II (parte 3)

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Enquanto eu pensava na profetisa sinto-me viajar e a pensar na Maya.

— Onde está a Maya? —perguntei eu sem pensar que hoje era dia de escola.

— Como assim? A Maya está na escola obviamente. — respondeu Jonathan.

— Pensei que ela fosse ficar em casa connosco hoje... — respondi eu.

— O Tobias tem uma paixoneta pela Maya pai. — diz Richard num tom de voz a zombar da minha cara.

— Não é nada disso. Tu sabes bem que ela ontem se deitou tarde para nos trazer para casa sãos e salvos. — respondi eu irritado.

— Essa conversa não tem nada de interessante e não nos leva a lado nenhum. Agora falando de coisas bem mais importantes do que isso... Vamos começar a preocupar com coisas que sabemos que podemos controlar e não nos sonhos que tiveste Tobias. Vocês vão ser os dois treinados, tanto individualmente como em conjunto. O vosso poder junto pode causar muitos danos e se não treinarem, poderá causar mais desmaios e possível trauma a nível cerebral tanto a vocês como para os outros. - explicou Jonathan.

— Eu não quero magoar mais ninguém... Nunca vos quis magoar a vocês nem a mim... Peço desculpa por isso. — disse eu aproveitando que ainda não me tinha desculpado. — A Alice está onde?

— A Alice está a tratar de coisas para a base e para os vossos treinos. Eu fiquei aqui porque tinha de falar com vocês sobre tudo isto que se está a passar nas nossas vidas. — explicou Jonathan.

— Há algo que eu não entendo pai. — disse Richard que parecia estar a pensar muito bem nas palavras. — Eu e o Tobias ainda não somos irmãos de sangue. Não fizemos o juramento, então como podemos ter tantos poderes? Há algo que nos estás a esconder?

Eu queria dizer que há sempre algo que ele nos esconde porque é a verdade mas fiquei só a observar e a ouvir.

— Não estou a esconder nada. Só que assumimos que para serem diferentes e mais poderosos, os vossos poderes conjuntos iriam despertar mais cedo, antes mesmo de fazerem os votos, mas a verdade é que não sabemos. — começou Jonathan a explicar. — Nunca aconteceu nada assim em todos os anos que já vivi. A maior ligação que já vi e presenciei foi do meu filho mais velho, o Henry, com o teu pai Tobias. Mas esta ligação entre vocês é algo especial e diferente e temos de saber mais sobre ela. - disse Jonathan tentando explicar-se.

— Está a tentar justificar as suas ações podres? E o que quer dizer com isso? Quer dizer que vamos ser novamente um produto das suas experiências com o doutor? — atirei eu à cara dele.

— Não, foi muito errado o que fiz e peço desculpa pelo meu comportamento. Queria saber mais e fiquei assustado com o poder que ambos demonstraram contra nós. — desculpou-se Jonathan.

— O poder que demonstramos não é desculpa para termos sido usados como cobaias de laboratório, vocês cortaram-nos e queimaram-nos. Isso não é humano. — respondi eu zangado.

— Tens razão Tobias, no entanto vocês conseguiram derrubar dois adultos só a apontar para nós e com o poder da mente e da raiva. — Explicou-se ele.

Eu fiquei durante um tempo a olhar para ele mas depois assenti.

— Está desculpado desde que não o volte a fazer, porque agora já estaremos sobreaviso. Já estaremos à espera. Então qual é a ideia? Como pretende saber mais sobre o nosso poder? — perguntei interessado.

— A minha ideia é a nível de treinamento e da vossa relação pessoal. Por exemplo, os poderes conjuntos só aparecem quando se faz o juramento, poderes como comunicar mentalmente um com o outro e ver através dos olhos um do outro. É isso que queremos ver se conseguem fazer sem o juramento, caso consigam, assim que fizerem o juramento será tudo muito mais forte. Queremos apenas estimular os vossos sentidos — explicou Jonathan.

Os Irmãos De Sangue: Um Encontro InesperadoWhere stories live. Discover now