𝑓𝑖𝑓𝑡𝑦-𝑠𝑒𝑣𝑒𝑛

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Iniciou-se a aula de química, e meus pensamentos estavam focados nos últimos acontecimentos da minha vida. Eu teria que dar um jeito nisso, não posso deixar a Saray me sustentar. Eu estou usando em sua casa água, comida, gás... Precisava de um emprego. E também o meu aniversário é no final de semana. Então durante essa aula, eu comecei a fazer o meu currículo para entregar por aí.

~ Você fala outro idioma? - a amiga mexicana tenta ajudar.

- Claro que não.

~ Bom, mas você já teve ter tido outras experiências, porque vai precisar fazer um bom currículo.

- Eu tava pensando...Uhmmm... Eu dirijo todo tipo de carro, roubado ou não. Faço ligação direta, furto, e se for preciso eu incendeio. Tá aí o meu grande currículo. - exclamo irritada e desmotivada.

~ Menina que currículo ótimo! Com isso você consegue qualquer emprego!

No segundo horário, situava-me magoada, pois olhei a barra de notificações do meu celular e me deparei com várias mensagens de meus pais pelo direct (pois em um surto,eu os bloqueei do whatsApp), me dando esporro com várias palavras fortes e desrespeitosas. Eu os entendo, eu fugi de casa né. Porém os seus xingamentos se voltaram contra exclusivamente á minha sexualidade e ao meu relacionamento com Vargas.

As mensagens continuaram, agora menos ofensivas.

"@carmen.lascurain. : vc só me dá desgosto."

"@carmen.lascurain. : Volta pra casa, Estefânia."

"@carmen.lascurain. : Vc está na escola? Irei te buscar. "

"@._.cachinhos._. : n to na escola, n preciso de ler suas ofensas, estarei bloqueando. "

"@_..cachinhos.._ : se tiver disposta a conversar pacificamente, estarei aberta. Mas saiba que amo aquela mulher e não há nada q vc possa fazer pra nos separar. "

Seria legal se eles conhecerem Saray respeitosamente, e vissem que ela é uma boa pessoa. Ela me faz tão bem, eu me sinto confortável e confio nela. Eu nunca amei alguém como amo ela, mas eles só veem a idade, sexualidade, a forma que nos conhecemos...

Durante os horários eu me segurava para não tirar satisfações com Yolanda, eu me sentia traía e queria saber pelo menos a razão disso. Mas ao mesmo tempo, eu só queria ignorar-la, visto que isso não é coisa que amigas fazem. Tinham todos os "desconhecidos" possíveis para me foder, como a senhora Ferreiro, mas logo a minha amiga me ferrou na primeira oportunidade. 

Com todos esse pensamentos de ódio pairando em minha cabeça, eu não me segurei e fui falar com a garota. Quando chegou o recreio, ela se apresentava em uma mesa com Hierro e seus amigos, como de costume. Então vou até ela, estava um clima muito estranho entre a gente.

- Montero, a gente pode conversar?

~ Não. - ela desvia seu olhar, me ignorando.

- Se você quiser, eu falo sobre o assunto na frente de todos eles, eu tô pouco me fodendo. 

Revira os olhos e se levanta da mesa, e nos afastamos um pouco de onde aqueles garotos estavam para conversarmos a sós.

- Mas é uma desgraçada mesmo né. 

Meu pavio é curto demais para ter uma conversa pacífica.

~ Você me chamou pra me xingar? Eu tô indo... - disse se virando de costas a mim, indo em direção ao local onde estava antes.

- Espera - digo após segurar seu braço, a impedindo de sair daquele diálogo. - Por que você fez isso? Por que me traiu para Fátima? Eu não entendo, achei que poderia confiar em você. 

~ Se você vai estragar o meu relacionamento, eu vou estragar o seu. - disse com um sorriso presunçoso no rosto. 

- Se você acha que a nossa amizade valia tão pouco assim, por mim tudo bem.

Eu queria estragar o namorozinho dela? Em nenhum momento eu a julguei por ter um relacionamento ioió, por sempre perdoar Hierro... Mas ela sim, sempre dizia que a senhora Vargas só queria me usar, dizia que eu estava indo rápido demais.  

[...]

𝗦𝗔𝗥𝗔𝗬 𝗣𝗢𝗩

Chego ao estacionamento e Estefânia já me espera em frente ao carro. Nós não poderíamos descer juntas para o estacionamento, claro. Nos cumprimentamos e entramos no carro, partindo para a minha casa. Fomos no trajeto conversando sobre o nosso dia, mas na minha cabeça não saía o fato de que o aniversário da garota era nesse final de semana. Eu precisava comprar algo e fazer algo especial.

Mas quando? Ela está sempre comigo agora que está morando na minha casa. 

~ Saray, Saray? Tá prestando atenção no que eu tô falando? - a garota pergunta, estalando os dedos no meu rosto enquanto em dirigia.

- Hã? Tô prestando, pode continuar. 

~ Eu preciso logo arranjar um emprego, nem que eu pare de estudar.

~ Estefânia, por que está tão preocupada com isso? Eu já falei, não se preocupe. Eu dou tudo o que você quiser... - sorrio.

- Eu não quero uma sugar mommy, eu só quero uma namorada. -  solto risadas da mais nova.

~ Mas é sério, você acabou de passar por algo difícil, tem a escola. Muita coisa ao mesmo tempo você não aguenta. 

Á tarde, eu aproveito que deveria buscar Estrella e vou em algumas lojas.

𝐌𝐲 𝐅𝐚𝐯𝐨𝐫𝐢𝐭𝐞 𝐓𝐞𝐚𝐜𝐡𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora