Passo pela recepção e a secretária me indica qual é a sala em que as modelos estão fazendo as provas. No meio do caminho, Ryan, com seu topete platinado sempre alinhado, me vê e vem até mim.

- Crystal, há quanto tempo não te vejo por aqui!

- Eu estava com uns problemas e, sabe como é, último semestre do ensino médio, muitas coisas da faculdade para resolver – respondo com educação, mas sem dar muitos detalhes.

- Problemas no paraíso? – ele indaga, focando justamente na parte da minha resposta que eu gostaria que tivesse sido ignorada.

- Mais para uma queda do paraíso – respondo alto sem perceber.

- Terminou com aquele gatíssimo? – ele pergunta curioso.

- Ele terminou comigo – esclareço. – Mas não estou aqui para fofocar, Thomas, eu vim para trabalhar – tento encerrar o assunto.

- Tem razão. E dá para ver que você não quer falar sobre isso – ele responde e eu fico feliz que tenha percebido. – Vamos trabalhar, gracinha. – O platinado coloca seu braço ao redor dos meus ombros e me acompanha até a sala onde as modelos estão fazendo as provas das roupas.

Por mais que esse lugar me traga ótimas lembranças com a minha mãe e do meu amor pela moda, também tenho lembranças dele... Quando eu fui fraca e terminei com ele no baile de primavera e ele veio até aqui, quase duas semanas depois, para me resgatar. Porém, desta vez, ele não vai vir, porque eu quebrei seu coração de uma forma mais dolorida do que qualquer outra – e olha que já o quebrei muitas vezes. A cada dia tenho menos esperanças de que um dia vamos ficar juntos novamente. Nem mesmo nas aulas que fazemos juntos, ele sequer olha na minha direção. Acho que o perdi para sempre e esse pensamento faz uma dor aguda atravessar o meu peito.

- Crystal, querida? – ouço minha mãe me chamar. – Você está longe.

- Nada demais, mãe – minto, pois não quero preocupá-la e também porque não quero tocar nesse assunto aqui. – Quais são as minhas roupas?

- Estas aqui. – Ela aponta para uma arara com alguns looks e meu nome em cima deles.

Provo os meus looks e as costureiras marcam os ajustes necessários, que são poucos, já que as minhas medidas continuam praticamente as mesmas, apesar de eu ter emagrecido um pouco nos últimos tempos, mas juro que não foi de propósito. Eu só tenho menos vontade de comer quando estou abatida. De qualquer forma, as roupas da coleção nova estão completamente divinas! Não que eu esteja impressionada, já que nunca vi minha mãe entregar uma única coleção feia sequer. É por isso que ela ascendeu tão rápido nessa indústria tão competitiva, seu talento, criatividade e bom-gosto são realmente diferenciados e ela se destaca por isso.

Demoro apenas trinta minutos para fazer todas as provas e ajustes e, em seguida, já sou liberada para ir embora. Aproveito que estou no centro e vou dar uma volta no parque que fica em frente ao Lago Michigan para espairecer a cabeça. Estaciono ali perto, pego meus fones e decido fazer uma caminhada, espero conseguir limpar minha mente e minhas emoções ainda que seja apenas por alguns minutos.

Já se passaram umas cinco ou seis músicas da minha playlist e estou completamente distraída quando vejo um rapaz loiro sentado em um dos bancos e meu coração se acelera ao imaginar a possibilidade de ser David. Eu nem mesmo sei o que diria se encontrasse com ele, mas com certeza eu iria falar com ele, pelo menos para cumprimentá-lo. Porém nem tenho a chance de formular alguma frase, pois, conforme vou me aproximando mais do rapaz, percebo que não é o meu amado e meu coração esmorece no mesmo instante. Queria poder pelo menos ser sua amiga, pois assim eu ainda o teria de alguma forma na minha vida. No entanto, nós dois sabemos que não tem como haver apenas amizade entre nós e é por isso que ele me afastou o máximo possível. Tenho que dar um jeito de superar isso e seguir em frente com a minha vida, por mais sem graça que ela seja sem a sua presença.

Crumble to Ashes | Phoenix Love #2Where stories live. Discover now