25. Estrada de Sentimentos

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Abro a porta e vejo ela sentada do outro lado da cama segurando seu urso. Doía em meu coração ver ela triste por mim. Julie percebe que estou em seu quarto, se vira e olha para mim. Seu rosto branco como a neve me olha atentamente e diz:

-Will? Você vai embora? - Pergunta minha irmazinha triste.

Caminho perto dela carregando uma das malas, sento ao seu lado na cama, abraço Julie e dou um beijo em seu rosto. Abro minha mala e digo:

-Quero que fique com isso! - Digo tirando meu PSP da mala e estendendo para Julie.

-Seu PSP? Pra mim? - Pergunta ela surpresa. - Você não deixava eu jogar nele.

-Sim irmã, quero deixar com você. - Digo forçando um sorriso.

-Mas Will... Isso é seu! - Diz ela tentando me devolver.

-Não! - Rejeito. - Isso é seu agora irmã! Coloquei alguns jogos na memória para você!

-Will obrigado, vou cuidar bem dele. - Diz ela olhando para o portátil. - Will você vai embora? Por que?

-Eu vou voltar um dia irmã, vai ser como uma férias tá? Eu vou e quando essa férias acabar eu volto, a única diferença é que eu não sei quando ela acaba, mas eu voltarei! - Digo sorrindo.

-Mas por que? - Ela pergunta ainda triste.

-Algum dia você vai entender...

Julie me olha atentamente, triste, e me abraça. Logo após me abraçar, ela me olha e diz:

-Vou sentir muito sua falta!

-Eu também irmã! - Digo acariciando seus cabelos.

Logo após me trocar e me arrumar, pego minhas malas e sigo para fora de casa, onde minha mãe, Julie e Andrew me espera. Abraço mamãe e Julie me despedindo. Logo após caminho até o carro de Andrew que está parado em frente. Fico esperando Andrew se despedir das duas.

Após se despedir de sua filha, Andrew abraça minha mãe e Julie me olha com o PSP na mão. Ela corre em minha direção e me abraça novamente e chora em meus ombros.

Miranda, lavando a calçada de sua casa a frente, observa tudo aquilo tentando entender o que estava havendo.

Choro junto da minha irmã, ela não sabia o que estava havendo, o porque de eu me afastar dos meus amigos sem querer, se afastar da minha família e abandonar aquele colégio. Mas era preciso ir para longe dali, sabia as consequências se eu ficasse por aqui, sabia que não iriam me aceitar, que iriam entrar em guerra por eu ser quem eu sou, por viver sem esconder quem realmente sou de verdade. Me dói muito ir embora, abandonar tudo por isso, a vontade de sumir era enorme, mas a vontade de viver livremente sem ser interrompido, sem ser machucado era maior.

Andrew e minha mãe caminha até nós. Andrew diz:

-Vamos filho...

Paro de abraçar a pequena loira dos olhos azuis em minha frente e digo me abaixando:

-Seja feliz irmã, não se importe com o que vão dizer! Seja você, seja louca ou quieta, gostos ou preferências são suas! Não tente gostar de algo se não gosta para agradar as pessoas! - Digo sussurando em seu ouvido.

Após isso dou um beijo no rosto de Julie e entro no carro pelo porta de trás. Andrew coloca minhas malas no porta malas e entra no carro. Abro a janela e faço o sinal de Tchau, até Andrew dar partida no carro e seguir para LandWood.

Já era, já estamos no caminho e não tinha como voltar, tudo ficou para trás e a partir de agora tinha que apagar Christian definitivamente de minha mente e do meu coração, tinha que "mudar" .

Andrew olha pelo retrovisor, vendo que olho pela janela e diz:

-Filho você não vai se arrepender de vir morar comigo um tempo, você precisava disso que eu sei. - Diz ele ainda dirigindo.

Não respondo nada, apenas olho para a rua e observo os lugares. Passo em frente a escola, onde vivi muitos momentos desde o primário, olho do outro lado e vejo a lanchonete onde Ashley trabalhava, onde a conheci e passei muitos anos e intervalos por lá. Mais para frente, passamos em frente a Waterfront Park, onde eu e Christian nos beijamos pela primeira vez, onde a meia-noite eu me apaixonei mais por ele, que pena ter acontecido tudo isso e ele ser o tipo de homem que é, que quando conheci ele transparecia ser outro. Ainda o amava, e me culpava por isso, por ter me apaixonado pela pessoa errada, queria poder arrancar esse sentimento de uma vez de dentro do meu peito, e tirar a imagem de Christian da minha memória já que ia embora e não iria o ver mais.

Meu coração dispara ao ver Waterfront mais uma vez. Aquele momento foi mágico para mim, apenas aquele momento onde eu me entreguei para a única pessoa de verdade com um beijo sincero a meia-noite, horário que não esqueceria mais tão fácil. Andrew pega a estrada agora saindo de Portland.

Meia-Noite (ROMANCE GAY)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن