Capitulo 6

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Elisa sentia-se culpada por não estar de luto. O seu pai estava morto e ela deveria estar em casa, vestindo roupas pretas e repassando as poucas memórias que tinha de Otávio demonstrava afeto. Porém, montava o cavalo mais veloz da fazenda, desfrutava os prazeres do sol no fim da tarde. No entanto, Elisa tinha problemas maiores.
Entrou no estábulo, encontrando Juan carregando feno para alimentar os cavalos. Elisa criava coragem para fazer o que era preciso. Aproximou-se da figura imponente evitando fixar o olhar no dele, enquanto tentava lhe fazer a proposta que mudaria a vida de ambos.
- Quero te contratar para ser o meu marido.
Juan gargalhou, considerando aquilo uma piada.
- Eu não sabia que a senhorita tinha o habito de brincar com coisas serias.
- Mas não estou brincando.
Juan fixou os olhos em Elisa, a analisando melhor. Não acreditava que ele estivesse falando serio. Nervoso, perdeu o bom humor que mantinha até o momento.
- E o que isso significa?
- Eu pago cem mil dólares. - Sem mais delongas, Elisa deu um preço razoável. Se ele achasse pouco, teria que dá um valor acima.
Juan arregalo os olhos , imaginando os zeros no cheque. Seria mais do que o suficiente para pagar suas dividas, e conseguiria devolver a fazenda Gonzáles sua gloria.
Mas qual será o motivo para a proposta? Juan estava realmente intrigado.
- Posso saber o motivo?
- Não, não pode. Deixe-me explicar o que estou propondo á você: ficará casado comigo apenas no papel, não será um relacionamento sério, e poderá se relacionar com outras mulheres. Além de receber cem mil dólares sem fazer absolutamente nada.
- Por quanto tempo?
- Até que a morte nos separe. - Comentou sorrindo - Só por um tempo e tem que está disponível para manter as aparências. Pode ter sua própria vida, depois do casamento.
- Isso é muito suspeito. Porque isso agora?
Sem paciência, Elisa revelou a verdade.
- Meu pai colocou um termo no testamento que me força a me casar para não perder a fazenda.
Incrédulo, Juan Carlos fechou os olhos por alguns instantes, numa tentativa desesperada manter o controle e a calma.
- Entendo. Então isso é por dinheiro...
As esperanças de que aquele pedido fosse a atitude de uma mulher secretamente apaixonada. Não lhe espantava que ela fosse capaz disso. O dinheiro a proporcionava a vida que está acostumada.
- Não tenho o dia todo, Juan. Preciso que me dê a resposta agora. Você aceita casar ou não?
Juan pensava nas orações que havia feito á Deus pedindo uma solução dos seus problemas. No entanto não imaginava que fosse pedido em casamento daquela maneira. O que mais poderia fazer, além de receber o presente que o destino lhe dava.
- Aceito.

Juan Carlos fez um único pedido para Elisa: que alguém fosse cuidar da sua mãe, enquanto estivesse viajando.
Ela entendia a sua preocupação. Já que Maria era uma mulher sozinha e ficaria isolada. Para evitar aborrecimento, pediu que Firmino a levasse para a casa branca, onde Rosa e Tereza a faria companhia. O acordo entre os dois era um segredo para os moradores de San Pedro. E assim deveria continuar sendo, até depois do divórcio. Amaldiçoaria o dia que fosse conhecida como a mulher de um Zé ninguém.
O jato particular que Elisa alugou voava rapidamente pela noite escura. Ela o alugara no aeroporto do México. A alternativa, de espera por seis horas um vôo comercial para casa, lhe pareceu impossível.
O avião era bem parecido com o luxuoso modelo que a família possuía. Piloto e co-piloto havia sido altamente recomendados, a comissária de bordo era agradável e eficiente. Certificará de que Elisa estava confortável, que tinha uma taça de excelente Bordeaux na mesa ao seus lado, que o filé-mignou estivesse perfeito para o jantar, não que ela estivesse com animo para jantar, e então desapareceu de vista.
O vôo noturno geralmente era um ótimo momento para se relaxar após um dia difícil. Desta vez, ela não estava só.
Havia um homem sentado na outra fileira. Ele sentava com os braços cruzados, o chapéu de cowboy cobria os olhos. Parecia que Juan não tinha dificuldade em adormecer.
Era um desconhecido, malvestido e desleixado.
E, por acaso, noivo dela.
Noivo.
A palavra, o próprio conceito, era impossível de se conceber. Ela, a mulher que jurava nunca mais aproximasse de qualquer espécie masculina. Agora, iria se casar com um homem que não conhecia, de que não gostava, que não queria, não mais do ele a queria.

