CAPÍTULO 34

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   A parte mais triste de toda a viagem foi quando estávamos arrumando nossas malas de volta no ônibus. Eu não conseguia parar de pensar em Wyatt, e a cada dois segundos olhava para o lago, tentando avistar algum mísero vislumbre da sua cauda dourada dentro da água, mas sem sucesso.

    — Em fila, pessoal. — O diretor anuncia, apontando para o ônibus, enquanto dá assistência ao motorista, que está acabando de arrumar todas as malas antes de fechar o bagageiro.

    Apesar da tentativa de manter tudo em ordem, os alunos tentam entrar no ônibus todos de uma única vez, criando uma algazarra daquelas. Eu e Victor somos os últimos, e eu não me importo em ficar aqui do lado de fora por mais alguns segundos, mesmo que a minha mochila repleta de livros ainda esteja pesando uma tonelada.

    — Você tá bem, Luther? — Victor pergunta, com uma expressão preocupada no rosto. Seus olhos verdes ficam um pouco mais escuros por causa do leve franzir de sobrancelhas.

    — Estou sim. — abro um sorriso amarelo. Ele percebe que eu estou mentindo, mas apenas solta um pequeno suspiro e resolve não tentar falar sobre isso mais.

    Nós entramos no ônibus e sentamos lado a lado. E assim que o veículo é ligado, eu sinto o meu coração dá um pulo meio descompassado. E a medida que o motorista começa a manobrar pela estrada de terra que liga a rua asfaltada até o lago, essa sensação só piora.

    Eu passo a viagem toda encarando o vazio, não registrando sequer as paisagens visíveis através da janela.

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    Quando o ônibus para de supetão, eu acordo meio sobressaltado e percebo que estava dormindo com a cabeça quase no colo de Victor, não que ele pareça se importar com isso.

    — Chegamos na escola pessoal. Ligamos para os pais de todos e pedimos para que viessem buscá-los em alguns minutos. — o diretor diz, então todos os alunos começam a descer do ônibus aos pulos, com risadas de alegria e gargalhadas estranhas.

     Eu solto um suspiro longo e sinto Victor me analisando. Abro a boca para falar alguma coisa, mas Victor me dá um peteleco no nariz e me faz perder a linha de raciocínio.

     — Vamos lá bobão. Quer uma carona? — Ele levanta e dá um passo para a frente, mas para logo em seguida e me espera.

     — Acho que meu pai vem me buscar. — digo, enquanto me levanto. Ele pode ficar um pouquinho irritado caso chegue aqui e não me encontre em lugar nenhum.

     Victor e eu descemos do ônibus e tiramos nossas malas do bagageiro. A mãe de Victor aparece pouco tempo depois, pilotando uma picape vermelha e bastante bonita. Ela tem o cabelo preto e é alta e esbelta, mas os olhos são idênticos aos do filho, do mesmo verde cintilante.

    — Eu já vou indo. A gente se ver por aí, Luther. — Victor diz, dando um soquinho no meu ombro.

     — Okay. Ah! E Victor. É maravilhoso ter você como amigo. — Digo, com um pouco de vergonha. Ele revira os olhos e me dá um abraço meio desengonçado.

    — Você também, Luther. Eu vou caçar o seu Instagram e pegar o seu número quando nossos celulares estiverem carregados. A gente precisa ficar saindo algumas vezes por semana nem que seja pra jogar conversa fora enquanto o nosso terceirão não começa. — Ele diz.

     — Okay... — Retiro os olhos e paro de falar assim que sua mãe buzina e coloca a cabeça para fora do carro.

     — Vamos lá Vic! Tô morrendo de saudades de você. — ela diz, me fazendo soltar uma risada baixinha e fazendo Victor corar absurdamente. Vic? Eu com certeza preciso usar esse apelido daqui pra frente.

O BEIJO DO OCEANO (COMPLETO)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant