𝕻𝖆𝖑𝖆𝖛𝖗𝖆𝖘 𝖕𝖗𝖔𝖎𝖇𝖎𝖉𝖆𝖘

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Uma hora se passa e nada de Carol acordar, eu decido sair do quarto e vou almoçar no refeitório da faculdade mesmo, como comida japonesa, não sei se a Carol come, mas mesmo assim pego um pouco para quando ela acordar e coloco em um prato, com diferentes tipos de peixes e sushis.

Vou até o quarto e Carol está tremendo, penso que está com febre, que mesmo o machucado já estando quase 100% curado, pode ter gerado alguma infecção. Mas quando coloco a mão em seu rosto percebo que ela está em uma temperatura normal, ela começa a pedir ajuda enquanto sonha, percebo que está tendo um pesadelo, a chamo para ver se ela acorda, mas nada dela dar um sinal.

Sei que ela vai me matar, que eu poderia acordá-la de outros jeitos, mas vou até a pia do banheiro e encho um copo de água, logo vou até ela e jogo em seu rosto, ela acorda e me olha confusa, assustada e aliviada, até se dar conta doque aconteceu.

Você jogou água em mim? - ela fala se levantando, e passando a mão pelo cabelo molhado

– Sorry?

Ela me abraça, fazendo eu ficar molhada também, eu dou risada e deixo um selinho demorado em seus lábios, a mesma sorri e eu deixo nossas testas coladas por algum tempo, admirando a sensação de ter a ruiva em meus braços, de sentir o cheiro de seu perfume.

Você está bem?

– Tive um pesadelo, mas estou sim.

– Quer falar sobre?

Não, não agora. Quero comer.

– Trouxe sushi para você, gosta?

– Eu amo.

Ela se senta na cama e entrego a bandeja para ela, ela logo come, em silêncio.

Enquanto nós duas ficamos em silêncio, eu olho para Caroline refletindo sobre a minha vida, o primeiro ano de faculdade já está se aproximando do final, isso quer dizer que estou a um ano aqui, com notas boas e sem cometer nada que possa me expulsar, mas mesmo assim, minha bolsa só dura um ano e não a faculdade toda. O medo de não ser aceita ano que vem me domina, eu não quero me afastar de Caroline.

Mas tem meus irmãos, que estão em um lar temporário, já que minha mãe perdeu a guarda deles e não fazemos ideia de quem é nossos pais, eu não posso deixar eles desamparados mais um ano. Eu preciso achar um emprego, trazer eles para cá e continuar com a bolsa de estudos. Eu não sei como vou passar o Natal com a Família de Carol, sem passar com meus irmãos, na verdade não faço ideia se eu sequer posso passar com eles.

– Oque esta pensando? - diz Carol, me olhando com curiosidade.

Eu não sei se estou pronta para dividir meus problemas com ela, porque por mais que eu sinta que a conheço 100% ou quase isso, sei que ela não me conhece nem a metade disso.

Não estou pensando em nada.

– Eu sei que está. Dayane, deixa eu te conhecer.

– Ano que vem, não sei se minha bolsa vai durar até .

– Como assim?

– Por mais que minhas notas sejam boas, e meu comportamento também, não sei se vão renovar minha bolsa.

– E oque isso significa?

– Significa que eu estou fodida, significa que talvez eu tenha que voltar para a minha cidade.

– Nada disso, eu peço para meus pais pagarem sua facilidade e...

– Não, Caroline. Eu pareço uma mendinga, como sua mãe e você mesma disseram, eu não posso pedir esmola.

Carol engole em seco, percebo que oque eu disse foi ofensivo, que a machucou, seus olhos se enchem de lágrimas.

– Me desculpa por ser uma babaca, mas eu estou tentando melhorar, estou tentando mudar.

– Me desculpa, não queria ter sido grossa.

Ela me abraça, eu a abraço também.

está tudo bem, esse é o seu mecanismo de defesa, sei que essa é sua forma de se expressar, de se manter forte.

Você não pode fazer isso comigo.

– Isso oque?

– Me querer dizer tanto as três palavras proibidas no meu vocabulário.

– Eu também quero dizer elas para você. Mas não quero apressar as coisas.

– Demorou praticamente um ano para estarmos em paz, se você chama isso de apressar as coisas, eu digo de demorar.

– Eu te amo, Dayane.

As palavras dela aceleram meu coração, é como se toda a preocupação sumisse, apenas estivesse eu e ela, acho que é o primeiro eu te amo que escuto a vida toda, na verdade eu não acho, eu tenho certeza. Demorou 18 anos para alguém me amar, para alguém dizer que sente amor por mim.

– Eu te amo, Caroline.

69 - 𝓓𝓪𝔂𝓻𝓸𝓵 / 𝕮𝖆𝖗𝖆𝖞Where stories live. Discover now