Capitulo 2

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O chão parecia ter desaparecido. Elisa vaga pelas ruas arrastando a sua bagagem, enquanto tentava organizar o seu pensamento. Ergueu os olhos para o céu, deixando as lagrimas caísse livremente. Não teria medo dos falatórios, muito menos fingiria que não havia amado Bernardo. Elisa estava sendo enganada. A pessoa quem ela pensava está apaixonada a traia. Pensou que Bernardo era um homem diferente dos outros, mas era o pior de todos. Assim que enxergou a verdade, notou que ele não merecia o amor que Elisa tinha por ele, que não devia ter desperdiçado se quer um minuto da sua vida pensando em alguém que não a merecia. Para ser sincera, machucava mais ser humilhada, publicamente por ter que cancelar o casamento, do que a traição em si.
Elisa fez sinal para o taxi. O taxista ajudou acomodar a mala no porta mala. Quando o veiculo entrou em movimento, ela deu o endereço do único lugar que a apoiaria na situação atual: sua família.
Otavio era um homem de negocio. E criou suas filhas para ter cubos de gelo correndo nas veias e ensinou como administrar os negócios com punhos de ferro. O verdadeiro mistério era que a sua mãe, Isadora Monteiro, a mulher mais doce bondosa que conhecera, ter casado com um homem tão calculista como seu pai. Elisa perguntava-se sempre que os encontrava juntos.
Preparava-se psicologicamente para enfrentar a fúria dele. Elisa tentava amenizar sua aparência deplorável. Ela limpou o rosto o Maximo possível, o rastro que as lagrimas arruinaram sua maquiagem.
- Senhor, espere aqui. Não irei demora - O veiculo parou diante a mansão, ela respirou fundo antes de sair do carro.
Elisa subiu os degraus da residência e tocou a campainha. Ela tinha a chave, mas nunca usara. Este local não era sua casa há muitos anos, quando finalmente consegui ir para faculdade e tornou-se independente prometeu a si mesma nunca mais deixa seu pai controlar sua vida.
Isadora atendeu a visita e surpreende-se em vê-la. Ela saudou-a como sempre fez, com um beijo na testa e um abraço, já que não a via há meses, deu um passo para trás e o olhou criticamente.
- O que aconteceu?
Com a sua mãe, ela sentia-se segura de falar abertamente.
- O casamento está cancelado. Descobri que Bernardo me trai da pior forma possível.
- Santo Deus! Imagino como esteja se sentido. Essa foi à melhor decisão que poderia tomar.
- Obrigada, mãe. Preciso falar com o papai e explicar o ocorrido antes que seja tarde demais. - Tristonha, Elisa deu um sorriso. Acertou quando pensou que sua mãe seria sensata.
- Não importa o que ele diga, estarei do seu lado. Há única coisa que desejo é a sua felicidade - Isadora já imaginava o que Monteiro diria - Seu pai está no escritório. Antes de ir embora, venha falar comigo.
Elisa concordou e seguiu para o escritório. Bateu na porta e entrou. O cômodo estava como se lembrava; paredes entupidas de pinturas melancólicas de Nossa Senhora, santos e fotografias emolduradas de desconhecidos do México, além da abundância de moveis pesados. Monteiro estava sentado por detrás de sua mesa de mogno.
- Bem vinda, minha filha. Se acomode, por favor. - Ele indicou a cadeira na frente da mesa.
O músculo se contraiu na mandíbula de Elisa, quando fixou o olhar nos olhos castanhos de Monteiro, que escurecem até quase se tornarem negros. Elisa hesitou. Era algo notável de ser ver. Ela mal conseguia respirar calmamente na presença masculina. Otavio ganhava mais rugas, os cabelos estavam totalmente brancos. Mas possuía uma postura imponente e esbanjar saúde. Sua aparência idosa, não a enganava. Sabia bem que aquela velha raposa tinha seus truques e artimanhas.

