CAPÍTULO 33

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   Quando retorno, meu tritão já está completamente vestido, e agora está analisando as mangas do moletom de forma distraída.

       — Nunca vesti tantas roupas assim na minha vida. — Ele diz, sorrindo. Um daqueles sorrisos calorosos que eu tanto gosto. Wyatt ficou fofinho com as minhas roupas, principalmente quando ele cheira o tecido e aspira o meu cheiro.

       — Sua vez de esperar lá fora enquanto eu me troco, bobão. — Dou um peteleco no seu nariz, e então ele bufa e começa a engatinhar para fora. Mas antes eu dou um par de havaianas para que ele não suje os pés.

        Eu me troco rapidamente, vestindo uma calça de pijama xadrez e uma camisa branca simples. Então chamo Wyatt para dentro de novo, mas antes que eu possa fechar o zíper, Victor surge no meu campo de visão, me fazendo abrir um sorriso grande para ele.

      — Oi! — digo, enquanto ele se aproxima.

       — Hey! — Ele responde, então agarro Wyatt pela manga do moletom e o puxo para fora, para que eles possam se conhecer. — Victor, esse aqui é o wyatt. Wyatt, esse aqui é o meu amigo, Victor.

       — Oi. — Os dois dizem ao mesmo tempo, enquanto observam um ao outro. Ambos são gatos pra caralho, e Wyatt é da mesma altura que Victor. O cabelo loiro dele praticamente brilha no escuro, como se fosse florescente.

       — A gente já estava indo para a fogueira. O jantar já deve ter acabado, né? — Pergunto para Victor, percebendo que a gente não comeu praticamente quase nada hoje, então wyatt também deve está com fome.

        — Eu guardei um pouco para vocês. Vamos. — Victor diz, indicando para nós o seguirmos, mas antes, coloco o capuz do moletom sobre a cabeça de Wyatt, cobrindo o seu cabelo e boa parte do seu rosto.

        Nós três caminhamos entre as barracas em silêncio, e eu resisto ao impulso de agarrar a sua mão e entrelaçar nossos dedos. Todos os outros alunos já estão começando a sentar nos bancos ao redor da fogueira, e Wyatt está começando a ficar visivelmente nervoso.

        — Hey. Fica tranquilo. — Sussurro, dando um soquinho no seu ombro. Não consigo ver os seus olhos dourados por causa do capuz. Mas consigo ver os seus lábios se repuxarem para cima num pequeno sorriso.

        Quando chegamos perto da fogueira, puxo-o para o canto do último banco, que fica num escurinho gostosos e uns três metros de onde a última pessoa está sentada. Victor desaparece do meu campo de visão por alguns instantes. Apenas para surgir do nada segurando dois pratos de comida alguns segundos depois. Ele estende um para mim, e depois um para Wyatt, que recebe o prato, ainda um pouco incerto.

       — O-obrigado. — ele gagueja, então recebe um sorriso gentil do meu amigo. Parece que ele não teve tanto contato com humanos quanto eu imaginava, porque ele parece um pouquinho nervoso.

       Nós três sentamos no banco. Com Wyatt de um lado e Victor do outro. Ninguém parece ter notado o garoto de capuz ao meu lado, então me aconchego para mais perto dele, enquanto começamos a comer.

      Os nossos pratos são praticamente iguais, com uma poção de arroz, macarrão, bife, batatas assadas, purê e salada. Wyatt cutuca as coisas do seu prato de um jeito estranho e um pouco engraçado, mas depois da primeira colherada, ele Arregala os olhos na minha direção e começa a devorar tudo que há no prato, me fazendo soltar uma risada baixinha.

       — O que eles comem no mar? — Victor Sussurra baixinho para mim.

        — Peixe. Não é lá muito apetitoso. — Sussurro de volta.

    Antes que algum de nós possa dizer alguma coisa, o diretor pigarreia e começa a falar. É um daqueles discursos onde ele fala sobre como a viagem foi boa, que espera que todos tenham se divertido e tals tals. Alguns professores também falam, mas de forma breve (graças a Deus), então os alunos tomam as rédeas e começam a contar as histórias assustadoras. E já está tarde e frio o suficiente para que o clima fique perfeito para essa parte da noite.

       Victor e Wyatt se dão bem pra caralho e começam a conversar sem parar, explicando um para o outro como são as coisas em seus respectivos mundos. E ambos parecem nem ligar para as coisas aterrorizantes que estão sendo ditas logo alí, enquanto eu me encolho debaixo do braço de Wyatt, com minha imaginação fértil até demais imaginando cada uma daquelas cenas esquisitas.

        Não demora muito para uma rodada de marshmallows ser distribuída, e nós procuramos espetos e nos aproximamos da fogueira para assar os nossos doces. Wyatt parece hipnotizado pelo fogo, e o seu cabelo repleto a luz quente vindo de lá, deixando os seus fios com um tom de ruivo meio esbranquiçado.

        As horas seguintes passam num piscar de olhos, e quando percebemos, praticamente todo mundo há foi dormir.

         — Bom... — Victor boceja e levanta do banco. — Acho que já vou indo. Foi bom ter conhecido você, Wyatt. Boa noite para vocês. — Ele diz, antes de começar a andar em direção a sua barraca, mas não sem antes me lançar uma piscadinha sacana de forma discreta. QUE DESGRAÇADO!!

        Eu solto um suspiro e encaro Wyatt, que também está me encarando. Ele abaixou o capuz, e o seu cabelo dourado está um pouco assanhado, de um jeito charmoso.

      — Bom... Vamos? — Pergunto, sentindo meu coração acelerar.

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       Tudo fica completamente escuro quando nós entramos dentro da minha velha barraca e fechamos o zíper, mas o cabelo dele é tão, mas tão claro que absorve a pouca luz que consegue atravessar a lona vermelha, de modo com que eu consiga ver a sua silhueta grande e bonita de forma perfeita.

       Wyatt me ataca no segundo seguinte, agarrando a minha cintura e me puxando para si. Eu envolvo o seu pescoço com as duas mãos e enterro os dedos no seu cabelo sedoso, enquanto sinto suas mãos tocarem de leve os meus pulsos, como se ele adorasse a sensação de sentir a minha pele.

       Wyatt captura os meus lábios com os seus, dando início a um beijo apaixonado, e eu não consigo evitar fechar os olhos. O meu martela sem parar, como se eu tivesse tendo uma parada cardíaca de tanto amor.

        Quando percebo, nós estamos deitados lado a lado e ofegantes, rindo baixinho um do outro e saboreando o momento. O meu cobertor está embolado de qualquer jeito, e a ponta dele está enrolada no meu tornozelo, mas não ligo para isso, e é um pouco engraçado, na verdade.

       — Você é lindo, Luther. — Ele sussurra no meu ouvido. Eu quero falar que se eu sou bonito, ele é a coisa mais maravilhosa que existe nesse universo, com essa pele, cabelo e olhos dourados, mas eu simplesmente não consigo encontrar minha voz para pronunciar essas palavras diante dessa situação.

     — Você quer isso, Luther? — Ele agarra o meu rosto de forma carinhosa e sussurra, com nossos narizes se tocando e nossos lábios a milímetros uns dos outros.

     — S-sim. Eu amo você. — respondo baixinho, sem conseguir desviar os olhos dos seus, antes de selar nossos lábios.

       — Eu também te amo. — Ele Sussurra de volta. E nas horas seguintes, ele mostra para mim exatamente o quanto me ama, enquanto conversamos sem parar, rimos feito um bando de malucos, nos beijamos e... Enfim.

[•••]

       Quando eu acordo na manhã seguinte, Wyatt já não está mais na barraca comigo, mas o seu cheiro bom ainda está impregnado no meu cobertor e no meu próprio corpo. Eu estendo a mão até a minha mochila e tiro de lá aquela pequena pérola azul, enquanto sento e observo todo o cenário ao meu redor.

       O meu corpo estremece com as lembranças, e eu não consigo evitar de soltar um suspiro baixinho, sentindo falta do meu tritão ao meu lado. A lembrança faz as minhas bochechas arderem muito. Essa viagem foi cheia de primeira vezes, e a maioria delas está relacionada com um cara que conheço a apenas alguns dias, mas é como se fosse uma vida toda. E ainda mais: ele é um tritão. Um tritão maravilhoso que é o amor da minha vida...

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O BEIJO DO OCEANO (COMPLETO)Where stories live. Discover now