A primeira visão que Juan teve de Nova York o deixou maravilhado. Luzes, o que pareciam milhões delas, piscando embaixo do avião, como brilhantes sobre o veludo negro. Assim que o jato começou a descer, ele pode ver que as luzes se moviam. Eram as luzes de automóveis percorrendo infinitas auto-estradas que se cruzavam. A vida nas cidades grande eram agitadas e eufóricas.
O avião aterrissou com um delicado solapando contra a pista de pouso. O comandante fez um agradável anuncio, dando a eles boas vindas á New York.
Só deus sabia o que vinha pela frente. O que quer que fosse, Elisa enfrentaria com coragem.
O avião finalmente parou. A porta se abriu com um shoosh. Minutos depois, Juan e Elisa estavam na frente do aeroporto, pegando um táxi. Juan acomodou a mochila no porta malas, e ajudou o taxista com as bagagens que pertenciam a Elisa. Ele entrou no veiculo, sentando ao lado dela. Elisa o analisava criticamente. Juan vestia-se como um peão, sem estética ou vaidade. Tinha que dá um jeito naquele sujeito.
Disse o endereço do spar que frequentava, onde encontraria um velho amigo que a ajudaria com aquele caso perdido.
- Aonde vamos?
- Vou te levar para o James.
Juan imaginava que conhecer os amigos dela seria parte do trabalho. Estava relaxado, até que entrou no espaço totalmente luxuoso. E vira o tal de James. Uma figura peculiar tanto nos modos, quanto nas vestimentas. Possuía cabelos descoloridos, roupas extravagantes e uma voz irritantemente alta.
- Querida! - assim que James a viu de longe, saiu correndo alegremente. Abraçando e beijando a face de Elisa com total liberdade. - Retornou a minha presença. Está mais linda do que nunca.
- Obrigada, James. - quando Elisa puxou Juan pelo braço e o trouxe para perto, James surpreendeu. Ele olhou com desaprovação para o Juan. - Esse é o meu noivo, Juan Carlos Gonzáles. Ele é o seu projeto de hoje.
James começou a rir dramaticamente. Vendo que Elisa falava a serio, tornou-se incrédulo. No entanto, Juan que ficará de boca aberta com a revelação. Assim voltou a realidade, ele a puxou pelo o braço, furioso.
- Isso é um absurdo! Acha mesmo que vou permite que brinque comigo?
- Não discutir com você, Juan. Olhe para mim, e olhe para você. Acha mesmo que vou permite que meu noivo tenha essa aparência deplorável?
Não preciso dizer mais nada, para que Juan sentir-se um lixo. Ela estava certa. Era um fazendeiro falido e ela praticamente a princesa do café. A realidade feria o seu orgulho e a sua dignidade. Permitiria que a mudança fosse feita pelo o dinheiro, mas nunca se esqueceria dessa humilhação.
- Já que está tarde demais para chama um cirurgião plástico, vamos improvisar. Adoro um desafio.
James guiou Juan para dentro de uma sala, e voltou logo a seguir, acompanhado de uma moça.
- Querida, essa é Ellen, minha assistente. Ela vai ajudá-la no que precisar.
- É um prazer conhecê-la, Srta Monteiro.
Com um breve aperto de mão, Ellen acompanhou Elisa para ver as inúmeras lojas que o spar contém.
- Eu preciso de um guarda roupa completo para Juan. Roupa intima, de banho, calças, camisas e ternos. Sua aparecia deve ser formal, mas com um toque de ousadia. Quero que ele se transforme em um homem agradável. Um verdadeiro príncipe.

Marido de AluguelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora