𝕱𝖚𝖌𝖎𝖓𝖉𝖔

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P̸O̸V̸: 𝕯𝖆𝖞𝖆𝖓𝖊

A casa está barulhenta na hora da minha saída, meu irmão neném esta tendo uma crise de cólica e os gritos dele cercam a casa, meu irmão de 5 anos acabou de comer e está vendo desenho na televisão com o volume alto, pois pelas cólicas do meu irmão ele não iria conseguir assistir e minha outra irmã de 8 anos perambula pela casa cantando com meu irmão neném no colo, tentando acalmá-lo, minha mãe está lavando a louça e nem eu nem meus irmãos sabemos quem é os nossos pais. Então apenas aceitamos que somos nós quatro, lutando sempre um pelo outro. Vou até a cozinha me despedir da minha mãe.

Tchau, mãe.

Está me dando tchau por que? Sua ingrata. Fiz de tudo para criar você e na hora de me ajudar você foge, é sempre assim.

Eu não estou fugindo, mãe. Estou indo para a faculdade.

Você tem sorte de eles não saberem que você é uma puta e uma drogada. Se você sair daqui para ir lá, para essa casa você não volta, entendeu Dayane?

É sempre assim, sempre acabo culpada por conseguir as coisas que ela não teve a oportunidade pois quando ela tinha minha idade, eu já tinha um ano. Quem mandou ela ter filhos com 17? Eu tenho 18 anos e estou indo para Harvard com bolsa, tudo isso por mérito meu, mas ela parece nem estar feliz.. mas claro que ela não está, ela está perdendo a escrava dela, eu apenas dou um beijo na bochecha e falo.

Estou indo, mãe.

Saio da cozinha e vou até minha irmã que já estava chorando de desespero com meu irmão no colo, eu pego ele do colo dela e subo até o quarto, dou um remédio para ele e o faço dormir, assim que ele dorme eu o coloco no berço e desço novamente, percebo que minha mãe não está mais na cozinha.

Aonde a mãe está? - pergunto a Catarina

Ela disse que foi ao mercado, e volta logo.

"Fui ao mercado e volto logo", ela vai voltar daqui 7 horas, podre de bêbada, com um cara nojento, vai levá-lo para cama e vai gemer como se não ouvesse amanhã, e como se ela não estivesse com seus filhos em casa.

Eu vou chamar um moço aqui, para conversar com vocês, vocês terão que responder as perguntas e falar tudo que a mamãe já fez, isso vai ser pelo bem de vocês! Não vou mais estar aqui para protegê-los, mas alguém vai estar, se vocês colaborarem.

Dou um beijo nas minhas preciosidades e me despeço, trancando a casa e dando a chave para Catarina, vou até o carro e pego o celular que eu tenho, demoro um pouco para conseguir ligar porque meu celular trava mais que tudo, mas assim que consigo, suspiro aliviada.

Olá, gostaria de fazer uma denúncia anônima, por favor.

– Claro, estamos aqui para ajudar. Por favor, nos diga o que está acontecendo.

– Minha mãe está sujeitando meus irmãos a maus tratos, agressões físicas, psicológicas e assédio. Eu estou indo para a faculdade e não quero que eles passem pelo que eu passei.

– Entendemos a sua preocupação. Podemos garantir que sua denúncia permanecerá anônima. Você pode nos fornecer detalhes sobre as situações de abuso que está ocorrendo?

– Claro, há incidentes frequentes de violência física, ela os insulta e os humilha constantemente, e não tenho dúvidas de que isso está afetando gravemente o bem-estar deles.

Obrigado por compartilhar essas informações. Vamos investigar a situação e tomar as medidas necessárias para proteger seus irmãos. Se você puder, forneça-nos qualquer informação adicional que possa ajudar na investigação, mas lembre-se, sua identidade permanecerá anônima.

Muito obrigada. Estou fazendo isso para que meus irmãos possam ter uma vida melhor. Por mais que me doa denunciar a minha mãe, ela merece.

Entendemos sua preocupação e trabalharemos para garantir a segurança e o bem-estar de seus irmãos. Sua denúncia é valiosa e será tratada com a máxima confidencialidade. Vamos tomar as medidas necessárias.

Obrigada, sejam rápidos.

Apenas uma dor me toma conta de mim quando desligo o telefone, dou partida no carro e começo a fumar maconha, vou ficar duas horas de viajem no carro, mas pelo menos não é tão longe para precisar ir de avião, estou deixando meu inferno para trás e isso me deixa feliz, mas é como se eu estivesse abandonando meus irmãos com o demônio, e isso me dói profundamente.

Mas essa é a minha vida desde sempre, nunca 100% feliz, acho que minha felicidade nunca chegou a mais de 50% sem que ninguém a destruísse na mesma hora, e por esse "ninguém" quero dizer minha mãe.

Ligo o rádio conectando o Bluetooth do meu celular nele, e coloco Nirvana para tocar no volume máximo, e canto o mais alto possível, eu adoro fazer isso, parece que esqueço de tudo ao meu redor.

Chego no colégio antes da maioria das pessoas, está praticamente vazio, então aproveito para conhecer todo ele com calma sem incômodo, assim que termino de andar por todo ele e marco todas as informações importantes para amanhã quando começará as aulas, vou para meu quarto, olho na porta o número: 69. Dou um sorriso malicioso, espero que esse número me traga sorte. E como sai do carro com o pé direito, entro no quarto também com o mesmo, não que eu acredite nessas coisas, mas acho que é melhor prevenir doque remediar. Tiro o meu All-star o jogando em qualquer canto do quarto assim como as malas que Carrego (que não são muitas, afinal não nasci em uma família rica) e a última coisa que jogo é o meu corpo na cama de casal que tenho ali, imagino as coisas que posso fazer aqui.

69 - 𝓓𝓪𝔂𝓻𝓸𝓵 / 𝕮𝖆𝖗𝖆𝖞Donde viven las historias. Descúbrelo ahora