? Estou exausta.
-Tudo bem amor, boa noite.

Tudo fica em silêncio, exeto pelo barulho das nossas respirações. Lia, que antes estava decepcionada comigo, percebe que estou de olhos fechados fingindo dormir, e vem se aproximando de mim devagarinho. Ela pegou o costume de dormir mexendo em meu cabelo, e hoje não seris diferente. Quando vejo, sinto seus dedos pequenos dentro do meus cabelos, fazendo um carinho gostoso que eu tanto amo.

-Eu te amo - puxo seu corpo para ficar mais próximo do meu e do Ben.
-Eu também te amo - ela sussurra sonolenta.

Ofélia Santos
Acordamos pela manhã, por volta das onze horas, com o celular do Noah tocando de novo. Mas que droga, virou festa agora?! Não abro os olhos, mas sinto Noah levantando da cama e indo até a varando. Tateio a cama em busca do meu filho, que já tinha acordado e saído do quarto. Tento voltar à dormir mas já tinha despertado, então fico apenas esperando Noah voltar.

-Puta que pariu! - Noah grita alto da varanda.

Ai meu Deus do céu, o que mais falta acontecer? Levanto da cama irritada, deslizo a porta de vidro da varanda e encontro um Noah assustado.

-O que foi? - pergunto medrosa.
-Meu pai Lia, meu pai, eu está na casa da mamãe.
-Eu sabia! Eu tinha certeza de que ele estava vivo!
-Porque ele fez isso com a gente? Nos fez passar por todo o sofrimento de enterrá-lo? - Noah pergunta com a voz embargada. Noto que faz de tudo para engolir o choro.
-Precisamos ir até lá e descobrir. Quer que eu vá contigo?
-Claro que sim, você é a minha sanidade.

Filhinho de papaiTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon