Capítulo 37

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O ambiente era impregnado pela tensão que pairava no ar. Cada tic-tac do relógio na parede ecoava como uma batida de coração ansioso. Na sala de espera, a família e amigos se aglomeravam, unida pelo elo delicado que os unia: a cirurgia de transplante de fígado de Nicolas.

Camila, visivelmente abalada, recebia o conforto caloroso dos pais. Seu olhar, perdido no espaço, refletia a agonia e a esperança entrelaçadas em seus pensamentos. Ela segurava firme a mão do pai, enquanto a mãe acariciava-lhe os cabelos, tentando transmitir coragem com seu olhar sereno, embora marejado.

Clara, por sua vez, estava num canto da sala, chorando em silêncio. As lágrimas rolavam incessantemente pelo seu rosto enquanto suas mãos apertavam o terço com força. Cada conta parecia um sussurro de prece, ecoando entre soluços contidos.

O ambiente parecia estático, como se o tempo tivesse decidido suspender sua jornada. O silêncio pesado era quebrado apenas por suspiros entrecortados e murmúrios sussurrados de encorajamento.

Enquanto isso, lá dentro, a cirurgia começava com seu ballet coreografado entre médicos, instrumentos e a esperança de um recomeço para Nicolas. O futuro parecia incerto, mas naquela sala de espera, a cada batida do relógio a ansiedade aumentava mais.

Sinu estava tentando acalmar Clara, que chorava sem controle depois de ter chegado tarde demais para acompanhar Lauren e Nicolas ao centro cirúrgico.

— Eu sinto tanto, Sinu. Eu queria tanto ter chegado a tempo. Eu não queria ver minha filha e meu neto, antes deles irem para cirurgia. – Soluçava Clara entre lágrimas.

— Você deveria ter vergonha na cara, Clara. Desde que Christopher voltou, você ignorou completamente Lauren. Jogou ela para escanteio. E como se isso não bastasse, ainda insinuou que ela poderia voltar a viver em família depois de tudo que aconteceu. – Verônica, em um acesso de raiva, não se conteve e disparou contra Clara.

— Isso não é verdade, Verônica. Eu liguei várias vezes para Lauren, mas ela não atendeu minhas chamadas. – Clara, com os olhos marejados, rebateu.

— É claro que ela não atendeu, Clara. Depois de tudo que você insinuou sobre vocês serem uma família novamente, ignorando o mal que Christopher fez a Lauren e a Keana, era óbvio que ela não queria falar com você. Você a afastou, não culpe Lauren por isso. – Lucy, com ironia, interveio na discussão.

O clima tenso pairava no ar enquanto Sinu tentava acalmar Clara e o restante da família se envolvia em conflitos. Parecia que a situação entre os membros da família Jauregui estava longe de se resolver.

— Gente espera um pouco, eu sei que existem muitas questões que precisam ser resolvidas e esclarecidas, mas agora não é momento para isso. Vamos apenas focar em mandar boas energias para Lauren e Nicolas que estão passando por um momento delicado, depois que tudo isso passar, a gente resolve o que tem para resolver. – Sofia indagou, querendo acabar com aquele clima pesado.

No restaurante próximo ao hospital, Alejandro entrou no local para tentar comer alguma coisa e acalmar sua ansiedade. Mas ele se deparou com Christopher e Michael sentados em uma mesa, conversando totalmente despreocupados.

Alejandro não havia engolido o fato de que Michael ameaçou Camila, obrigando sua filha viver com medo dentro da própria casa. E para piorar ele teve que segurar quando viu a marca avermelhada no pescoço de Luna, e descobrir que o próprio pai de sua neta a machucou daquela forma.

Mas ali naquele momento, eles estavam longe de quem poderia o impedir de agir. Então sentindo seu sangue ferver, Alejandro foi até a mesa dos dois homens a passos firmes.

— Michael, eu vou te dar apenas um aviso! Se você ousar ameaçar Camila novamente eu juro que você vai pagar muito caro por isso. – Alejandro esbravejou chamando atenção dos clientes a volta deles, mas não se importava nenhum pouco com isso.

ResentmentWhere stories live. Discover now