Capítulo 21

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Aquele dia já tinha mexido muito com as emoções de todos naquela casa. Isadora estava muito preocupada com Elisa, não comeu nada, e passou maior parte do dia trancada no quarto chorando. Mas o que poderia dizer para amenizar sua dor? Fernanda mostrou um lado que nunca tinha visto. Como mãe, Isadora estava arrasada.
O celular de Elisa tocava insistentemente.
- Alô?
Isadora atendeu, e não reconheceu a voz.
- Olá, quem fala?
- Esse é o celular de Elisa Monteiro? Meu nome é Samuel Luck, trabalho na empresa como contador. Preciso falar urgentemente com ela.
- Sinto muito, mas minha filha está impossibilitada de falar com você. - Isadora lembrou que Elisa havia falado da crise. - Aconteceu alguma coisa?
Samuel ficou um minuto em silêncio pensando se deveria falar ou não. Isadora notou que o receio do rapaz, afinal, não sabia em quem poderia confiar.
- Senhor Luck, você conseguiu prova contra minha filha Fernanda?
- Senhora Monteiro, sinto muito. Mas sim.
- Não se preocupe. Pode falar abertamente comigo. Se Fernanda fez algo errado, mesmo sendo minha filha, irá se resolver com a justiça.
Isadora até aquele momento penso que as suspeitas contra Fernanda fosse um engano. Seu coração se apertava no peito em decepção.
- Senhora, chegou os relatórios da bolsa de valores de Londres, e houve diversas movimentações do capital da empresa minutos antes que da bolsa fechar. - Samuel deu uma pequena pausa e continuou. - Chegou correspondências de vários bancos. Eles estão rastreando as contas. Estão investigando os movimentos em todos os bancos. E o que consegui interceptar das informações, todas as contas em dólares intermediárias estão no nome de Fernanda Monteiro e seguem para o exterior entre outras contas paralelas.
- Meu Deus... - Os olhos verdes de Isadora se encheram d'água. - É verdade. Fernanda fez lavagem de dinheiro na empresa.
- Eu sinto muito por informar tudo isso para a senhora. Mas preciso saber o que faço todos os relatórios.
Isadora não queria incomodar Elisa, seria melhor se ela pudesse jantar e ter uma boa noite de sono, do que jogar mais essa bomba na filha.
- Senhor Luck, vou pedir para nosso advogado ir para empresa. Ele vai levar para a polícia todas as provas.

