Capítulo 23 ✔

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Quando sair daqui, tenho que me lembrar de desinfetar seriamente minha boca.

Todas as vezes, Mason entrava no quarto sorrindo, sabendo que iria receber seu beijo. Claro, eu precisava comer. E disso eu não abriria mão.

Eu já havia perdido a noção do tempo, então eu contava agora por "refeições". Ou seja, há sete refeições, há sete quase vômitos por beijar o loiro, estamos nessa rotina.

O garoto poderia até estar convencido de que eu estava cedendo, por usar as roupas que ele colocou lá e beijá-lo. Mas eu tinha apenas dois motivos para fazer isso. Um, eu precisava comer se quisesse conseguir ficar de pé e seguir com meu plano de sair daqui, e dois, eu apenas usava as roupas daqui porque não conseguia ficar suja e sem tomar banho por muito tempo.

Agora, Mason havia acabado de sair daqui, me deixando um prato de macarrão com molho de não-sei-o-quê, um pedaço de carne e suco. Eu estava comendo quando a ideia passou pela minha cabeça.

Deixei as coisas em cima da cama, e andei até o armário. O abri, procurando a parte dos cabides. A primeira coisa que fiz, foi tirar todas as roupas dali de dentro, as colocando no chão mesmo. Depois, pegando um impulso e colocando meu pé dentro do armário, sustento meu corpo segurando na barra onde os cabides ficavam - claro, com essa altura linda que Deus me deu, não conseguiria fazer isso totalmente no chão. Tento soltar os parafusos, mas é impossível. Saio dalí, sentando na cama, já aceitando o fato de que fui vencida por quatro míseros parafusos.

Olho para a comida, e pegando o garfo, volto a comer. Quando tento cortar a carne, encaro a faca. É isso.

Limpo a mesma em uma das blusas no chão, e subo no armário de novo. Segurando com uma mão na barra, para poder desaparafusar os dois primeiros, e com um de meus pés me fazendo alcançar o lugar, que é meio alto, consigo.

Os outros dois foram mais difíceis. Tive que segurar na porta, e quase cai. Ainda bem que consegui fazer com que a barra de metal não caísse no chão e fizesse barulho. Se isso tivesse acontecido, adeus volta pra casa.

Logo depois, arranjo um jeito de colocar todas as roupas dentro da parte do armário que agora estava sem o cano de metal, e escondo o mesmo debaixo da cama. Volto a comer, mas sem usar a faca, é claro.

[ ... ]

No provável dia seguinte, ouço paços, e a voz de Mason cantarolando ao pegar a chave do quarto. É agora.

Me posiciono atrás da porta, com a barra em mãos, levantada. O loiro a destranca, e entra no quarto. Ele não percebe que existe algo impedindo a porta de tocar na parede, e eu agradeço muito.

- Mary? Ei, onde você está? - depois de colocar a bandeja na cama, Mason se vira, e eu, numa súbita onda de coragem e até mesmo medo, o ataco com a barra.

O garoto cai no chão, fazendo um barulho enorme e eu demoro alguns segundos para entender que já posso correr.

Saio do quarto rapidamente, entrando no corredor. Ele é bem extenso, me fazendo perceber que o quarto no qual eu estava era o último. Corro até as escadas, com medo de Mason levantar antes de eu estar longe daqui.

O carpete faz com que eu não escorregue, porque em qualquer outro caso, na velocidade que estou, já teria caído.

Quando chego no fim da escada, ouço um grito da Mason, e tento localizar logo a porta. Eu estava prestes a girar a maçaneta quando sinto duas pessoas me segurando. E nenhuma delas era Mason.

Um dos caras, o mais alto, grita em resposta para Campbell, enquanto o outro me leva de volta para o quarto.

- NÃO! Por favor, não, eu não aguento mais, eu preciso sair daqui. - começo gritando, mas minhas palavras se confundem quando o choro começa. - MASON, SEU DESGRAÇADO!

Opposites || L.T.Where stories live. Discover now