- Papai... Não sei como dizer isso, mas o casamento está cancelado - Finalmente, disse o que encenava na sua mente - Descobri que Bernardo não era a pessoa que pensava. Ele me engano e me traiu...
- Traiu? Filha, você entende que já tudo pronto, os convites foram entregues e a igreja está reservada? - Murmurou Otavio, seu tom deixava claro que nada do que Elisa dizia lhe interessaria.
- Entenda você, papai. Nunca fui tão humilhada na minha vida. Ter aquele cretino na família colocaria nosso nome na lama.
- Todo homem tem suas necessidades. É normal esse tipo de engano acontecer. Agora, passe por cima desse orgulho e esqueça esse deslize.
A suplica era surpreendente. Gostasse ou não, aquele homem havia dado vida a ela, e a sua irmã. Ele as havia, a própria maneira, amado e cuidado. De forma um tanto distorcida ele as ajudava a ser o que eram.
- Normal? Orgulho? Ouça o que está dizendo. Não posso me casar com um homem infiel.
Os lábios de Monteiro se contorceram num sorriso frio.
- Mas se casará. Não me fará de palhaço. Convidei amigos e personalidades importantes do ministério da agricultura. O que pensaram da nossa família?
- Pensaram que nossa família tem honra e decência para fazer o que é correto. Isso tem nada a ver com o meu orgulho, e sim com o seu. O Sr Otavio Monteiro pouco se importa com os sentimentos de terceiros, muito menos com os da própria filha.
Monteiro inspirou profundamente, contando mentalmente até dez.
- Não me responda tão levianamente. Sou seu pai e fará o que eu mandar!
Elisa se debruçou sobre a mesa de trabalho do pai, bateu com as mãos na superfície brilhante e polida do mogno e olhou para ele, furiosamente.
- Não. Nunca irei casar, nem com Bernardo e nenhum outro homem. E você não pode me obrigar, pai!
- Sempre consigo o que quero, sendo por bem ou por mal, minha filha. Posso persuadir que ouça a razão, e pense na reputação que o santo nome que a nossa família possui.
- Me perdoe, papai.
Elisa virou-se de costas, reunindo o resto de coragem que possuía para não chorar. Arrependeu-se infinitamente, por voltar a vê-lo.
- Onde pensa que vai? Volte aqui, sua tola insolente. Não darei se quer um centavo até que se case. Está ouvindo? Vai se casar, mesmo que tenha que ser obrigada.
Ouviu o seu nome ecoa pelos berros de Monteiro. Ela saiu do aposento, usando as portas de estilo Frances que davam para o jardim, encontrando sua mãe no meio das escadarias da entrada. Isadora estendeu em sua direção um envelope.
- Usei o que está aqui para ir para o México. Fique na fazenda, e prove para aquele teimoso o que pode fazer. Conheço você, e sei que é diferente de seu pai em todos os aspectos. Tenho orgulho de você, filha.
Depositou um beijo na testa de Elisa, e a abraço com excesso de carinho. Sem conterem-se, ambas choraram. A nova etapa de sua vida iniciava-se com essa despedida. Livrou-se dos braços calorosos e entrou no taxi.
Elisa olhou em volta, onde viveu seus dias mais felizes na infância. Felizmente, seria a última vez que estaria naquela casa, pisando no gramado do jardim. Ela pediu para o taxista retira-se e lhe disse outro endereço na cidade. Quando perderá de vista a mansão, abriu o envelope, e descobri que contém um par de chaves, um endereço da fazenda e alguns contatos. Deveria ser o telefone da fazenda ou de algum empregado. Seria muito útil, já que não conhecia o local.
Encostou-se no banco, suspirando. Como poderia a vida mudar tanto num dia? Perguntou-se, enquanto ouvia atentamente a musica que tocava no interior do veiculo. Irritantemente, como se fosse cantada para ela. Elisa tentava ignorar aquele sentimento de traição, raiva, decepção, tristeza e solidão. Reconhecia que não era a primeira a senti-se assim. E agora que havia terminado, estava pronta para recomeçar um novo capitulo na sua história, mas seria diferente. Pois, Elisa Monteiro estava focada em ser outra pessoa.

Marido de AluguelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora