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              Maria Luiza Soares

O trote? Não estou preocupada. Sei muito bem me passar despercebida.

Quando eu disse isso para a Cíntia, eu realmente acreditava que passaria completamente despercebida, mas não foi isso que aconteceu.

Logo quando desci no ponto de ônibus em frente ao portão 3, notei uma certa movimentação em frente dele e foi ai que lembrei: Era o dia do tal trote!

Mas não me preocupei, continuei andando em direção do mesmo tranquilamente.

Mas quando atravessei a faixa de pedestres vi dois garotos todo cheios de tinta pelo corpo vindo em minha direção, começando a temer me sujar toda de tinta, segurei a alça da minha bolsa com força e já ia me preparando para correr quando eles gritaram:

— Caloura! — e rindo vieram em minha direção. Um estava com tintas que eu identifiquei como aquelas em spray usada para colorir os cabelos e o outro estava com uma tesoura. Concluindo, eu iria sair dali toda suja de tinta e com minha roupa toda rasgada.

Num meio de não ter pelo menos minhas roupas rasgadas, eu tive o impulso de sair correndo, porém nessa infeliz ideia, o garoto que estava  pronto para cortar minha regata não se afastou a tempo e me cortou.

No momento que ele se afastou e me olhou assustado eu senti uma ardência na minha costela, e foi então que eu vi que estava machucada.

— Desculpa! — disse o garoto se afastando e logo correndo com o colega que o acompanhava.

Assustada, corri direto para o banheiro que tinha perto da onde estava e começei a tentar estancar com minha blusa mesmo, o sangue que estava saindo do corte.

Depois de um tempo, Frederico entrou no banheiro e me ajudou ir a um hospital, onde fizeram um curativo e me deram um atestado.

Confesso que fiquei extremamente nervosa logo de início com sua presença, mas Frederico foi muito amigável e me ajudou bastante, eu nem sei o que faria se ele não tivesse aparecido naquele banheiro.

— Você está realmente bem? Se você quiser eu corto esses legumes. — diz Frederico preocupado.

Depois que ele me trouxe do hospital, o mínimo que eu poderia fazer era chama-lo para almoçar aqui em casa provar minha especialidade: macarrão com carne moída.

Sei, é muito fácil, mas eu faço muito bem! Meu macarrão não fica nem papa! E é super gostoso.

— Estou bem sim, não se preocupe. — digo sorrindo. — E aposto que você não sabe cortar cebolas.

— Não mesmo! — diz rindo. — Mas você não me disse, que a médica falou que o medicamento iria te deixar um pouco tonta e sonolenta?

— Disse. — respondo ainda cortando as cebolas, mamãe me disse uma vez que sou diferente, eu simplesmente não lacrimejo os olhos quando corto cebola. — Mas acho que ainda não fez efeito! — digo rindo.

— É pode ser, geralmente esses remédios demoram para fazer e... — seu celular começa a tocar interrompendo-o.

Volto a corta as cebolas para refoga-las antes de colocar a carne.

— ... Clécio, me desculpe não ter ido a palestra, eu tive um contratempo e me esqueci completamente de avisa-lo... Conseguiram? Mas de última hora? Que ótimo! ... tudo bem, até mais, Clécio, e novamente desculpe-me.

— Eu te atrapalhei, não foi? — pergunto constrangida. — Você deveria ter alguma coisa importante para resolver, mas então me vi...

— Não! Você não me atrapalhou de maneira alguma! — interrompe-me . — Clécio até me disse que conseguiu encontrar uma pessoa para me substituir de última hora.

— Ah... tudo bem mesmo?

— Claro. Não se preocupe. — diz sorrindo. — E esse macarrão? Esta com um cheiro ótimo!

***

— Estáva ótimo! — diz Frederico depois que almoçamos.

— Que bom que gostou! — digo me levantando e pegando os pratos para levar para a pia. — Agora vou pegar a melhor coisa do mundo! Sorvet... — Sou tomada por uma forte tontura e sem conseguir equilibrar nada, derrubo os pratos no chão.

— Malu! — grita Frederico. — Você está bem? — Pergunta me segurando pelos ombros.

— Estou... Estou sim, foi só uma tontura, logo vai passar. — digo me esgotando no gabinete da pia.

— Vá se deitar, eu arrumo tudo isso. Você deve estar cansada.

— Não! Eu estou bem. — me afasto. — Eu só tenho qu... Ui! — digo quando sinto uma nova tontura. — É melhor eu me deitar mesmo. — me rendo.

— Vem, eu te ajudo. — diz prestativo. — Onde é seu quarto?

— Na primeira porta. — digo me escorando em seu ombro.

— Pronto. — diz me deitando.

— Obrigada Fred. De verdade.

— Descanse, ok? Agora eu vou arrumar a cozinha.

Definitivamente, o Fred está sendo meu anjo da Guarda hoje. — e com esse pensamento eu durmo.

***

Acordo sentindo meus olhos arderem por conta dos raios solares que entram através da minha janela.

Ainda meia tonta, por causa do sono eu relembro-me do que havia acontecido ontem, o Fred deve ter ido embora logo depois que adormeci.

—... falei pra ela ir ontem anoite, mas ela achou melhor não porque iria trabalhar... — desperto-me totalmente ao ouvir vozes da cozinha.

Minha mãe?  Ela veio me buscar?

Levanto-me e vou em direção a sala.

— Malu! Minha flor! Eu e seu pai viemos te buscar! — diz mamãe me abraçando.

— Que bom! — digo um pouco devagar. É acho que ainda estou um pouco sonolenta.

— Mas não sabíamos que íamos encontrar seu namorado aqui! Ele é muito educado... — ela continua falando desse meu namorado, mas eu ainda estou paralisada nas palavras seu namorado. — O seu pai adorou ele, agora mesmo eles...

— Perai, mãe. — a interrompo. — Que namorado?

— O seu oras! Você sempre foi meia lerdinha de manhã, mais hoje você está excepcionalmente mais.

— Mãe eu não tenho namo...

— Amor! Você acordou! — diz Frederico vindo me abraçar.

Com certeza o remédio que a doutora me deu ontem (ou hoje, não sei mais) era extremamente forte. Pois até alucinações eu estou tendo!







Espero que tenham gostado.

Semana que vem tem mais. ;)

Leiam minhas outras histórias:

°Reconstruindo ao seu lado;

°Somente sua.

Beijos

Laís <3





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