𝑺𝒆𝒗𝒆𝒏𝒕𝒚

67 7 4
                                    

Assim, um de seus capangas aponta a arma em direção a mim, furiosos e sedentos por vingança. Minha arma já estava apontada, prestes a atirar, quando puxo o gatilho, nada sai.

As balas acabaram. 

Aquele instante minha vida passou diante de meus olhos, tudo o que vivi em todos esses anos até chegar no momento em que eu estava agora. 

Eu não posso ter minha vida interrompida aos 22 anos.

E tudo parecia passar em câmera lenta. Meus pensamentos pareciam devagar, os passos, cada movimento de cada pessoa no local... Seria Deus me dando alguma chance? 

Não penso duas vezes em correr de uma pilastra para outra, com o corpo curvado com medo de qualquer disparo, e ainda segurando a criança em minhas mãos. Não consegui ter percepção de muitas coisas com a confusão que estava no local. A troca de tiros entre as duas mulheres e os quatro capangas deixavam a poeira muito alta, um barulho estrondoso, mal consegui escutar ou enxergar nitidamente. 

Então o mesmo capanga trás a arma em direção a mim novamente. O que eu faria? Estava desesperada, não correria para outra pilastra. As pilastras eram muito finas, mal tampava meu corpo. Olho para a blusa da Saray que estava estancando o sangue no abdome de Estrella, e a blusa não estava mais ajudando tanto, por estar ensopada de sangue. 

Fecho os olhos fortemente, apertei Estrella em meus braço tentando protege-la. Uma lágrima desce de meu olho ao sentir que dali  vida. 

~ CACHINHOS, NÃO! - escuto o grito de Saray. 

Ao abrir os olhos, mirando meu olhar para a esposa, vejo-a correr em direção a mim. Em um segundo, como se tudo deixasse de ser em camera lenta, Vargas se atira contra mim, me derrubando no chão. Assim, o tiro acertou em qualquer outro lugar. 

Não demorou muito para escutarmos a sirene da polícia. Os capangas rapidamente correm á direita do estacionamento abandonado, e em um sopro, não conseguimos mais enxerga-los, com aquela escuridão. 

~ Filhos da puta. - disse Zulema após inspirar fundo. 

No chão mesmo, Saray desabou em lágrimas. Ela abraça Estrella e eu.

- Pronto, meu amor, acabou.

~ Não... Ela está morrendo. 

A árabe nos olha de cima com as mãos na cintura, ficava mais alta com aquelas botas pretas e longas calça jeans. Ela exala poder e confiança.

Passos rápidos são escutados vindo á esquerda do local, onde chegamos. 

~ Mãos na cabeça, soltem as armas!

~ Puta que pariu - sussurra Zulema.

Eram cerca de quatro policiais apontando suas armas para nós.

~ MÃOS NA CABEÇA AGORA! - grita um deles.

Portanto fizemos o que eles mandaram, Zahir solta sua arma ao chão.

- Calma, foi um mal entendido! Eles foram para aquela direção - aponto.

~ Que mal entendido? Vocês roubaram o carro preto na rua Arganda Del Rey. - seu olhar era de desgosto.

Ai, merda. Me esqueci disso. 

~ Por favor, apenas ajudem minha filha, levem ela para o hospital, só peço isso. - Saray chora desesperadamente.

~ Senhora, você vai ser condenada, não tem noção disso? - disse o policial.

Meu olhar  passar por todo o ambiente. Santiago com a cabeça estourada no chão, Estrella naquele estado e nós com armas e sangue por toda parte... O que iriam pensar? 

Um deles pega Estrella em meu colo, e os outros colocam as algemas em mim, Zulema e Saray. 

~ Vocês estão presas por porte ilegal de armas, roubo de carro e homicídio.

~ Espera aí, o que? - exclama Saray assustada. 

Estávamos tão desesperadas em encontrar Estrella bem, que eu não pensei na hora que pegamos o carro, que ele  poderia ter rastreador... O dono do automóvel chamou a polícia e eles nos encontraram, sem vestígios dos capangas de Santiago.

~ Vocês são idiotas? - exclama Zulema furiosa. 

~ Eu não te chamei aqui Zulema, você veio porque quis. - responde Vargas.

~ Eu vim te ajudar, se eu não estivesse aqui, vocês virariam comida de porcos. 

~ CALEM A BOCA! - reclama um policial.

- Me desculpa, por favor... - sussurro. 

~ Não foi sua culpa. 

Eles nos pegam pelo braço com força, com as algemas já colocadas, nos direcionando para o carro da polícia. 

~ Tá me apertando, porra! - reclama Zulema.

~ É assim que criminosas nojentas devem ser tratadas. 

𝐌𝐲 𝐅𝐚𝐯𝐨𝐫𝐢𝐭𝐞 𝐓𝐞𝐚𝐜𝐡𝐞𝐫Donde viven las historias. Descúbrelo ahora