Todas as lembranças perdidas / Vol. 3

Capítulo 46: Amor verdadeiro.

Abri um sorriso ao ver os meninos sobre o palco, tocando enquanto todos no bar pareciam super animados. Infelizmente hoje eu não estava sentada junto com Manu, Júlia e Léo, porque precisava trabalhar no dia que seria minha folga. Acampar tinha sido muito bom, mas isso acabou com alguns dos meus dias de folga. Não posso reclamar disso, porque Paulo ainda é legal demais comigo. Voltei a servir as pessoas, sabendo que não podia ficar babando em Eduardo a noite toda.

Carolina e Debora tinham estado ali no inicio da noite e a garota realmente tocou com eles uma música, antes de precisar ir embora. Érika era a única que estava faltando ali e eu sabia que não era a única sentindo falta dela. Léo quase não ficava mais tanto com a gente, além das suas férias estarem quase chegando ao fim. Pensei que ele faria algo sobre Érika, mas ele parecia mais tentado em ignorar isso. Ou talvez ele e Érika eram bons demais em esconder as coisas.

A noite passou com uma calmaria estranha, enquanto eu ainda pensava na conversa que tinha tido com a mãe de Eduardo. Não havia contado a ele sobre isso, porque não achava que tinha a menor importância. Não da mesma forma que tinha quanto seu pai falou aquelas coisas pra mim. Ela só estava preocupada com o filho dela no final das contas, mesmo que de um jeito muito torto.

—Camila, seu celular não para de tocar. —Um dos rapazes que trabalhava comigo no bar tocou meu ombro e indicou atrás do balcão, me fazendo exibir uma careta.

Fui até muitas coisas apenas para colocar meu celular no silencioso, porque nem podia atende-lo naquele momento. Mas não deixei de olhar quem era, estranhando a sequência de ligações de um número desconhecido. O coloquei no silencioso e voltei ao trabalho, deixando para ver aquilo mais tarde, quando estivesse em casa.

Quando a noite chegou ao fim, encontrei Eduardo escorado no seu carro, me esperando do lado de fora do bar. Ele sempre fazia aquilo, todos os dias. Ia me buscar no trabalho e me tratava como se eu fosse me quebrar, com o tamanha do cuidado que ele tinha comigo. Não estava reclamando. Aquilo me deixava ainda mais apaixonada por ele. Mas eu não conseguia parar de pensar que eu também queria poder mima-lo, pelo menos um pouco.

—Você deveria ter ido pra casa. Sei que está cansado depois de toda questão da guarda da Érika. —Falei, assim que cheguei até ele. —Eu podia ir andando pra casa. Ou até mesmo pegar um taxi.

—Mas eu já estava aqui, não custava esperar pra gente ir pra casa juntos. —Afirmou, passando os braços ao redor da minha cintura, enquanto eu escorava meu queixo no seu peito. —Pensei que a gente podia comer fora hoje. Ou pedir alguma coisa, pra não precisarmos fazer nada quando chegarmos em casa.

—Olha, eu gosto dessa ideia, estou morta de cansaço. —Falei, fazendo uma careta pra ele, junto com um biquinho com os lábios que o fez rir. Eduardo me deu um beijo e abriu a porta pra mim, dando a volta rapidinho pra entrar no carro. —Como vão ser as coisas depois que as aulas voltarem? Suas férias do trabalho também estão acabando.

—Está preocupada com a possibilidade de ficar sem seu motorista particular? —Indagou, soltando uma risada quando cruzei os braços e mostrei a língua pra ele, antes de abrir um sorriso. —Vamos ter que encontrar uma rotina boa pra nós dois. Isso vai complicar um pouco as coisas com a Érika. Se eu não conseguir a guarda dela, depois que as aulas começarem, vai ser praticamente impossível eu ir vê-la. Ainda mais que são só mais alguns meses até a formatura.

—Não bate a cabeça pensando nisso. Como você mesmo disse, vamos encontrar uma rotina boa pra nós três. —Falei, corrigindo o que ele havia dito no inicio, o que o fez sorrir. Eu não estava mentindo quando disse que nós três poderíamos ser uma família. Era o que eu mais queria. —Eu também vou me formar esse ano, esqueceu?

—Não esqueci. Ainda estou pensando no fato de que você está escrevendo um livro e nem me contou. —Afirmou, fingindo estar ofendido com isso, o que me fez soltar uma risada. —Quanto você já tem? Na real, eu posso ler já?

—Claro que não!

—Ué, por quê? —Eduardo me olhou de relance, antes de voltar a focar seus olhos no caminho pra casa.

—Eu tenho vergonha. Ainda não estou pronta pra dividir aquele livro com alguém. —Afirmei, sentindo meu rosto quente e minha barriga gelada só com a ideia de Eduardo ler algo que eu havia escrito. —E eu ainda tenho que terminar de escrever. Estou em uns 60%.

—Tudo bem. Mas sobre o que ele fala? —Indagou, e eu lancei um olhar envergonhado na direção dele, vendo-o rir. —Vamos, Cami, me conta. Estou morrendo de curiosidade desde que fiquei sabendo.

—Ok, ok... —Soltei um suspiro pesado, balançando a cabeça negativamente, porque queria me enfiar em um buraco naquele momento. —Se passa em um cidade fictícia, mas no nosso mundo, entre aspas, porque na história os cupidos existem. Cada pessoa tem o seu e ele só vai embora quando a pessoa encontra o amor verdadeiro. A protagonista não acredita muito no amor e não se dá muito bem com o cupido dela, porque ele só arruma caras ruins pra ela. Até que um dia ele resolve trazer o personagem literário favorito dela pra vida real e ir embora, porque tem certeza que ele é o amor da vida dela, mesmo vindo de dentro de um livro.

—Uau! —Eduardo soltou, me fazendo encolher no banco e soltar uma risada nervosa. —Não faz essa carinha. Eu achei super legal. Me diz, ela fica com ele?

—Na verdade, ela vai procurar o cupido dela pra ele resolver a situação, porque ela acha que aquilo é tudo um engano. —Falei, vendo Eduardo abrir a boca para me perguntar outra coisa. —Não, não vou te dar spoilers. Só vou te contar isso e mais nada.

—Sem graça. —Resmungou, meio rindo meio falando sério, o que me arrancou uma risada, enquanto eu tentava espantar a vergonha que estava sentindo naquele momento. —Tudo bem. Vou esperar o livro sair. Acha que tem alguma chance de eu conseguir um autógrafo da autora? Antes que ela fique super famosa.

—Você pode ficar com a autora se quiser. —Sussurrei, vendo Eduardo me lançar um olhar tão intenso que acabei estremecendo dos pés a cabeça, sentindo o calor subir pelo meu rosto.

Continua...