Capítulo 8

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Lauren Jauregui | Point Of View

— Nicolau Maquiavel, uma vez disse: “Nunca se deve deixar que aconteça uma desordem para evitar uma guerra, pois ela é inevitável, mas, sendo protelada, resulta em tua desvantagem.” – Retirei meus óculos de grau, encarei meu filho que me olhava atento. — O que ele quis dizer com isso? – Perguntei me pondo de pé.

— Que eu devo encarar meus conflitos de uma vez, sabendo que se deixar para depois, mesmo sentindo que eu estou fazendo o melhor, na verdade eu estarei apenas acumulando o problema... – Lawrence falou pensativo e eu o chamei para vir onde eu estava.

Meu filho ficou na minha frente e nós dois encaramos o espelho, ergui sua cabeça com o queixo mostrando a postura que ele precisava tomar.

— Evitar uma crise pensando que você está evitando o caos, para não se machucar ou a quem você ama... é o mesmo que você fechar a porta na sua frente… mas inevitavelmente, outra surgirá em suas costas. – Expliquei segurando em seu ombro. — Pode se passar muitos anos, mas um dia você vai ter que encarar o caos. – Lawrence concordou encarando os nossos reflexos no espelho.

— Igual ao que a senhora está passando aqui? – Meu filho perguntou e eu sorri triste.

— Sim, eu evitei o caos... mas agora ele me força a olhá-lo e encará-lo. – Um arrepio passou pela minha espinha.

— Tudo bem, mama! Eu sei que a senhora vai conseguir resolver tudo, a senhora sempre resolve! – Lawrence virou para mim e sorriu.

Sorri para o meu filho e voltamos a dar sequência nos estudos dele, normalmente ele tem professores particulares que presencialmente cuidam da educação dele. Mas com a nossa inesperada mudança, ele está estudando a distância com os mesmos professores e eu acompanho tudo sempre que possível.

Keana e eu discutimos muito sobre a educação de Lawrence na época em que ele atingiu idade o suficiente para estudar. Poderíamos ter colocado ele nas melhores e mais requisitadas escolas do país, ou algum internato, porém nada nos pareceu seguro o suficiente, mesmo tentando durante alguns anos.

Por fim, optamos pelo ensino em casa, mesmo estando preocupadas com o fato de que Lawrence não tivesse contato com outras crianças de sua idade. Mas como sempre moramos em condomínios que eu mesma comprei, as pessoas que vivem lá sempre passaram por um pente fino a fim de confirmar suas índoles.

Então Lawrence fez amigos por lá mesmo, sempre seguido pelos seguranças e o drone que eu programei para sempre segui-lo sem que ele soubesse.

— Mama, as férias de verão começam daqui a quatro meses, posso chamar John e Mason para virem me visitar? – Meu filho me olhava com expectativa.

— Por mim tudo bem! Fale com a sua mãe para conversar com os pais deles. – Disse enquanto sorria de lado, vendo-o fazer uma de suas dancinhas comemorativas.

— Podemos ir à praia, não é? Eu quero participar das aulas de surf... – Lawrence me entregou o caderno e começou a tagarelar.

— Vou estudar essa possibilidade... mas na última vez em que você decidiu que queria aprender a andar de skate, quebrou o braço! – Exclamei me lembrando do quanto Keana ficou brava.

— Mas, mama... – Lawrence choramingou e coçou as orelhas, uma mania que ele tem desde sempre.

Idêntico à mesma mania de Christopher...

Em momentos como esse, todo o sangue que corre em minhas veias se congela. Ao me relembrar que meu primogênito tem alguns trejeitos idênticos do meu irmão gêmeo.

Tentei disfarçar o incômodo que senti, para não dar a chance de haver questionamentos...

— Sem essa, filho! Você lembra de como a sua mãe ficou quando você quebrou o braço, vamos ser cuidadosos para não deixá-la de cabelos brancos. Você sabe que ela enlouqueceria. – Ele suspirou e concordou.

ResentmentWhere stories live. Discover now