II (parte 1)

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Rápido como um raio estava definido o nosso destino como ratos de laboratório. Eu nem conseguia acreditar. Sentia-me completamente ultrajado, tal como Richard e eu sabia disso porque conseguia sentir a raiva vinda dele.

— O quê? Vão fazer experiências connosco? Estão doidos? — pergunto eu aos gritos.

— Pai, mãe não podem fazer isto! Não é ético. Eu sou vosso filho, o Tobias está ao vosso cuidado como conseguem fazer uma coisa destas?? — grita Richard desesperado.

Eu tento sair da cama, mas parecia que algo me prendia nela.

Vejo o doutor Henriques a apontar para nós e a mover os lábios e rapidamente percebi ser magia.

Eu grito de raiva para o ar e para todos eles e começo a chorar.

Vejo Maya completamente espantada e em transe com toda a situação, mas assim que saiu do transe pegou numa cadeira e bateu com ela no doutor fazendo com que ele nos libertasse do feitiço.

Nós levantamos da cama e ficamos de frente para Jonathan e Alice.

— Maya, fora daqui já! Como te atreve a interferir? — grita Jonathan em plenos pulmões completamente furioso.

— Mas pai... — começa Maya a dizer chocada.

— Não há, mas nem meio mas! Fora daqui já! — grita novamente Jonathan avançado para ela.

Maya não saiu do lugar então Jonathan agarrou no braço dela e atirou-a para fora da sala.

— Seu monstro! Como se atreve a tratar assim a Maya? — digo eu e mais uma vez senti a mesma energia de antes a despertar em mim.

As máquinas ligadas a nós começaram a apitar desenfreadas, os nossos batimentos estavam conjuntos, mas antes que pudéssemos libertar a energia que se formou no nosso corpo, o doutor injetou-nos um tranquilizante. Ainda tentei lutar contra o sono, mas não consegui e adormeci logo a seguir.

Eu sinto a minha cabeça a ficar normal, sinto novamente os lençóis fofos e o cheiro a desinfetante, mas algo estava diferente.

Um cheiro a queimado e cheiro metálico invadiram as minhas narinas e um pequeno ressonar fazia-se ouvir.

Quando abri os olhos vi que já era de noite e no quarto entrava a luz da lua e percebi imediatamente que não estávamos sozinhos.

O doutor Henriques dormia no chão e, em cima dele estava Maya em posição de ninja.

Eu pisquei os olhos várias vezes para ter a certeza que o que eu via era real e não imaginário.

— Maya? O que se passou? — pergunto eu atónito e com sono.

— Tive que o tranquilizar — diz ela com uma seringa na mão e a apontar com a cabeça para o doutor Henriques. — Tinha de falar com vocês os dois a sós. — continuou ela. — Não sei quanto tempo ele vai demorar a acordar, então... Era melhor despertarem-se de uma vez e começarem a vestir para irmos andando para casa.

Maya atira-nos roupa para cima e eu fico perplexo com a velocidade com que ela pensou em tudo isto.

— Maya à quanto tempo estás a tentar tirar-nos daqui? — pergunto eu e olho para Richard.

Richard estava sentado em silêncio sem olhar para nenhum de nós enquanto se vestia.

— Richard? Estás bem? — pergunto eu preocupado.

— Não consigo acreditar que os pais nos fizeram isto. — responde Richard e olha-me nos olhos.

Eu vejo que Richard está com lágrimas nos olhos e aproximo-me dele para o abraçar.

Os Irmãos De Sangue: Um Encontro InesperadoWhere stories live. Discover now