_*_

Minutos após ter feito a ligação para Jorge, Isadora foi ao quarto da filha. Elisa já estava acordada e vestida para sair. Mesmo abalada psicologicamente, tinha que trabalhar para salvar a empresa.
- Filha, preciso falar com você. - Isadora acariciou os cabelo, preocupada. Elisa não parecia ter dormido bem, já que tinha as olheiras. - Samuel, já tem todas as provas da lavagem de dinheiro que Fernanda fez na empresa.
Elisa notou a fadiga da mãe. Todos aqueles problemas que Fernanda havia causado estava surgindo rapidamente. E era decepção demais para o coração de Isadora. Mesmo a filha sendo uma bandida e traidora, ainda era sua filha. Não conseguia odiar ela pelo o que fez.
- Mãe, preciso ir para empresa agora.
- Eu vou com você.
Elisa queria impedir, mas cedo ou tarde, ela iria saber o destino de Fernanda. E se tinha realmente provas, ela iria receber a pena devida pelo seu crime.
Durante o trajeto, Isadora e Elisa conversaram sobre a ligação de Samuel Luck. E assim que chegaram na empresa, encontraram Jorge, Samuel e outros cincos policiais. Após uma breve apresentação, Elisa questionou o andamento da investigação.
- A auditoria da empresa já começou. Mas Fernanda ainda não apareceu na empresa. A secretária disse que ela veio ontem, no entanto, pegou algo e logo saiu.
Alguém bateu na porta e logo em seguida entrou no cômodo. Elisa arregalou os olhos a reconhecer a figura masculina.
- Elisa, queria conversar com você por um momento. - Bernardo murmurou estranhando ver a polícia na sala da presidência.
- Não posso agora...
- Por favor, é importante.
Elisa se retirou da sala e acompanhou Bernardo até a sala de reunião. Ele parecia bem sério. Ela estranhou a atitude dele.
- Elisa, não suporto enrolação, então vou falar tudo que sei de uma vez. - Bernardo murmurou apreensivo. - Fernanda drogou Juan Carlos alguns dias atrás.
Elisa o fitou pasma, sem conseguir articular algo, Bernardo continuou dando detalhes do que viu no restaurante.
- Ele desmaiou logo após beber o tinha no copo. Dois homens ajudaram Fernanda a levarem Juan. - Bernardo deu uma pequena pausa vendo a confusão no olhar de Elisa e continuou. - Reconheci um dos homens, era Lorenzo Loyola. Não sei o que aconteceu depois, mas Juan estava inconsciente.
Enquanto Bernardo falava Elisa juntava as peças desse quebra cabeça. O motivo da dor de cabeça que Juan falou quando chegar em casa, era o boa noite cinderela que Fernanda lhe deu. As fotos deve ter sido tirada por Lorenzo. Tudo fazia sentido.
- Ontem tive uma briga com Fernanda...
- Você viu ela? - Elisa o interrompeu bruscamente. - Onde ela está?
- Ela falou que vai sair de férias para Europa. Ela vai viajar hoje...
Sem perder mais tempo, Elisa saiu correndo e voltou imediatamente para sala da presidência.
- Fernanda está fugindo! - Elisa entrou na sala gritando. - Ela vai viajar para Europa.
- Não pode fugir! Vamos diretamente para aeroporto.
Os policiais saíram em seguida, deixando Elisa, Jorge e Isadora para trás.
- E agora? O que vamos fazer? - Isadora perguntou, nervosa.
- Vamos também para o aeroporto.
- Vocês duas estão muito nervosas. - Jorge falou preocupado. - Não posso deixar que vão sozinhas, podemos ir no meu carro.
- Muito obrigada, Jorge.

_*_

A perseguição policial atravessou a cidade em alta velocidade. As viaturas chegarem no local com a ordem para deter o avião. O som da sirene da polícia chamou atenção de todos ao redor.
Os policiais atravessaram o aeroporto, correndo até check-in.
- Avisaram que estávamos vindo?
- Sim, Senhor. Mas quando avisaram o jato já havia decolado.
- Peça que voltem! Nesse avião tem uma mulher com contas para acertar com a justiça.

Após alguns minutos, Jorge, Isadora e Elisa chegaram no aeroporto. E encontraram alguns policiais na sala de embarque. Jorge foi conversar com o sargento da polícia para conseguir alguma informação. Enquanto Isadora e Elisa ficaram perto das grande janela de vidro, observando todo o movimento da polícia na pista de decolagem. Mas não havia nenhum avião por perto.
Isadora juntou as mãos apavorada com tudo aquilo.
- Você acha que ela conseguiu escapar?
- Não sei, mãe. Temos que esperar para ver.

