4. Waterfront

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Eu não estava acreditando na cena, parecia que os dois ainda eram casados e nem casados minha mãe fazia aquilo por ele. Fico ali parado e observando aquilo até minha querida Ana dizer:

-Will vem cá comer o bolo que eu preparei especialmente para você e seu pai! -Diz ela já pegando a faca na gaveta para fatiar o bolo.

-O que? -Falo caminhando devagar para perto dos dois.

-Estava com saudades filho. -Diz ele me olhando sentado na cadeira entre a mesa com centro de vidro.

-E eu quero saber se você está ou não com saudades?! Você nunca se importou e não é agora que vai se importar!

-Filho estou arrependido de tudo que eu já fiz. Vim aqui especialmente para te pedir perdão!

Não acreditava naquilo, ele nunca me pediu perdão por nada nesse mundo, nunca falou naquele tom calmo e suave comigo. Ele vira o rosto e olha para minha mãe que observa aquilo e se manifesta dizendo:

-Vocês são pai e filho e um dia terão que se entender! -Diz ela olhando diretamente para mim.

-Eu não fiz nada de errado, já ele... -Digo olhando para o Sr. Andrew.

-Will?! -Mamãe chama minha atenção.

-Até depois.

Depois daquela curta discussão, abandono os dois e vou para meu quarto como se nada estivesse acontecido, abro a porta e fecho normalmente.

"Eu não posso me esconder! Não posso ficar sempre nesse quarto como antes! E não vou continuar aqui, vou sair antes que fico louco! "

Penso em minha mente e logo após isso, levanto da cama disposto e vou me trocar. Abro a gaveta do meu guarda roupa, escolho uma camisa branca e um shorts preto. Após escolher a roupa casual, tiro minha camisa do colégio e após isso arranco minha calça jeans preta junto com o tênis branco e as meias também brancas. Após isso, visto a roupa escolhida e calço meus pés tamanho 40, com chinelos azuis.

Olho para meu celular que estava ao lado do meu computador ao lado da escrivaninha, decido não o levar, para minha mãe ou o Andrew não tentar me incomodar. Saio pela porta e andando pelo corredor dou de cara com Andrew que diz em tom baixo:

-Ei, espera filho!

-Com licença! -Digo avançando e desviando de seu caminho.

Saio pela porta e sinto o ar puro e o vento gelado batendo em minhas pernas e meus braços pelados, em um tempo ensolarado aquilo era muito bom como andar pela rua e bater um frio e se esconder nele na sombra do sol.

Saio sem direção, sem ter para onde ir, andando pela calçada debaixo do sol. Estava cansado de tudo, cansado da cidade urbana e dos barulhos do carros e sentia que teria que me refugiar em algum lugar com mais grama e longe das ruas de asfalto e me lembro do Waterfront Park que ficava um pouco longe dali. Caminho para em direção ao parque devagar e sem me apressar.

Eu não podia e não deveria voltar a querer ter um pai presente em minha vida, pois já havia me costumado com as coisas do jeito que são. Vejo flashbacks em minha mente, me lembro do dia em que ele foi em minha reunião de escola da quinta série e Andrew vendo minhas notas com cara de surpreso, na frente de todos os alunos e pais e professores me diz:

-O que é isso William? Que notas são essas? Você não estudou garoto? Eu disse para você sair daquele vídeo game e se dedicar mais aos estudos! Uma semana sem ver TV. - Eu queria sumir da sala de vergonha e em meus olhos acumulava gotas de água, porém não as deixo cair.

E por uma semana e vivi em meu quarto com os fios do computador escondidos por Andrew e de noite, quando na TV passava filmes ótimos no horário das 9 da noite, todos os sábados, eu abro a porta e colocando metade de minha cabeça para fora e vejo a família toda reunida. Papai, mamãe, irmã e eu... eu não estava lá, estava apenas com vontade de ir lá pois meu pai sempre quando saia de seus castigos, ele me colocava de volta.

Meia-Noite (ROMANCE GAY)Where stories live. Discover now