Capitulo 4

889 96 7
                                    

Rafaella
-

Observei o céu límpido de manhã, enquanto sentia o vento abraçando meu corpo. Enfiei as mãos dentro do casaco velho de Tato, que achei jogado sobre a mesa da cozinha e sorri. Pois ali dentro cabia duas de mim.


Estava um dia realmente fresco aqui em campina verde e aquilo de fato era fresco e as estações nunca eram corretas por aqui.


Eu me virei, ouvindo passos de botina sobre o caminho de pedra e vi meu irmão caminhar em minha direção. Ele, como sempre, tinha um chapéu sobre a cabeça, a camisa branca surrada estava suja, enquanto empurrava um carrinho com uma quantidade considerável de terra por cima.

- O que está fazendo? — Indaguei, fazendo-o parar ao passar por mim.

-Levando terra para o jardim da vovó.— Respondeu sem muito ânimo  e eu segurei a risada  ao perceber que aquilo de fato não lhe agradava.

Moramos com nossa avó a maior parte da vida, devido às circunstâncias que nossa família se enfiou e com toda certeza nunca conseguíamos dizer '' não '' a ela.


Tato pegou o carrinho e continuou a empurrar,  distanciando-se. Ele falava pouco, mas eu o amava imensamente. Ainda me lembro de todas as vezes que ele cuidou de mim depois que nosso pai morreu e nossa mãe sumiu pelo mundo, e aquilo sempre será parte importante das minhas memórias.


Movi meu pé sobre a parte gramada, fazendo o balanço ir e vir  constantemente.


Estava apenas há um dia em campina verde e as memórias já eram constantes.


Cresci na cidade e quando decidi me mudar para o Rio de Janeiro, foi uma decisão preocupante para todos. Principalmente para Renato, meu irmão que era como um pai pra mim.




- Bom dia.- A voz alegre me fez virar rapidamente encontrando Bianca caminhando por cima da grama e um sorriso que chegava a rasgar a orelha. Os cabelos pretos estavam soltos ao redor dos ombros , a calça jeans habitual junto com a camisa regata e até  mesmo as botas cano alto eram um toque que só Bianca conseguia dar. Levantei, sendo rapidamente abraçada pela minha amiga de infância e logo o sentimento de estar em casa começou a crescer dentro de mim.



- Cabeçuda que saudade.- Ela usou o meu apelido e eu não evitei a risada, afastando-me.- Está tão bonita amiga, nem parece que era aquele graveto quando morava aqui.- Alisou meus fios castanhos e enlaçou o braço ao meu, enquanto caminhávamos lentamente em direção á casa.



- Claro, afinal eu sou maravilhosa.
Brinquei fazendo-a gargalhar.


- Você nunca é modesta.- Ela brincou.



- Estava morrendo de saudade de você e desse lugar..- Bianca e eu nos conhecíamos desde quando éramos crianças e com o tempo isso não mudou.



Minha mudança para o Rio de janeiro havia colocado uma enorme distância entre nós, mas continuamos a nos falar, afinal, só tínhamos uma a outra como amiga. Ah e a Gizelly também era nossa amiga, mas não mantemos contato depois que eu fui embora..



Bianca não era bem vista pela cidade. Ela se aproximava dos seus vinte e nove anos.- Dois anos a menos do que eu. E se recusava a entrar em qualquer tipo de relacionamento, pois seu único objetivo era alavancar sua empresa juntamente de sua marca a '' Boca Rosa Beauty. ''



Levantamos de onde estávamos sentadas e fomos caminhando até a casa. O caminho cheio de obstáculos devido às inúmeras pedras, palhas e tudo mais era um caminho que só tato conseguia fazer sem tropeçar nelas.

MÃE POR ACASO (GIRAFA) G!P (CONCLUÍDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora