𝑇ℎ𝑖𝑟𝑡𝑦-𝑓𝑖𝑣𝑒

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𝗘𝗦𝗧𝗘𝗙𝗔̂𝗡𝗜𝗔 𝗣𝗢𝗩

A nova turma não é tão ruim. É uma classe silenciosa e bastante entediante, mas não me importo, já que passei as aulas dormindo. Com exceção de Nerea, que insiste em puxar assunto comigo, porém eu não estava com muita vontade, dado que passei o dia mal humorada.

No intervalo me direcionei a quadra me sentei na arquibancada, em um canto onde batia sol, que me esquentava. Estava presa em meus devaneios quando meu sol é tampado e três sombras invadem o local. Olho para cima e vejo Altagracia, Silene e Yolanda presentes em minha frente. 

~ Amiga, você está acabada... - disse Altagracia.

- Eu amo quando vocês me colocam para cima. - digo sem expressão alguma em meu rosto e intonação em minha voz.

Elas provavelmente haviam me procurado em minha sala, depois pela escola, me achando na quadra. Porém eu queria ficar um pouco sozinha. 

~ Não é porque você mudou de sala que deixou de andar com a gente, viu? - Yolanda exprime.

~ Lascurain, o que é isso? - Guerrero toma de minha mão um cigarro que ainda estava aceso. 

Era a primeira vez que via Altagracia tão séria e dizendo algo de modo tão firme. Ela o joga no chão e pisa. A garota agacha e pousa suas mãos em minhas pernas, fazendo com que eu olhasse em seus olhos. 

~ Você sabe que pode ser expulsa se te virem com isso, certo? Você não acha que já está exagerando? Tu é muito intensa garota!

Quando era bem pequena, eu escutava as pessoas da igreja que minha avó frequentava, dizerem que beber e fumar era errado. Pois eram as maneiras de se matar gradualmente sem ser considerado um suicida. Mas ao longo do tempo eu percebi que amar é uma maneira de se matar aos poucos. Perto do amor, o cigarro e o álcool não eram nada para o meu corpo. 

~ Espera aí gente, o que exatamente está acontecendo? - Silene questiona confusa.

Yoli se senta ao meu lado e me abraça forte de lado. Pouso minha cabeça em seu ombro, fechando os olhos.

~ Eu já volto. - disse Altagracia.

A amiga abre um sorriso simpático com os lábios unidos, deposita dois tapinhas fracos em minha perna e se dirige para fora da quadra.

Ás vezes eu me perguntava o porquê das coisas. Especificamente o porquê das coisas que eu fazia, e como agia a cada situação. Normalmente as respostas são sempre minha impulsividade descontrolada. Mas eu não tinha uma resposta concreta por eu ter voltado do 0, estar agindo como agia antes de conhecer Saray. Talvez ela seja a resposta. Talvez sem ela minha vida tenha se tornado como era antes... Única coisa que eu tinha certeza era de eu precisava me recompor novamente, visto que desde antes de qualquer toque, eu sabia que aquilo de aluna e professora terem um romance ás escondidas, não iria acabar bem.

Talvez eu tenha me perdido quando eu perdi ela.

𝗦𝗔𝗥𝗔𝗬 𝗣𝗢𝗩

Desabafava com a amiga enquanto a mesma despejava café em uma xícara. A árabe estava com um semblante sério, como de costume, ela apenas me observava falar. 

Tínhamos aqueles 20 minutos de intervalo para conversarmos. Que antes eram ocupados por passar um tempo com Estefânia, em alguma sala escondida, nem que fosse para nos cumprimentarmos. Mas agora nem vê - la, eu conseguia.

- ... Eu me sinto observada o tempo todo, depois de ver aquelas fotos. Sem contar que Estefânia está me achando a pior pessoa do mundo, mas tudo o que estou fazendo é por amor. 

~ Cigana... - ela traz seu olhar para algum objeto da sala, com os olhos cerrados, ela parece pensativa. ~ Você tem uma carta contra ele, provando de seu próprio veneno.

- O que? Como assim, véia?

~ Presta atenção! Quantos anos Estefânia tem? - ela diz sério.

- Sei lá, dezesseis, dezessete... 

 ~ Então! Ela é menor de idade. Imagina se descobrissem que Santiago tem fotos íntimas de uma menor de idade sem o consentimento dela... Pega mal isso.

Puta árabe inteligente!

- Como eu nunca tinha pensado nisso cara!

Dou a volta na mesa empolgada e levanto a amiga da cadeira. Aperto sua cintura e deposito vários beijos em seu rosto. A mulher dispõe dois tapinhas em minhas costas, já não suportando mais o contato físico.

~ Tá bom, tá bom... Chega! Chega com essas boiolagens cigana!

Sabendo que meus carinhos excessivos irritavam a mais velha, começo a gargalhar de Zahir.

A porta se abre fazendo a brincadeira se encerrar ali mesmo. Logo me veio um deja vú de todas as vezes que Estefânia entrava na sala de modo súbito, no horário da saída ou do intervalo. Mas não era a garota dos cabelos cacheados que me fazia tanta falta, e sim sua amiga, a senhorita Guerrero.

~ O que te traz aqui Guerrero? - pergunta a árabe. 

~ Eu queria tirar uma dúvida com a senhora Vargas, sobre um trabalho.

~ Uhum, sei... - Zahir arqueia as sobrancelhas. Ela olhava para mim e para a garota, tentando decifrar nossos rostos. ~ Saray, eu já vou para o segundo ano. Preciso preparar o projetor na sala. 

- Vai lá. - a mulher sai da sala, deixando eu e a aluna sozinhas no recinto. - Qual sua dúvida, senhorita Guerrero?

~ Por que ser tão fria com minha amiga? Você gostava dela de verdade?

- É claro que gostava, gosto muito ainda. Por isso fiz o que fiz, e ela logo entenderá. 

~ Olha, você a decepcionou muito, não acho que ela vá entender... E senhora Vargas, antes a Estefânia já não era uma miss simpatia, mas agora então fodeu tudo!

~ Tu era minha prof preferida mas você fodeu minha amiga.

- Ah pirralha, te orienta! Vê se é jeito de falar com sua professora? Chispa daqui antes que fique sem média no final do semestre, anda fedelha!

Garota ousada...

~ Eu não disse tudo o que eu queria não heim! - disse a garota entre a porta. 

- Vaza!

É bom saber que minha garota tem amigas no colégio que se importam com ela, mesmo que tenho sido insolência da parte da senhorita Guerrero.

𝐌𝐲 𝐅𝐚𝐯𝐨𝐫𝐢𝐭𝐞 𝐓𝐞𝐚𝐜𝐡𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora