Capitulo 5

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Rafaella
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- Voce vai mesmo?.- Tato indagou aparecendo na porta do quarto, arqueando a sobrancelha.

Era meado de junho, as festas juninas pipocavam pelos quatro cantos do Brasil e em nossa cidade não era diferente. Tradicionalmente, nunca dávamos uma festa junina, pois minha família nunca teve uma vibe muito festeira, mas aquilo me impedia de participar de todas que tivesse vontade.

'' E eu amava.'' Pensei remexendo meus quadris sobre a cadeira, enquanto retocava o contorno em meu rosto.

Terminei de me maquiar, colocando o pincel ao lado, dando inicio ao meu penteado, optei por deixar meu cabelo solto mesmo, coloquei um blusão branco e nos pés uma bota.

- Sim, faz dias que cheguei a cidade e nem mesmo fui á cidade. Bianca me avisou dizendo que se eu não fosse, ela viria me tirar á força..- Falei divertida para tato parando novamente para encarar o meu reflexo no espelho.

Meu quarto de adolescência ficou do mesmo jeito por anos, só que acabou mudando e percebi aquilo em pequenos detalhes.

- Por acaso alguém redecorou o meu quarto?.- indaguei ao meu irmão.
Ele sorriu de canto, tão pequeno que era quase impossível de se notar.

- Contratei uma design de inferiores.- Explicou, fazendo-me arquear a sobrancelha.- Pensei que fosse gostar de ter o seu local redecorado, afinal de contas voce não tem mais dezessete anos.

Sorri.

- Sim, ficou ótimo. Obrigada.- Agradeci.- Só não sei como voce pensou em tudo. Sabia que eu adoro plantas e flores? É perfeito Tato.- Quase emocionada toquei as flores dentro de um pequeno jarro no canto da penteadeira.

- Eu sei tudo sobre voce, cabeçuda.- Ele disse beijando o topo da minha cabeça.- Sei exatamente tudo sobre voce.

Meu irmão me fez rir com o que disse.

- Passei dez anos fora, não tem como voce lembrar e nem saber tudo sobre mim.- Respondi brincando, apertando sua mão na minha.

Ter Renato na minha vida fazia tudo ser melhor.

- Sim, mas o que eu não sei com esses dez anos fora eu vou aprender. Afinal, voce veio pra ficar. Mesmo que não seja pra ficar pra sempre.

Assenti.

- Eu sei.- respondi levantando-me abrindo meus braços para um abraço e ele veio sem reclamar, apertando-me em seus braços.

Meu irmão era muito bonito e sabia que se ele fosse mais aberto não estaria solteiro.

- Voce também deveria vir comigo. Seria como quando éramos pequenos e CE amava dançar quadrilha conosco.- Falei afastando-me, e Renato revirou os olhos.

Só que agora não estava mais sorrindo, nem mesmo com a menção do passado.

Apenas se afastou e seguiu para dentro, fazendo-me suspirar baixinho.
Sinceramente, pensei que as coisas com Tato seriam mais fáceis, mas desde que cheguei, esse foi o único momento em que ele realmente pareceu me ver de verdade.

Voltei para campina verde por mim, mas também por ele. Vovó havia mencionado como cada vez mais ele vivia no trabalho e ignorava as pequenas coisas importantes da vida.

Sabia que o acidente do papai havia afetado a todos, e eu era a prova viva desse dia fátidigo. Quase perdi minha vida por estar no banco de trás sem o cinto, mas com o Renato foram feridas profundas.

Ele amava meu pai, era seu maior herói e saber que naquele acidente ele estava partindo, levando-me junto, havia quebrado meu irmão de maneira que eu não sabia se haveria cura.

MÃE POR ACASO (GIRAFA) G!P (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now