A aeromoça entregou uma taça de espumante para Fernanda e Lorenzo, e ambos brindaram. O casal estava acomodados no jato de luxo alugado com destino a Europa.
Fernanda não iria viajar por horas de qualquer jeito. Escolheu o mais luxuoso jato que havia disponível. Com capacidade de até 12 passageiros, que contam com mesa dobrável, cozinha completa, cafeteira, luz de leitura e muitos outros benefícios. Seu interior espaçoso é dividido em três áreas e comporta o maior volume de bagagem de sua classe. Além disso, suas 22 janelas garantem ao modelo um voo excepcionalmente claro.
- Já somos livres! - Fernanda falou triunfante, quando ela e Lorenzo ficaram sozinhos. - Ninguem mais poderá me colocar na cadeia.
- Finalmente, podemos respirar aliviados.
Lorenzo estava mais ansioso do que aliviado. Queria apenas receber sua parte do dinheiro e abandonar Fernanda. E nunca mais vê-la. Esse era seu plano. Mas algo estranho aconteceu. O jato particular parecia está saindo da rota.
- O avião está dando a volta, como se estivesse a regressar.
- Fiquem tranquilos... - a aeromoça retornou, tentando acalma-los.
- O avião está com algum defeito? - Lorenzo perguntou nervoso.
- Não, Senhor. Não é nada.
- Então não voltem. - Ordenou Fernanda, sombria. - Não posso voltar!
- Porque está tão nervosa, Senhora? - a aeromoça perguntou, tentando distrair Fernanda.
- Preciso resolver na Europa um assunto muito importante. - Fernanda mentiu, naturalmente.
- Estamos voltando para o aeroporto, Fernanda.
Lorenzo olhou pela janela alarmado.
- Calma, não tem perigo algum. - Aeromoça murmurou tranquila.
Fernanda sentiu a descida gradativa revirando seu estômago. Quando Finalmente o avião parou, ela olhou para a janela e viu duas viaturas da polícia. Fernanda engoliu em seco, suando frio. Estava cercada e não tinha como fugir. Enquanto a aeromoça abriu a porta do avião, tentou elaborar um plano. Entretanto, já estava ficando sem idéias. Nunca imaginou que seria capturada tão facilmente. Ninguém sabia de seus planos, além de Lorenzo. E olhando para ele tinha certeza que não era possível ter lhe traido, pois, parecia havia visto um fantasma.
O policial entrou no jato, e lhe mostrou o mandato de prisão.
- O que você quer comigo?
Fernanda perguntou, enquanto se forçava a manter a calma.
- A Senhora está detida.
- Mas... Está havendo um engano!
O policial lhe agarrou pelo pulso sem paciência, mas bruscamente, Fernanda se soltou fingindo está ofendida.
- Não se atreva a encostar um dedo em mim.
Ela pegou a mala de mão e foi em direção a saída. E assim que desceu, foi cercada por vários polícias.
- Melhor não resistir. Estou avisando.
Quando o outro policial tentou segura-la, ela fez outro movimento brusco, deixando cair a mala, que se abriu. Os policiais viram o seu conteúdo: passaporte falsos, vários maços de dinheiro e jóias.
Desesperada, ela tentou correr, no entanto, dois homens a seguraram pelos braços. E logo em seguida colocaram as algemas em seus pulsos.
- Sou inocente. - Fernanda gritou várias mentiras como último recurso, enquanto era arrastada pelos policiais.
Ela olhou em volta, e Lorenzo também recebeu o mesmo tratamento que ela. Estava algemado e caminhando para a viatura mais próxima.
- Foi ele! - Fernanda apontou para Lorenzo que a fuzilou com os olhos. - Lorenzo que fez as transferências, que planejou tudo. Eu sou uma refém... Ele me forçou...
- Sua Desgraçada! - Lorenzo gritou, resistindo a prisão. - Se vou para a cadeia por sua causa, vou fazer por merecer.
Em um movimento rápido, Lorenzo empurrou um dois policiais e no outro deu uma cotovelada. Ele pegou a arma da cintura do agente e disparou várias vezes em direção a Fernanda. Tanto Fernanda, como o policial ao seu lado, foi atingidos. Os policiais ao redor, o imobilizaram. Depois de desamar, colocaram ele na viatura.
E correram para socorrer os feridos, felizmente, o companheiro havia levado um tiro de raspão no braço. Com tudo, Fernanda não teve a mesma sorte. Foi alvejada pela maioria dos disparos e já estava sem vida.

Marido de AluguelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora