69 - 𝓓𝓪𝔂𝓻𝓸𝓵 / 𝕮𝖆𝖗𝖆𝖞

𝔄𝔣𝔞𝔰𝔱𝔞́-𝔩𝔞

Oque eu mais temia aconteceu, eu só queria ter conseguido manter a Carol protegida, somente isso, eu não posso ficar com ela, não enquanto esse filho da puta está solto e o pior é saber que ele está solto graças a mim.

Eu liberei a prisão dele, eu fui a advogada dele, e não sei como olhar pra Carol e falar que eu que ajudei o agressor dela a sair da cadeia.

Sim, eu o odeio, muito.
Mas Day, se você o odeia, por que foi advogada dele?
Aquele filho da puta estava me ameaçando, falando que se eu não tirasse ele da cadeia, ele iria mandar alguém matar a Carol, e eu tirei, eu fiz oque ele pediu e estou fazendo oque ele pede até agora, mas não quero ver ele chegar perto dela, não vou aceitar isso.

Eu não sei como falar isso com a Carol, talvez ela me odeie pra sempre, mas não posso continuar fingindo que nada aconteceu na cara dela, eu simplesmente não posso, o melhor é afastá-la, ela vai me odiar de qualquer jeito mesmo.

Após falar com a Carol por telefone, pego a minha bolsa e saio só hotel que eu estava, vou direto para casa, chego após 15 minutos e toco a campainha.

Escuto a porta ser aberta, Carol me envolve em seus braços, não consigo evitar de fazer o mesmo, ela está chorando.

– tá tudo bem

– não Dayane, não está.

– É, eu sei que não. Vamos entrar.

Eu paro de abraçá-la, ela faz o mesmo e entramos, Carol se senta no sofá e eu a olho, esperando oque ela tem a dizer

– Eu tava em casa pen.. só assistindo televisão e escutei a campainha tocar, eu fui abrir a porta e não tinha ninguém, então olhei pro chão e tinha isso

Ela diz e me estende o papel, eu leio as palavras escritas, eu não sei se o ódio ou o ciúmes me consome mais agora, ou se os dois.

– Filho da puta.. - eu sussuro, Carol não escutou, eu preciso fingir que não me importo, preciso voltar a ser a babaca – agora que a gente vai se divorciar, quem sabe você não fica com ele.

– A gente vai oque?

– Você mesma disse, não se faça de sonsa.

Ela me olha, os olhos dela marejados mais ela é forte e não deixa uma sequer lágrima escorrer, ela engole em seco. Isso dói em mim, dói muito, mas eu tenho que protegê-la.

– Sonsa? Sou bem eu que estou me fazendo de sonsa. Se eu disse, foi porque você não me ama mais e eu não quero continuar com alguém sentindo que eu sou um peso para a pessoa.

– Se é isso que você sente, se é assim que você se sente... eu não tenho nada a falar sobre isso.

– Você tem Dayane, você tem muito oque falar, você tem que me explicar o porque tá agindo assim. O porque parou de me amar, o porquê parou de me tocar, o porquê não vem mais pra casa, me explica.

Eu nunca parei de te amar, nem de te tocar eu só quero te cuidar, te proteger, te afastar do perigo. É isso que eu quero te falar, mas eu não posso, então é melhor você acreditar que eu só parei de te amar, é mais fácil e menos perigoso.

– quando uma pessoa para de amar a outra, não precisa de um motivo, só acaba.

– acabou?

Eu me seguro para manter minha postura de forte, estou em pedaços. Carol perdeu a dela, está chorando.

– É oque parece.

Eu digo e saio da casa, não suportaria ficar mais lá, não agora quando tudo que eu mais quero é chorar.

Entro no carro e permito as lágrimas de descerem, eu a amo tanto, mas a única forma de protegê-la é essa. A única forma de protegê-la é afastá-la.