69 - 𝓓𝓪𝔂𝓻𝓸𝓵 / 𝕮𝖆𝖗𝖆𝖞

𝕹𝖆𝖙𝖆𝖑

Após falarmos as três palavras, sei que Dayane esta mais feliz e confiante. Isso já é o suficiente para me deixar feliz e espero que seja o suficiente para ela ficar também.

Após alguns segundos, decido continuar o assunto anterior, quero saber oque ela vai fazer no Natal, quero que ela passe comigo.

- Oque vai fazer no Natal?

- Olha.. eu não sei.

- Poderia passar comigo.

- Eu pensei nisso - ela diz mas não consigo ver intusiasmo em sua voz, oque estranho. Será que ela não quer?

- mas?

- Mas tem um problema.

- Qual?

"Um problema", eu espero que esse problema não seja minha mãe, porque se for, não há problema algum, meu pai sabe controlá-la, e agora estou disposta a ajudá-lo.

- Eu tenho irmãs.

- Elas podem passar com sua mãe e o seu pai.

- Não podem.

- E por quê?

- Porquê, porra... não somos filhos dos mesmos pais. Nenhum de nós somos. Não sabemos quem nossos pais são. - ela fala com raiva, eu percebo isso, nunca a vi tão alterada. - Minha mãe perdeu a guarda de meus irmãos, eles estão em lares temporários porque não tem com quem ficar. Eu não sei como eles estão, eu não consigo falar com eles, eu estou preocupada. Eu quero vê-los, quero garantir a segurança deles, quero que eles fiquem bem.

- Eu tive uma ideia.

- Qual?

- Você tem os telefones dos lugares em que eles estão?

- Sim, claro que eu tenho.

- Ótimo, vou falar com o meu pai.

- por que?

- uma dúvida, eles estão em orfanatos ou já foram para casas temporárias?

- Orfanatos.

- Ok, você precisa ter 25 anos para adotar uma criança, para adotar seus irmãos, mas eles podem ir para minha casa, meus pais cuidaram deles.

- Não, claro que não. Não quero subir nas suas costas, não. Você já fez coisas demais por mim.

- Oque eu fiz, Dayane? Você salvou a minha vida, você trouxe paz, felicidade e amor para ela. Você me ajudou em muita coisa, deixa eu te ajudar também... meus pais amam crianças, e sei que eles se sentem sozinhos sem mim lá.

- Eu não quero abusar deles e nem de você, a sua mãe...

- A minha mãe, por mais que seja dura, é uma boa mãe, e lá tem a Luna também, a minha irmã, vai ser ótimo para ela socializar.

- Você tem certeza?

- Absoluta.

Consigo ver o olhar dela com um grande brilho, eu dou um selinho demorado na mesma.

- Agora é nos duas juntas, sempre. Uma ajudando a outra. - Dayane diz, eu sorrio, é óbvio que é assim

- E uma beijando a outra também, né?

- Com toda certeza, patricinha.

Sorrio e termino de comer, após isso, pego o meu celular e ligo para meu pai, explico a situação de Dayane e ele fala que vai ser um prazer enorme ajudar, e que ele vai ficar muito feliz ao ver a casa cheia de crianças, e que vai ser um prazer tratá-las que nem filhos.

Agora, após tudo estar resolvido, me Deito novamente ao lado de Day.

- Quero saber oque foi o seu pesadelo.

- Tem certeza?

Não sei se vou conseguir falar dele, tudo pareceu muito real, e me gerou medo, ainda gera, na verdade.

- Eu estava aqui, você tinha sumido, eu comecei a escutar passos, mas logo percebi que não eram os seus. Uma sensação horrível tomou conta de mim, e então a maçaneta começou a ser rodada e eu entrei embaixo da cama, te mandei mensagens mas você não via, e então a maçaneta parou e os passos se afastaram, recebi uma mensagem sua, pedindo ajuda e dizendo que você estava no jardim... - respiro fundo, tento forças as palavras a saírem, me sinto fraca, Dayane esta me olhando, esperando que eu prossiga, esperando que eu fale, que eu conte, mas a única coisa que sai são lágrimas, como se as memórias do pesadelo invadissem minha cabeça, como se eu estivesse nele novamente.

- Está tudo bem. - ela me abraça e me dá um beijo na bochecha.

- Eu fui até o jardim, você estava morta, eu me desesperei, ouvi passos atrás de mim, e ele... ele estava lá.

Não consigo mais me acalmar ou parar de chorar, Dayane me abraça e sei que ela já entendeu quem é o "ele".

- Foi só um sonho, ok? Eu estou bem, ele não está aqui, você está comigo, e eu te amo.

- E eu te amo. - falo e ela me beija, um beijo calmo mas com muito carinho, eu realmente a amo, a amo muito.