Gravida daquele idiota.

As forças do amor

Por Sophia:
As vezes você é obrigado a descobrir o que é tédio, tudo nesse hospital é demorado,  as horas demoram muito à passar e o dia parece não ter fim.  Depois daquela estranha movimentação no hospital fui surpreendida por minha família que veio me visitar,  era estranho como a saudade era um sentimento tão complicado e ruim de se sentir. Você só percebe o amor que você tem por sua família e por todos ao seu redor quando você fica por muito tempo sem vê-los ou quando você quase os perde para sempre. 
  Notei que minha filha havia crescido muito e a cada segundo se parecia mais com o pai,  ela estava falando,  tudo muito embolado mas era algo que as vezes dava para entender,  Flávia continuava a mesma,  faladeira e grudenta que eu amo tanto,  meus irmãos estão mais alegres e felizes mas o que mais me surpreendeu foi minha mãe,  ela parece outra mulher,  mais madura feliz,  amorosa,  mais viva, sinto que tudo o que eu fiz valeu a pena. Assim que eles foram embora eu pensei em dormir,  mas  eu precisava tomar um banho e seria preciso não medir esforços para me locomover. Depois de uns dez minutos tentando chegar ao banheiro foi a hora em que tive que me despir, ainda não entendia o motivo da enfermeira me acompanhar sendo que ela não me ajudava em nada; estava tomando um banho calmo e demorado quando a enfermeira me perguntou aleatoriamente:

-Você por acaso é devota de São José?

Fiquei um pouco sem entender sua pergunta e por alguns instantes  me veio a lembrança do dia em que eu queria pegar a medalha de São José do pescoço do Daniel, como eu sentia falta dele, de cada palavra de cada carinho, do seu sorriso, do seu toque, do seu cheiro, da forma como ele me olhava e me fazia sentir tão completa ao seu lado, parei de flutuar em meus pensamentos e decidir responder a enfermeira que esperava pacientemente minha resposta. 

-Sou sim, por quê? Por acaso você é?

-Mais é claro que sou minha querida, ele fez muitas coisas boas em minha vida e hoje só tenho a agradecer a ele, me desculpe pela pergunta aleatória que eu fiz,mas notei que você tem a medalha dele pendurada em seu pescoço e então fiquei um pouco curiosa para te perguntar isso. 

Olhei em vagarosamente para meu pescoço e acabei tomando um susto por ver que realmente havia uma medalha em meu pescoço, como eu não havia percebido isso antes e o pior foi quando peguei nela e vi que era a medalha que o Daniel usava em seu pescoço. Permaneci calada durante o banho e quando fui para a minha cama fiquei pensando como essa medalha havia parado em meu pescoço......

Médico de Sophia:
Amanhã liberarei a Sophia, sim ela já se encontra um pouco melhor e sua recuperação em casa será melhor para todos,  já conversei com seus familiares e não vamos falar à ela sobre o Daniel; como os dois se amam muito e sei que por causa dela que ele entrou nesse estado e falando com ela poderia prejudicar sua recuperação. Em todos esses anos que trabalho nesse ramo nunca em minha vida tinha visto um casal assim tão unido e que se amasse tanto e que por ironia do destino quase não puderam ficar juntos. 

A vida é algo muito complicado de se entender, uma hora tudo encontra-se no seu devido lugar sem conflitos sem nada que possa atrapalhar um amor de quem se ama de verdade, em outros instantes ela nos da uma rasteira e joga um turbilhão de problema e de coisas que façam com que tudo o que era belo se torne em algo que muitas vezes não vai para frente. Existem pessoas em nossas vidas que só entram com o intuito de nos destruir ou de destruir algo que para nós é muito importante e este é o caso da Sophia e do Daniel , para eles o amor parece algo muito distante mas que sabe um dia por ironia do destino eles possam ficar juntos.....

Por Sophia:

  Pelo que o médico me disse poderei ir para casa daqui à alguns dias e isso me deixa muito animada, mas mesmo com todas essas coisas boas acontecendo sinto que há algo de errado e eu não vou deixar isso de lado assim tão facilmente. Após um noite longa e agitada levantei com as poucas forças que em mim restavam e com muito custo me sentei na cadeira de rodas que se encontrava perto da minha cama, algo naquele corredor do hospital me chamava e muito e estava me incomodando e não me deixava ter noites tranquilas de sono, acordava toda dolorida ou então sonhava inúmeras vezes o mesmo sonho de sempre:

Estava em um parque lindo totalmente gramado e cheio de flores andando de mãos dadas com o Daniel, era um dia ensolarado e caia um sereno fraco que não nos impedia de sorrir, de mostrar que estávamos muito felizes; num piscar de olhos algo acontecia e nossas mãos que estavam entrelaçadas se soltam e começamos a andar distante um do outro até o Daniel sumir e eu continuar andando sozinha........

Sempre acordava chorando e tremendo, mesmo que algo possa querer nos afastar o nosso amor será mais forte e não vai deixar nada que Deus uniu se separar. Empurrei com todas as minhas forças a cadeira de rodas e fui vagando sem rumo e sem direção à algo que meu coração pedia, passei perto de um quarto que me chamou muita atenção e resolvi entrar, quando a porta se abriu totalmente havia um cara de um rosto lindo e um jeito que me pedia para chegar mais perto. Fui sem medo o quarto estava vazio só havia eu e ele e nisso pude chegar mais perto, quando fixei os olhos em seu rosto tomei um susto enorme ERA O DANIEL COMO ASSIM? meu corpo estremeceu totalmente eu não sabia o que estava acontecendo mais entendi o porque estavam todos me tratando de uma forma diferente. Segurei em suas mãos e derramei minhas lágrimas sem cessar eu queria ele, queria sumir dali com ele esquecer tudo e ser feliz com ele e com nossa filha, fiquei ali durante uns 40 minutos, e decidi voltar para meu quarto porém quando eu ia me soltar dele sua mão apertou a minha e muito fraco e quase sem forças ele dizia:

"Sophia eu te amo"......