Capitulo 35

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Rafaella
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Estava sentada à mesa da cozinha, com um monte de papéis espalhados
na minha frente, confusa com algumas coisas, mas depois de tanta leitura, tudo começava a fazer o mínimo sentido.

Bianca ainda era extremamente necessária em tudo e, às vezes, quando
não conseguia desenvolver alguma coisa, acabava ligando para Gizelly.

Minha namorada já estava tão acostumada com as chamadas no meio do expediente dela que já atendia perguntando qual era a minha dúvida.

Eu me sentia meio culpada por atrapalhá-la, mas ela sempre dizia que eu não a incomodava.

Não fui para empresa hoje, pois vovó amanheceu meio indisposta e estava cuidando das coisas em casa e eu fiquei para ajudá-la.

Sem falar que marquei na minha agenda como sendo o dia para falar
com o Tato e estava me preparando para aquela conversa no fim do dia.

Não dava mais para adiar.

A coragem de sentar em uma mesa com meu irmão mais velho e falar
sobre sua paternidade nunca seria uma tarefa fácil, e eu estava obstinada a acabar com aquilo.

— Estou indo trabalhar. Tem certeza de que não precisa de mim, por
aqui? — Meu irmão apareceu do nada e saltei da cadeira, colocando a mão
sobre o peito.

Ele me encarou com certo divertimento e forcei um sorriso.

— Claro, pode ir — falei, pegando o telefone, vendo que ainda era oito
da manhã. — Uma pergunta, o Girassol ainda está na fazenda?

Ele assentiu.

— Sim, ele não foi vendido — respondeu, bebendo um gole da água.

— Pensei que ia vendê-lo para o João
mencionei a negociação que
ele vinha fazendo com um dos herdeiros dos Toledo Guimarães, dos arredores e um dos amigos dele.

— Eu desisti, é seu cavalo — falou como se fosse algo muito importante, então desejou um bom dia antes de se afastar, deixando-me parada encarando o nada.

O cavalo marrom foi um presente do meu pai que comprou quando
presenteou também meu irmão com o seu.

Durante a infância, nós dois costumávamos cavalgar juntos pelo pasto era nossa atividade preferida.

Uma das coisas que mais pesava no meu amor pelo meu pai era o fato
dele nunca ter feito diferença entre mim e Renato. Ele sempre nos amou da mesma maneira e aquilo valia muito, pois com a mamãe não foi da mesma forma.

Balancei a cabeça, afastando o pensamento e focando no meu trabalho.

                           ****

Vi Renato sobre o cavalo preto, enquanto me aproximava do pasto,
com minhas botas de montaria e calça jeans.

Estava pronta para uma aventura sobre o animal que há anos eu não
tocava.

— O que faz aqui, Rafaella?

Sua voz me cortou e parei poucos metros dele, indecisa sobre me
aproximar ou voltar.

— Quero falar com você — respondi com medo dele não me dar chance
de andar a cavalo e porque precisava falar com ele. — Queria saber se você vai me deixar andar no Girassol.

Primeiro, ele não é violento e segundo você não pode me impedir.

Renato ergueu a cabeça, levantando a aba do chapéu e revelando o rosto sério. Ele fez um movimento rápido para dentro do estábulo, indicando o cavalo na baia.

MÃE POR ACASO (GIRAFA) G!P (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now