𝑓𝑖𝑓𝑡𝑦-𝑡𝑤𝑜

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𝗘𝗦𝗧𝗘𝗙𝗔̂𝗡𝗜𝗔 𝗣𝗢𝗩

Dou um beijo na testa de minha mãe que situava-se na mesa se alimentando, pego minha mochila e começo a caminhar para a escola. Coloco meus fones, que hoje estavam tocando "Mc Jessica - Tô fazendo amor com a favela toda". Inclusive, eu preciso parar de escutar músicas na rua pois eu fico surda, quase fui atropelada, e só me falta ser assaltada.

Os três horários passaram bem rápidos, e quando me dei conta já estava no recreio. Me encostei embaixo de uma árvore que tinha sombra, era bem tranquilo. O dia estava bem quente e eu queria um pouco de paz das pessoas, e do sol também. Quando uma presença me tira de meus devaneios.

~ Buh!

Fábio me envolve em um abraço por trás. O garoto se senta ao meu lado e o silêncio se faz presente no ambiente, até ele decidir quebrar-lo.

~ Você leu o jornal da escola hoje? - o colega de classe pergunta.

Se ele estiver tentando puxar assusto, ele está falhando miseravelmente.

- Quem lê o jornal da escola? - ele solta risos fracos.

~ É, praticamente ninguém. Mas hoje, todo mundo está interessado no assunto. O jornal virou site de fofoca!

O jornal da escola apenas retrata debates de temas relacionados aos calendários de eventos escolares e comunitários, conteúdos curriculares, esportes, artes... E não fofoca.

~ Dizem que existe um romance entre uma aluna do segundo ano e uma professora, mas eles não citaram os nomes... Ainda! - o menino diz e eu gelo por completo.

Não consegui conter minha expressão de nervosismo e susto.

- É mesmo? E o que mais fala no jornal? - pergunto.

~ Que logo os nomes serão revelados, que a professora é uma predadora sexual... É melhor você ler com seus próprios olhos. - ele me entrega o jornal.

Logo lembro que Fátima faz parte do Jornal Escolar desde sempre, mas agora ela terá problemas com o jornal, pois esse tipo de notícia não é permitido.

Hija de puta.

A filha da puta agiu mais rápido do que eu pensava, nem comentei nada com Vargas ainda.

Corro para a parte interna do colégio a procura de Saray, deixando Fábio ali sozinho.

Seria a coisa mais inteligente a se fazer, logo quando há um boato sobre professora e aluna? Talvez não, mas EU PRECISAVA.

A mulher situava-se na sala dos professores, então entro.

- Você viu?

~ Vi. - ela diz calmamente, trazendo a xícara em seus lábios.

- Hã, e aí? É só isso?

~ São apenas boatos...

- Não, não são, você sabe porra. E Fátima também. - Saray se engasga com o café, derramando em sua blusa.

~ O que? Que porra você falando, Estefânia?

- É que Fátima faz parte do jornal. Ontem ela me disse que sabe sobre a gente, mas não fica brava comigo.

~ Eu não tô brava com você, meu amor. - ela junta nossos lábios e me traz para um abraço. ~ Eu resolvo isso, vai ficar tudo bem.

- Não, eu resolvo, a fofoqueira é da minha família. 

Minhas mãos começaram a ficar suadas e tremer, com presteza lágrimas escorreram de meus olhos, chorando nos braços de Saray. 

Era a primeira vez que chorava por medo. Imagina se a escola toda descobrir? Pois na manchete diz que logo os nomes serão revelados. E de algum modo eu sabia que aquilo era minha culpa.

~ Ei ei, para de chorar, vai dar tudo certo. - ela limpa as lágrimas com seus dedos.

É claro que eu não deixei barato para Fátima. Então me despedi de Saray e fui procurar Fátima pelo colégio, eu apenas tinha quatro minutos.

Encontrei a garota em uma sala na reunião do grêmio estudantil. Abri a porta com força da sala e todos trouxeram seus olhares confusos a mim.

~ Aqui é o conselho estudantil, não a detenção Estefânia. - diz uma colega de classe da Amir e os outros soltam gargalhadas.

- Não se preocupe, eu sei caminho da detenção.  - digo caminhando até Fátima. - só vou bater um papinho com Amir, sabe como é né, coisas de irmã. - digo com ar cínico, puxando a mais nova pela gola da blusa até fora da sala.

~ Estefânia, para com isso. - solto sua blusa e dou um empurrão, o que fez com que ela se desequilibrasse, mas não caísse.

- Que porra Fátima, o que foi aquilo no jornal?

~ Gostou? Foi inspirado em você! - ela diz de modo sarcástico.

- Eu estou tentando me controlar, acho melhor você parar... - respiro fundo.

~ Se não o que?

E como esse diálogo acabou? Como sempre acaba. 

Em briga, empurrão, tapas, puxões... 

Orlando foi chamado na escola para uma conversa na diretoria. Afinal, essa não foi a primeira briga entre nós e por isso, o diretor Sandoval aconselhou uma terapia familiar. Não só comigo e Amir, mas com Orlando, minha mãe e mãe de Fátima, pois ele achava que essas brigas eram algo mais profundo. 

Tudo desse Carlos é terapia, esse diretor não serve para nada. 

Mas meu pai aceitou a proposta e logo iria marcar uma terapia, ele também já estava cheio de sair de seu escritório para resolver problemas escolares. 

𝐌𝐲 𝐅𝐚𝐯𝐨𝐫𝐢𝐭𝐞 𝐓𝐞𝐚𝐜𝐡𝐞𝐫Where stories live. Discover now