16. Segunda-Feira

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SEGUNDA-FEIRA...

O dia amanhece, o despertador toca...

Me levanto e começo a tirar a roupa que estava vestido no domingo.

O espelho que ficava a frente ao lado da cômoda, refletia minha imagem acabada, sem animo e nenhuma vontade de ir para o colégio. Vesti minha roupa de escola e termino de me arrumar sem animo, escovo os dentes, lavo o rosto, arrumo o cabelo e saio para fora passando pela sala. Lá, Julie está deitada no sofá, entre uma coberta rosa. O dia amanheceu frio e esse era um dos motivos para não querer ir para escola, eu não sabia o que me esperava naquela lugar depois de sábado.

Passo perto de Julie e pergunto:

-Cadê a mamãe?!

-Ela ainda está dormindo Will! - Diz Julie em tom baixo com voz de sono.

-E você acordou agora? -Digo segurando a maçaneta para abrir a porta.

-Sim, quando o seu despertador tocou. - Ela tosse fraco. -O papai vai vir aqui, vou ficar esperando ele.

-Aaah... -Digo sem animo.

Abro a porta e a fecho. Caminho em direção ao banco na frente de casa e me sento para esperar o ônibus da escola.

Meu domingo não foi nada bom, passei o dia calado tentando me destrair, até ajudei minha irmã com o dever de casa e minha mãe com a limpeza, porém toda aquela preocupação com a festa de sábado na saia da minha cabeça.

A minha vontade era de voltar para casa e não ir para o colégio, eu não estava preparado para as pessoas soubessem que eu sou Gay, ainda por cima, estava muito mal por Christian ter me desprezado, me sentia um lixo, acordei como um.

Coloco meu fone e dou play em uma música. Lá estou eu, sentado naquele frio esperando o que ia acontecer daqui em diante, pensava na minha melhor amiga e o que ela iria pensar, pensava em tudo, minha cabeça estava como uma montanha russa, subia nos pensamentos, descia e fazia curvas.

Vejo o ônibus longe dali, me levanto e coloco meu celular no bolso com meu fone ainda colocado nos ouvidos. O ônibus para em frente a minha casa e entro. Dou Bom dia para Frederico, o motorista que fazia a rota do meu bairro e outros por perto e sigo a esquerda entrando no espaço onde fica os bancos. Algumas pessoas me olham estranho e vou para o último banco do lado da janela.

Algum tempo depois, chego na frente do colégio. Espero todos descerem e em seguida caminho em direção a pequena escada. Saio olhando para os lados e avisto Alissa sentada no mesmo banco em que ela acostumava ficar sentada mexendo no celular.

Penso bem antes de ir até ela, a mesma pode ter ficado sabendo do que aconteceu ontem.

Já era! Ela me viu...

Decido ir até Alissa como se nada estivesse acontecido. Chego dizendo:

-Olá Ali! - Abraço ela.

-Oi Will! - Diz ela meio triste. Nos meus braços.

Pelo tom de voz já descobri que ela sabia de tudo que aconteceu, coisas assim se espalham muito rápido.

Paramos o abraço e ela me olha por algum tempo. Sua expressão estava triste, desanimada, parecia estar mais triste que eu. Não sabia o que dizer para ela, então fico quieto e espero que ela diga algo já me xingando, me chamando de viado como o amigo de Christian e ele próprio me disse.

Ali me olha e sua boca começa a mexer e logo após ela começa a falar:

-Por que não me disse?! - Ela continua me olhando. - Por que não me contou?!

Meia-Noite (ROMANCE GAY)Where stories live. Discover now