36. Acredite em mim

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- Você tá com ciúme do seu pai? Eu não vou roubar ele de você!

- Cala a boca vai! Sua voz já está me irritando!

- É o que eu digo da sua!

- Você se acha não é?! - Ela diz seriamente - Só porque eu sou fruto de uma traição...

Eu não havia entendido o que Carla tinha me dito. Então a olho e digo:

- Como assim? - Pergunto sem entender.

-Isso mesmo! - Ela grita - Seu papai traiu sua mãe com a minha! Aí eu vim para alegrar sua vida!

Eu não podia acreditar no que tinha ouvido. Mesmo sabendo da relação de meu pai e de minha mãe no passado, mesmo sabendo o que ele tinha feito com ela, nas noites em que chegava tarde e bêbado, nunca tive a certeza de que ele já havia traído minha mãe. Encosto na mesa ainda tentando digerir aquilo e digo:

- O que você disse? - Pergunto em voz baixa.

- É isso Will! É por isso que você se acha desse jeito! Você é um idiota! - Ela diz seriamente.

- Carla isso não é motivo para você ficar desse jeito! - Digo a encarando - Eu nunca te fiz nada!

- Fez! - Ela grita - Você fez! Parece que meu pai foi obrigado a ficar com minha mãe! Se você e aquela vadia da sua mãe não tivesse existido seríamos uma família mais feliz!

- Como é que é? - Digo furioso.

- Isso mesmo que você ouviu! - Ela me encara.

- O que você disse? - Digo me aproximando dela.

- Se a vadia da sua mãe não tivesse se relacionado com meu pai você não estaria aqui agora! - Ela diz sinicamente.

Após ela dizer a última palavra a pego pelos ombros furioso e começo a balançar a garota que se assusta com minha atitude. Minha vontade era de dar vários tapas na cara daquela menina que já estava me irritando desde o dia em que coloquei os pés nessa casa.

- Cala a boca! Cala a sua boca! Não fala da minha mãe sua imbecil! - Grito balançando a garota - A próxima vez que você falar da minha mãe...

A garota sem reação me olha surpresa por minha reação, ainda a balançando dava para ver o medo nos seus olhos.

- Nem sei o que faço com você! - Termino de dizer

Carla se solta de minhas mãos e se afasta de mim em direção a pia, surpresa e parecendo estar com medo. Suspiro, a encaro e ela me diz:

- Sua mãe é uma vadia e você é uma bicha louca!

- Vá a merda sua...

Antes te terminar a frase, Carla pega o copo onde eu havia colocado água que estava ao seu lado na pia e joga em mim. Sinto aquele líquido gelado se chocando e escorrendo pelo meu rosto e molhando minha camisa. Fecho os olhos com a água que passa pelo meu rosto e logo após abro e olho para Carla que está em minha frente. Andrew aparece na porta da cozinha e surpreso sem entender nada ele diz:

- O que está acontecendo aqui?

Carla se surpreende com Andrew e desesperada ela corre para seus braços. Sem olhar para eles escuto Carla dizer:

- Pai! - Ela o abraça - O Will me bateu pai!

- O que? - Andrew pergunta surpreso olhando para ela.

- É pai! Sorte que você chegou a tempo! - Ela diz fingindo estar chorando.

Me viro devagar e começo a olhar para os dois surpreso com o que ela disse. Carla parecia estar chorando com o rosto escondido e Andrew surpreso me olha e diz:

- Will você fez isso? - Ele pergunta seriamente.

- Eu não fiz nada! Essa garota me odeia! - Digo tentando me explicar.

Carla aumenta o tom da voz no seu falso choro e diz:

- Eu não te fiz nada! - Ela diz ainda fingindo estar chorando.

Andrew me olha sério com Carla em seus braços. Eu sabia que ele não iria acreditar estar em mim, em um filho que ele voltou a conviver agora a pouco tempo. De boca aberta com aquilo tudo, passo pelo os dois rapidamente e subo para meu quarto.

Chegando lá, abro a porta rapidamente e esqueço de fechar. Vou até minha cômoda, a abro e pego minhas roupas jogando na cama. Rapidamente pego minha mala que está ao lado direito da cama no chão, e a jogo encima da cama aberta. Começo a colocar minhas roupas do jeito que estava, ainda nervoso. Após colocar aquelas poucas camisas dentro da mala, volto para para a cômoda, abro outra gaveta e jogo as calças que havia trazido encima.

Andrew aparece na porta e percebe que eu estava fazendo a mala e vagarosamente entra no quarto observando tudo. Sem dar a mínima continuo fazendo a mala. Passo por Andrew para pegar o resto das coisas e ele diz:

- O que está fazendo? - Ele diz calmo.

- Minha mala não está vendo?! - Digo nervoso passando por ele com duas camisas na mão.

- Filho você não pode ir embora assim!

Coloco as coisas na mala e ele novamente diz:

- Como você quer que eu me sinto com isso que você...

- Eu quero que você acredite em mim! - Interrompo olhando para ele - Mas estou vendo que não consegue fazer isso...

Andrew fica quieto sem dizer uma palavra. Me sento na cama e devagar e calmo, coloco duas peças dentro da mala. Após isso, abaixo a cabeça e digo:

- Eu sei que é errado, eu sei não adianta me dizer que é... - Olho para ele - Mas eu não fiz isso com a Carla! Eu não agredi ela!

Andrew me olhava sem dizer nada, quieto do seu jeito e após um tempo olhando para ele, ele diz:

- Eu vou conversar com a Carla e vai ficar tudo bem filho!

Ele me olha parecendo ter acreditado no que eu disse, deve ter percebido como fui sincero nas poucas palavras que falei. Após isso, Andrew sai do quarto dizendo:

- Desfaz a mala filho! - Ele me olha perto da porta - Eu não quero que você vá e me deixe agora. O tempo em que tive com você eu não soube aproveitar! Não quero que vá agora e me tire essa oportuinidade...

- Eu sei como você teve a Carla, e o porque de ter nos deixado... - Digo olhando para ele - A Carla me disse.

- Filho eu fiz o que era preciso! E nem por ter te deixado eu deixei de te amar! - Ele me olha ternamente - Por favor fique...

Olho para Andrew e seu rosto estava me pedindo aquilo. Nunca havia percebido tanta sinceridade naquele olhar e no tom de sua voz. Andrew fecha a porta.

Já era de noite, estava trocado para dormir, então decido descer para beber água antes de me deitar. Ando pelos corredores e desço a escada lentamente ouvindo algumas vozes. Paro e olho para o lado da sala e vejo que Andrew conversava com Carla sentados no sofá.

- Filha, eu sei como você se sente em relação ao seu irmão, mas ele é seu irmão! Tenho certeza que quer manter um bom relacionamento com você! - Andrew diz.

Não conseguia escutar tanta coisa, apenas via com dificuldade Carla de cabeça baixa, apenas ouvindo o que Andrew dizia. Estava com sede, porém decido não descer para atrapalhar a conversa dos dois e voltar para o quarto, é o que eu faço.





Meia-Noite (ROMANCE GAY)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora