Capitulo 24

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Rafaella
-
Meu celular tocou enquanto descia as escadas, quase dois dias depois da nossa chegada a Itapegipe e encarei o número desconhecido de modo desconfiado.

Suspirei, clicando na tela para atender a chamada.

Estava desanimada com a nossa ida até lá.
Passamos os dias andando pela cidade, fomos á praia, andamos de barco e  conhecemos destinos turísticos locais na inútil tentativa de ocupar o tempo.

E, principalmente, meus pensamentos.
Porém, mesmo que não falasse a Gizelly, minha mente sempre voltava á minha mãe e no fato dela não ter desejado falar sobre o passado.

- Alô.- Atendi, sentando-me em uma das cadeiras da varanda da pousada, observando a pequena floresta que havia ali.

- Rafaella?
A voz de Genilda fez meus ombros ficarem tensos.

- Sim.- Sussurrei com medo de que se falasse alto demais, ela fosse se assustar e desistir.

- Eu preciso falar com voce. Estou a caminho da pousada onde voce está hospedada, posso passar ai?

Deixei que meu corpo se apoiasse totalmente na cadeira, sentindo meu coração batendo tão forte que pensei que tivesse realmente passando mal.

- Cla-ro, claro..- Consegui finalmente falar, ouvindo Genilda suspirando do outro lado.
Não cheguei a finalizar a chamada, pois vi que ela entrava pela porta pousada.

- Cheguei, estou aqui no hall da entrada.
Senti minhas pernas se movendo sozinha em direção á minha mãe, desacreditada que ela estava realmente á minha frente.

- Oi..- Falei finalizando a chamada.
Ela se virou pra mim, abrindo um sorriso.

- Oi, podemos conversar?
A indagação me fez assentir.

Eu me questionava o motivo dela não parecer nenhum pouco feliz em me ver.

Mesmo que pedi para mexer em uma parte do seu passado e que aquilo doesse um pouco, ainda sim, eu era a filha que ela não via havia anos.

E aquilo parecia não importar para ela.

- Claro, vamos nos sentar na varanda.- Apontei em direção á saída e ela saiu na frente, fazendo-me segui-la.

- Quando voce volta para campina verde?.- Indagou e nos sentamos na cadeira.

- Pegamos um vôo amanhã cedo.- Respondi, sentando-me em uma das cadeiras de descanso e ela fez o mesmo, assentindo. –
Preciso organizar umas coisas de trabalho e Gizelly também. Ela deixou a empresa para me acompanhar, então precisa retornar.

- Então, ela tem uma empresa?.- Ela me encarou com um sorriso pequeno. – Geralmente toda criança em campina verde tem tedencia para cuidar de uma fazenda e não ser uma empresária.
Sorri.

- Temos muitas exceções lá. Gizelly, eu, e Bianca. Da nossa turma, o único que tem aptidão para terra é o Tato. Ele nasceu para mexer  com as terras.

Ela assentiu sorrindo, assim que mencionei o filho mais velho.

Nós nos encaramos por alguns minutos, pensativas, e senti quando ela pensou em abrir a boca para falar, pois seus ombros estavam retos e sua boca se juntou em uma linha fina.

- Voce não precisa fazer isso.- Falei, intervindo para o melhor.
Ela sorriu.

- Voce viajou quilômetros para saber a verdade, Rafaella, é óbvio que quer saber.

- Sim, eu quero muito saber. Mas também não quero machucar ninguém. Mesmo que uma parte minha se torne um pouco mais preocupada e sinta uma dor ao imaginar o pior, eu prefiro que a dor seja em mim do que na senhora.- Fui sincera.

MÃE POR ACASO (GIRAFA) G!P (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now